Glenda Sousa Nunes e Anna Terra Valadares Cunha sentarão no banco dos réus no dia 27 deste mês, no Tribunal do Júri da Comarca de Parauapebas, onde serão julgadas pela morte de Arthur Gabriel Sousa Nunes, com menos de um mês, registrada em junho do ano passado. A criança era filha biológica de Glenda, que mantinha relacionamento amoroso com Anna.
De acordo com a denúncia do Ministério Público do Estado do Pará, oferecida em 27 de julho de 2020, as duas teriam ingerido bebida alcoólica durante todo o dia, continuando madrugada adentro, na companhia de um grupo de amigos que teria ido embora da casa delas, no Residencial Alto Bonito, por volta das 5 horas.
Consta, ainda, que vizinhos informaram terem ouvido, por volta das 4 horas, uma discussão entre duas mulheres, além de choro de bebê, que teria cessado por volta de 4h30. Às 7 horas, aponta a denúncia, ambas teriam saído do apartamento gritando por socorro e alegando que o bebê estaria morto.
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Testemunhas ouvidas pelo Ministério Público também afirmaram que, após algum tempo aguardando o socorro que as denunciadas teriam dito que foi acionado, elas passaram a vestir o bebê e dizer que haveria um motorista por aplicativo aguardando para levá-las ao hospital. Os vizinhos, contudo, perceberam que não havia carro do lado de fora e concluíram que as duas estariam tentando fugir, não permitindo que saíssem.
A Polícia Civil chegou ao local e, conforme a promotoria, constatou que o apartamento havia sido lavado, estando com poças d’água pelo ambiente, além de haver utensílios domésticos quebrados.
As denunciadas negam a autoria do crime e apresentam versões consideradas subjetivas pela promotoria. No dia da morte, 29 de junho de 2020, ambas foram autuadas em flagrante e estão presas desde então, atualmente recolhidas no Centro de Recuperação Feminino de Marabá.
O laudo cadavérico do bebê indicou lesões, hematomas e traumatismos no corpo dele. Foi identificada, por exemplo, uma lesão no punho esquerdo causada por pressão com unhas, hematomas na região da virilha e glúteos, na coxa direita, na região dorsal e na região do tornozelo e pé direito, sugestivo de apreensão com os dedos da mão.
A causa da morte foi identificada como hemorragia intracraniana decorrente de traumatismo craniano mediante ação contundente provocada por terceiros, tendo sido indicado o horário da morte entre 4 e 8 horas daquela manhã.
Durante a instrução do processo foram ouvidas 14 testemunhas e, em seguida, o casal foi pronunciado pela juíza Adriana Karla Diniz Gomes da Costa, titular da 1ª Vara Criminal de Parauapebas, que também agendou o Tribunal do Júri para 8 horas do dia 27 de outubro. (Luciana Marschall)