Correio de Carajás

Cantor Alcyr Guimarães é acusado de homicídio qualificado contra sua ex-companheira

Um possível crime de feminicídio oculto em uma história contada inicialmente como morte natural. Como personagens, Alcyr Guimarães, um reconhecido cantor e compositor paraense, e sua ex-companheira, a médica Ciane de OlIveira Mackert. Um inquérito da Polícia Civil do Pará concluiu a investigação com a acusação ao cantor de homicídio qualificado, pela morte ocorrida em 28 de março de 2015, que na ocasião como causa apontada um infarto associado à diabetes mellitus.

Pela conclusão do inquérito, a causa da morte de Ciane de OlIveira Mackert teria sido envenenamento, dentro de um cenário de abusos e violências. A família de Ciane busca agora que a Justiça esclareça os fatos. Com a conclusão do inquérito o cantor, que há poucos dias estava internado por problemas de saúde, deve passar por audiência em breve.

A desconfiança da família sobre a causa da morte de Ciane começou com o relato de um dos socorristas que a atenderam no dia do suposto infarto. O servidor do Samu atestou que o nível de glicose da mulher era normal, o que contradizia a versão de um quadro de descompensação por diabetes mellitus.

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A Justiça aceitou, então, um pedido de familiares para exumar o corpo de Ciane. Após anos de investigações e troca de delegados responsáveis pelo caso, um laudo realizado pelo Instituto Médico Legal de São Paulo, no início de 2019, foi decisivo para mudar a versão inicial.

Quase quatro anos após a morte de Ciane, foram encontrados em seu estômago resquícios de Meperidina, Sibutramina e Carbofuram, e na bexiga também as substâncias Merepidina e Carbofuram.

A Merepidina é uma droga altamente perigosa, mas o que definiu o caso para a polícia foi a presença de Carbofuram, que não é um remédio, mas uma substância altamente tóxica proibida no Brasil, usada para matar pragas.

O inquérito é taxativo ao apontar que o “Carbofuram não é de uso médico e tampouco de fácil acesso, razão pela qual não poderia estar presente no corpo da vítima, senão com intuito letal”, diz o documento.

O laudo do corpo concluiu, ainda, que a quantidade das substâncias deveria ser muito alta para, após quatro anos do óbito, terem sido detectadas pela exumação. (RomaNews)