Correio de Carajás

Carlos Ghosn é denunciado por mais duas acusações

O executivo brasileiro Carlos Ghosn, de 64 anos, foi novamente denunciado nesta sexta-feira por duas acusações:  abuso de confiança por temporariamente ter transferido perdas de investimento pessoal para a Nissan em 2008 e por sonegar informações sobre sua renda real por três anos, de 2015 até março de 2018. Em 10 de dezembro ele já havia sido denunciado por não ter declarado parte das receitas entre 2010 e 2015.

A denúncia contra Ghosn ocorre um dia depois de a Renault ter informado que uma investigação interna sobre a remuneração de seu presidente executivo Carlos Ghosn ter concluído que não houve fraude em seus pagamentos nos anos de 2017 e 2018. Ghosn está  preso em Tóquio desde o dia 19 de novembro. 

As acusações contra o executivo eram esperadas após a prisão de Ghosn ter sido prolongada por essas mesmas alegações no mês passado. Sob a lei japonesa, os suspeitos podem ser mantidos por 23 dias antes de serem formalmente acusados. Seu atual período de detenção estava marcado para terminar nesta sexta-feira.

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O advogado de Ghosn, Motonari Otsuru, disse que sua equipe voltaria a apresentar um pedido de libertação sob fiança, para que o executivo aguardasse seus julgamento fora da prisão. Mesmo que a fiança seja concedida, Ghosn provavelmente não será libertado até terça-feira, já que segunda-feira é comemorado um feriado nacional, e todos os bancos estarão fechados durante o longo fim de semana.

Em uma audiência realizada na terça-feira, Ghosn negou as acusações, afirmando que eram “infundadas” e que foi acusado injustamente . Seus advogados, em uma opinião submetida à corte, argumentaram que as ações de Ghosn, incluindo o uso da posição financeira da Nissan como garantia para garantir swaps cambiais, foram realizadas com a aprovação da diretoria e dos diretores da Nissan.

Na quinta-feira, segundo o advogado Motonari Otsuru,  o executivo apresentou febre  na prisão, o que levou à interrupção de um interrogatório. Segundo Otsuru, um médico prestou atendimento a Ghosn, de 64 anos, que estaria “cansado da longa detenção e dos interrogatórios”. O empresário brasileiro se encontra trancado em uma pequena cela desde a sua prisão, em 19 de novembro passado. Segundo o advogado brasileiro, a família está muito preocupada com as más condições da detenção.

— Ninguém consegue ter acesso a ele. Até ao embaixador francês [Ghosn tem cidadania brasileira, francesa e libanesa] foi negado contato — diz Castro Neves. — Decidimos pedir ajuda ao governo brasileiro para garantir minimante a proteção dos direitos humanos de Ghosn. É uma solicitação legítima.

A esposa de Ghosn, Carole, divulgou uma declaração sobre sua longa detenção na quinta-feira, pedindo às autoridades japonesas mais informações sobre a saúde de seu marido depois que ele apresentou febre, dizendo que ela estava preocupada com sua recuperação.

Também na quinta-feira, as diretorias da Nissan e da francesa Renault, que detém 43,4% da montadora japonesa, se reuniram para discutirem qual o status das investigações sobre Ghosn, com a Nissan mais tarde dizendo, em um comunicado, que continua comprometida com a aliança entre as duas fabricantes de veículos. 

Na quarta-feira,  Ghosn perdeu um recurso contra sua prisão em curso , diminuindo as perspectivas de uma libertação antecipada sob fiança.

(Fonte:O Globo)