Correio de Carajás

Carteiras de Identificação do TEA são entregues em Marabá

Usina da Paz terá, integrada à Policlínica, um Núcleo de Atenção ao Transtorno do Espectro Autista (NATEA)

A criação de novas políticas públicas em prol das pessoas com TEA foi amplamente discutida/ Fotos: Evangelista Rocha

Em alusão ao mês de conscientização do autismo, uma ação itinerante da Coordenação Estadual de Políticas Públicas para o Autismo em Marabá, aconteceu na manhã desta quinta-feira (20), na Câmara Municipal. O evento ofereceu capacitação para equipe técnica multiprofissional e familiares de pessoas com o transtorno, entrega de Carteiras de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (Cipitea) no município e uma feira empreendedora inclusiva.

AVANÇO

O momento contou com palestra da ativista pela inclusão, Nayara Barbalho, que anunciou a boa nova ao município: “Para cada Policlínica, será inaugurado em anexo um Núcleo de Atenção ao Transtorno do Espectro Autista (NATEA)”. Segundo ela, Marabá é um município com muita demanda e, por isso, foi escolhido para comportar a ala e, consequentemente, o evento.

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CONSCIENTIZAÇÃO E CAPACITAÇÃO

Para capacitar os presentes, a ação convidou a neuropsicopedagoga Thamyris Mendes. Ela explica que o passo mais importante é a conscientização, para que as pessoas entendam o que é o TEA e, dessa forma, evitar a desinformação e o capacitismo. Outro ponto levantado pela profissional é a importância de as pessoas aprenderem a reconhecer, lidar e ajudar em casos de crises.

“Os dados de pessoas autistas no Pará ainda estão em construção com a ajuda da Cipitea, pois quanto mais são feitas, mais exata é a informação da quantidade de pessoas autistas”, diz, acrescentando que o que se sabe até o momento é que, para cada 36 pessoas, uma possui o transtorno.

Diante disso, é possível dizer que é preciso evoluir bastante nas políticas públicas voltadas para as pessoas com TEA. Thamyris afirma que é uma demanda muito reprimida e esquecida e, somente a partir da criação da coordenação de autismo foi que ganhou força no estado e hoje é referência nacional no tratamento e atendimento ao TEA, através da Nayara Barbalho: “Estamos trabalhando arduamente para mudar essa realidade”.

Thamyris foi a profissional responsável pela capacitação dos presentes

Representando o secretário João Chamon Neto, a coordenadora da área de saúde da Secretaria Regional de Governo do Sul e Sudeste do Pará, Minea Furtado, discursou no evento e destacou o trabalho diferenciado, exercido pelo governo do estado quanto à causa autista: “Muitas coisas já foram conquistadas, mas faltam muitas outras, ainda. Através da Lei Mion, nós tivemos a chance de fazer um trabalho de políticas públicas voltadas às pessoas com TEA”, disse.

Ela aproveitou para falar da dificuldade generalizada em fechar laudos do transtorno, a alta discriminação e o acesso ao tratamento. Minea pontuou que é necessário que as esferas pública e privada se unam, visando o bem-estar e garantido os direitos dessas pessoas.

REDE DE APOIO

Muitas famílias de pessoas autistas estiveram presentes na ação. A marabaense Kátia Cristina participou do momento com seu filho Eduardo Joaquim, de três anos. Ela conta que sua jornada começou há cinco meses, quando percebeu uma dificuldade pertinente na fala e isso fez com que ele, posteriormente, fosse diagnosticado com o transtorno.

Kátia faz questão de comparecer aos eventos que prestigiam o público autista

Eduardo carrega no pescoço o crachá de identificação do transtorno. O documento possui seu nome, sobrenome, foto, nome da mãe e contato. Kátia explica que é importante em eventos grandes, caso ele se perca. Ela, que possuía um conhecimento muito superficial do TEA, se aprofundou depois do diagnóstico do filho: “Foi através do Eduardo que eu descobri esse mundo particular e incrível”. (Thays Araujo)