Correio de Carajás

Cão na arena, bois sem emoção e atrasos irritantes: o que rolou até agora no 34º Festejo Junino

Depois de quatro noites do 34º Festejo Junino promovido pela Prefeitura de Marabá, na arena montada na Orla do Rio Tocantins, no Bairro Santa Rosa, é hora de pararmos para uma avaliação externa, com os pontos positivos e negativos.

Primeiro, é bom que se diga que estamos avaliando a maior festa popular de Marabá, com grande engajamento de quem está na cidade, mas também de quem mora em outras partes do País e até do mundo, que acompanham as apresentações dos 19 grupos juninos por meio das redes sociais da Prefeitura Municipal: Facebook, Instagram Youtube e Twitter.

A avaliação foi feita por um grupo de jornalistas que participaram das primeiras apresentações, alguns com experiência de mais de 15 anos cobrindo o evento junino. E o primeiro item a ser avaliado é a pontualidade para iniciar a festa. Nunca começou no horário marcado, de 20 horas. Há, pelo menos, uma hora de atraso e o intervalo entre a apresentação de um grupo e outro é longo demais, empurrando a programação para a madrugada. Esse fator tem afugentado muita gente que gostaria de acompanhar a festa. É o caso da jornalista Ana Cristina Lacerda, que contou aos organizadores da Liga Cultural que não assiste ao evento porque ele “vara” a madrugada, o que a deixaria muito cansada para trabalhar no dia seguinte.

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Por falar em cansaço, os portadores de necessidades especiais que usam a elogiável estrutura preparada para eles, também reclamam da demora para o início das apresentações e da longa espera entre um grupo e outro. “Trouxe minha mãe para assistir duas noites, mas a gente só vê uma quadrilha ou duas e já vai embora, porque já passa de 22h30”, critica.

Pelas redes sociais, não faltam queixas sobre esse e outros assuntos. Monitorando os comentários no Facebook, encontramos muitos elogios à transmissão, à performance das melhores quadrilhas, mas também há queixas (muitas queixas!).

Mesmo quem está deitado na cama, na madrugada, acompanhando as apresentações pelas redes sociais, reclama das cerca de cinco horas de apresentação. “Deveriam aplicar algum tipo de punição para a quadrilha ou boi que se atrasar. Eles ficariam mais espertos. A mesma coisa com esse intervalo ridículo entre um e outro”, disse Anete Guimarães, via Face.

“BOI QUE NÃO ACABA NUNCA”

Os quatro bois-bumbás que se apresentam na arena também não escapam das reclamações do público. Diferentemente das quadrilhas, que se reinventaram nos últimos anos, com ares de modernidade, tanto na temática quanto na indumentária, os bois pararam no tempo. Os 30 minutos que têm para apresentação na arena parecem uma eternidade para muitas pessoas que assistem.

E, mais uma vez, os comentários negativos vêm de quem acompanha a apresentação deles na arena e também pelas redes sociais.

Boi-bumbá – Os bois têm mais que o dobro de componentes de uma quadrilha, mas precisam se reinventar para agradar o público

A Reportagem consultou algumas pessoas que têm longa experiência em festejo junino e todas elas foram unânimes em dizer que os coordenadores de bois-bumbás precisam adotar, com urgência, a fórmula das quadrilhas, que se reinventaram a partir do momento em que agregaram no grupo coreógrafos para melhorar a performance e estilistas para dar um tapa no visual dos participantes das quadrilhas.

Além disso, dizem, as canções precisam se modernizar e serem trabalhadas por profissionais e cantadas com mais entonação e de forma que envolvam o público presente. “As letras poderiam aparecer nos telões. Enfim, tudo precisa ser reformulado”, disse o coordenador de uma das quadrilhas mais vitoriosas de Marabá e que pediu reserva de seu nome para evitar melindres.

Na noite de ontem (na verdade, madrugada), um cão descendente do filme 101 Dalmatas conseguiu driblar a segurança e foi uma das “atrações” durante a apresentação de pelo menos duas quadrilhas, entre elas a

“Gigantes do Norte”, que foi a última a se apresentar nesta terça-feira. Em verdade, ele chegou a atrapalhar alguns membros da junina, que estavam temerosos de serem atacados.

Também é preciso melhorar a iluminação, que se concentra próximo ao palco. Quem dança no fundo, praticamente não é visto pelos jurados e nem por parte dos internautas que acompanham as transmissões via redes sociais.

PONTOS POSITIVOS

É hora de reconhecer alguns pontos positivos do Festejo Junino, apesar de a equipe da Secretaria de Cultura ser reduzida. Não foi registrado, até agora, nenhum ato de violência, embora a arena tenha ficado lotada no início de cada noite. O público deste evento geralmente se comporta muito bem e a presença da Guarda Municipal e outros órgãos de segurança contribui para isso.

A Praça de Alimentação ganha nota 10. A grande diversidade de barracas, comidas típicas, opções de diversão para crianças e até música ao vivo para quem está naquele espaço só cresce a cada ano.

A transmissão do evento, este ano, alcançou mais redes sociais, além do Facebook – única plataforma que realizava este serviço em 2018. Aliás, a transmissão agora é feita todas as noites, o que não ocorria antes.

Por fim, é bom jogar um pouco de confete nas quadrilhas, que se esforçam para fazer o melhor antes e durante as apresentações.

 Explode Coração fechou a noite de segunda-feira com apresentação em tom de despedida da arena

Hoje, quarta-feira, 26, a arena junina abre as cortinas para a quarta eliminatória, com apresentação das quadrilhas mirins Gigantes do Norte e Balão de Chita; da Coração de Estudante (Grupo B); e Moleca Sem Vergonha, Splendor Junino, Amor Perfeito e Sereia da Noite, todas do Grupo A.

Amanhã, quinta-feira, pela manhã, serão anunciados os grupos juninos que estarão nas finais, que começam na quinta mesmo e seguem até sábado. (Ulisses Pompeu)