Estudantes de diferentes períodos do curso de Agronomia do Campus 3 da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa) realizaram mais uma etapa do projeto de extensão Carajás Agroflorestal, com ensinamentos sobre manejo e produção de hortaliças no assentamento Pimenteira, na região da Vila Ponta de Pedras, em São João do Araguaia. A atividade, realizada no domingo (29), reuniu 20 dos 22 alunos envolvidos na ação e agricultores de diferentes assentamentos da região.
O curso, realizado das 8h às 16h, integra uma proposta de formação prática e humanizada, aliando o conhecimento científico aprendido em sala de aula à vivência no campo e à troca de saberes com produtores da reforma agrária, como destacou o professor responsável pelo projeto, Diego Rodrigues. “É a universidade dialogando com outros setores da sociedade”, diz.

A formação contou com a atuação protagonista dos alunos, que conduzem o trabalho de forma direta, com supervisão dos professores. Segundo Diego, eles planejam, executam e avaliam cada etapa junto aos docentes e aos próprios agricultores. “A ação promove uma troca. O projeto visa atender às demandas dos agricultores e promover essa troca mútua”, explica.
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A proposta é que cada curso atenda diretamente às demandas apontadas pelos produtores, identificadas em reuniões e diagnósticos realizados desde abril.
Além do assentamento Pimenteira, participam do projeto agricultores dos assentamentos Primeiro de Março, Castanhal Araras, Vila Ponta de Pedras, 21 de Abril, Primavera e Primeiro de Julho. Ao todo, cerca de 30 agricultores são atendidos pela iniciativa.
DESEJO DA COMUNIDADE
Antes do curso de hortaliças, o grupo já havia realizado um trabalho voltado para sistemas de irrigação, no qual 11 agricultores foram atendidos e instruídos pelos estudantes por meio da assistência técnica. A proposta surgiu a partir da própria comunidade. “Os agricultores vieram e pediram para a universidade promover cursos. Um estudante com contato com o grupo nos procurou e pensamos que era o momento de estruturar o projeto com os alunos como protagonistas”, relata o professor.
Diego também destaca que a ação busca suprir uma lacuna deixada pela ausência de políticas públicas robustas de extensão rural na região.
Nos próximos meses, novas formações serão realizadas, com temas como fruticultura, agroflorestas e produção de leite. Segundo Diego, os estudantes também aplicam questionários socioeconômicos e agrários que vão subsidiar a construção de projetos de desenvolvimento personalizados para cada agricultor. “É uma nova fase que começa a partir de agora”, completa.

Além do professor Diego, a ação conta com a participação dos docentes Regina, Fábio Reis e José Anchieta. A equipe também pretende realizar intercâmbios com agricultores de outras regiões, como os assentados de Rondon, que têm experiências consolidadas com sistemas agroflorestais.
À beira de completar 25 anos de existência, o curso de Agronomia da Unifesspa reforça, com o projeto Carajás Agroflorestal, sua proposta de formar profissionais comprometidos com o desenvolvimento local e regional. “Os estudantes estudam a teoria e têm a possibilidade de dialogar com os agricultores. Isso promove o protagonismo, a emancipação do agricultor e uma formação socialmente referenciada. A universidade precisa estar centrada na realidade”, conclui Diego.
Para ele, o diálogo com a realidade pode promover a formação e a referência social desses alunos, contribuindo para uma formação humanizada e para a construção de profissionais comprometidos com a sociedade.
(Milla Andrade)