O ex-presidente da Nissan, o brasileiro Carlos Ghosn, saiu pela primeira vez da cadeia após ser preso por suposta má conduta financeira, em novembro. Ele foi ouvido pela Justiça japonesa nesta terça-feira (8) e alegou inocência. Após a audiência, foi levado de volta à prisão.
“Fui injustamente acusado e injustamente detido com base em alegações sem mérito e sem fundamento”, afirmou o executivo, segundo o “Wall Street Journal”.
De acordo com a agência France Presse, Ghosn também afirmou que agiu com “a aprovação dos diretores da Nissan”.
Leia mais:Ele foi levado para uma audiência no Tribunal Distrital de Tóquio em ônibus de vidros escuros. Ghosn teve dez minutos para falar ao juiz e os advogados pediram o relaxamento imediato da prisão.
O juiz japonês Yuichi Tada negou o pedido, alegando que o executivo poderia adulterar evidências ou fugir do país.
Ghosn é acusado esconder metade de sua renda ao fisco japonês, entre os anos de 2010 e 2015 e de adulterar documentos da Nissan para parecer que seus vencimentos eram bem inferiores ao que de fato ganhava.
Ele também é acusado de ter feito a Nissan acobertar “perdas em investimentos pessoais” durante a crise financeira de outubro de 2008, o que ele nega, segundo seus advogados citados pela imprensa japonesa. A quantia em jogo chega a 1,85 bilhão de ienes (em torno de 16,6 milhões de dólares).
Para resolver este problema financeiro, teria conseguido que um amigo da Arábia Saudita o avalizasse e teria feito transferências por uma quantia equivalente na conta deste último, partindo de uma conta de uma filial da Nissan.
Esse tipo de delito normalmente prescreve ao fim de 7 anos, mas a lei permite suspender o correr do relógio durante as estadas no exterior – várias no caso de Ghosn, que passava apenas um terço do tempo no Japão.
Segundo a imprensa japonesa informou na sexta-feira (4), a Procuradoria também suspeita de que Ghosn tenha movimentado cerca de 45 milhões de dólares da Nissan para seus “contatos” no Líbano e em outros países.
Ghosn também está detido por uma primeira acusação de suspeita de sonegação de renda nos relatórios anuais da Nissan entregues às autoridades financeiras.
Sua mão direita, o executivo americano Greg Kelly, administrador da Nissan, detido em 19 de novembro no Japão junto com Ghosn, foi solto no dia de Natal.
Em paralelo, a administração da aliança Renault-Nissan se encontra em dificuldades.
Nissan e Mitsubishi Motors tiraram Ghosn da presidência do conselho de administração, mas o grupo francês Renault o mantém no cargo até agora e entregou a diretoria-executiva, a título interino, a seu número dois, Thierry Bolloré.
(Fonte:G1)