O último mês do ano traz em seu calendário, além do Natal e da véspera de Ano Novo, uma importante campanha de conscientização, o Dezembro Vermelho. Em Marabá, a programação iniciou no dia 3, sábado, e se estende ao longo do mês. Além disso, dias de ações itinerantes foram estrategicamente planejados, maximizando a conscientização sobre prevenção e aconselhamento.
A campanha instituída em 2017 marca uma grande mobilização nacional na luta contra o vírus HIV (vírus da imunodeficiência), a AIDS (síndrome da imunodeficiência adquirida) e outras IST (infecções sexualmente transmissíveis), chamando a atenção para a prevenção, a assistência e a proteção dos direitos das pessoas infectadas com o HIV.
Em entrevista ao CORREIO, Katiane Chaves de Souza, assistente social e gerente do Serviço de Atendimento Especializado – Centro de Testagem e Aconselhamento (SAE-CTA), deu detalhes sobre o planejamento da campanha.
Leia mais:“No dia 4 tivemos o 3º passeio ciclístico. Com saída da Praça da Prefeitura e chegada na Praça São Félix, na velha Marabá. Realizamos uma programação cultural, coffee break e testagem rápida, para de fato chamar a atenção para a luta e o combate contra a AIDS”, explica.
Este ano, a Nova Marabá terá um foco diferente dos outros núcleos da cidade. A decisão foi motivada com base na avaliação do perfil epidemiológico de 2021. Dados do CTA e da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) detalham que no ano passado, foram registrados 152 novos casos de HIV no município. Desses, 98 são masculinos e 54 femininos, incluindo 12 gestantes.
“A partir do exposto, fica caracterizado o perfil de novos casos registrados no SAE/CTA de Marabá como homens cisgênero, autodeclarados heterossexuais, na faixa etária dos 26 a 35 anos de idade e residentes no município de Marabá”, resume o balanço do ano passado. Os dados de 2022 ainda estão sendo levantados e serão divulgados em breve, explica Katiane ao CORREIO.
O CTA atende outras seis cidades que integram a 11ª Regional de Saúde da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa).
DIAGNÓSTICO
Ao ser diagnosticada com HIV, a pessoa portadora do vírus se torna prioridade para iniciar o tratamento, uma maneira de evitar a evolução para a AIDS. “Uma vez que eu sou diagnosticado com HIV, dou início ao tratamento. Nós temos hoje, no Brasil, em Marabá e no estado do Pará, esquemas de retrovirais, que suprimem essa carga viral ao nível de deixar indetectável essa pessoa. Ao se tornar indetectável, o portador do HIV não transmite o vírus para outras pessoas”, revela.
A medicação age no combate ao vírus, evitando que a AIDS se desenvolva. Em Marabá, o CTA atua como Unidade Dispensadora de Medicamentos (UDM) e realiza a distribuição de antirretrovirais para as pessoas que vivem com HIV, possibilitando o controle do vírus.
PREVENÇÃO
“A gente só consegue prevenir com base em informação. Então, busque informação nas unidades básicas de saúde de Marabá para saber dos procedimentos que a gente realiza”, aconselha. Para ela, é o conhecimento que dá à população o suporte para que se entenda a necessidade de realizar a prevenção. Como os testes rápidos, por exemplo, de HIV e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis, que auxiliam na detecção de patologias silenciosas.
Tanto os testes rápidos, quanto os meios de prevenção, diagnóstico, informação e aconselhamento, são oferecidos gratuitamente pelo SAE-CTA. Os preservativos masculinos e femininos são distribuídos gratuitamente pelo Centro de Testagem, de segunda a sexta-feira, de 7h às 17h. Não é preciso fazer cadastro, basta informar que precisa do insumo e ele será entregue.
ACONSELHAMENTO
O CTA de Marabá possui estrutura e equipe profissional que proporciona àqueles que a ele recorrerem, atendimento especializado e aconselhamento. “Nós realizamos o aconselhamento através do profissional de nível superior; temos aqui enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais que desenvolvem esse trabalho de aconselhamento tanto pré teste, quanto pós teste”, assevera.
Para aqueles que recebem diagnóstico positivo do vírus HIV, ser inserido em uma rede de apoio, aconselhamento e acolhimento faz toda a diferença.
“Todas as pessoas em situação de diagnóstico, sendo negativo ou positivo, vão passar pelo mesmo procedimento. Esses profissionais são capacitados, são referência no município no sentido de aconselhamento – até porque como nós somos centro de testagem e SAE, também realizamos o tratamento das ISTs, inclusive do HIV”, completa.
(Luciana Araújo)