O concurso público da Polícia Militar do Estado do Pará deu dor de cabeça para muitos candidatos, principalmente para os que vieram de diversas cidades do País. O repórter “Paparazzo” (Josseli Carvalho) encontrou com alguns candidatos pela cidade no último domingo, 14, que chegaram de outros estados para participar e se sentiram lesados pela suspensão do certame.
Lucas Marinho veio de Brasília-DF para realizar a prova e diz que “a cabeça foi a mil” quando soube da suspensão. O estudante estima que teve um prejuízo de R$ 1.000,00 pela viagem perdida. “Não consegui encontrar vagas em voos para retornar na segunda-feira, todos estavam lotados. Voltarei só na terça”, conta, indignado.
Além da despesa com a remarcação da passagem, ele também precisou desembolsar mais com alimentação e mais uma diária no hotel em que se hospedou. “Acho uma sacanagem. Deviam ter cancelado com mais antecedência”, queixa-se Lucas.
Leia mais:Outro candidato que ficou bastante prejudicado foi Jonathan Vieira – também de Brasília – que estimou seus prejuízos em quase R$ 1.800,00 devido a remarcação da passagem.
No entanto, ele teve a sorte de conseguir vaga em um voo desta segunda-feira à tarde. O candidato está em Marabá desde a sexta-feira (12).
Jonathan trabalha como motorista e precisou fazer horas extras para conseguir uma folga para vir a Marabá participar do certame. “É desanimador. Todos queremos melhorar de vida, sendo aprovado em um cargo público. Para mim seria um sonho conquistar essa vaga. Mas, desse jeito é complicado”, desabafou.
E o candidato lesado garante que correrá atrás do prejuízo, pretendendo entrar com um recurso na Defensoria Pública do Estado, para tentar uma possível indenização para ajudar nas despesas e conseguir retornar para fazer a prova, quando for remarcada.
Já para Lucas, talvez não exista essa possibilidade de retornar. “Acho difícil. O prejuízo foi grande. Sei que muitos não devem voltar para fazer a prova”, comentou.
E Lucas está certo. Entre os candidatos de Brasília, está o militar do Exército Brasileiro, Jhonatan da Silva, que veio com mais oito colegas para se submeter à prova.
Ele informou ter gastado cerca de R$ 1.200,00 para vir a Marabá, já que a prova foi suspensa. “Deviam ter nos avisado com antecedência, pois economizamos muito para vir. Agora nem sei se conseguirei voltar quando remarcarem. Estou desanimado”, confessou Jhonatan.
Há candidatos que não vieram de tão longe, mas, mesmo assim, se sentiram prejudicados. Diógenes Rodrigues Viana Júnior chegou de Imperatriz-MA no sábado (13), às 14 horas, em um grupo de quatro amigos para participar do certame. “Até a nossa chegada, a prova estava mantida. Por isso viemos. Para não perder”, justificou.
Entretanto, a viagem acabou sendo perdida, para ele e mais de 20 pessoas que Diógenes tem conhecimento de que vieram para fazer a prova. “Eu tenho uma condição financeira que me permitirá retornar, mas sei de alguns amigos que não conseguirão vir”, revelou.
A suspensão da prova foi determinada pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, atendendo ao pedido do Ministério Público do Pará no âmbito da suspensão da Liminar 1.431, que havia sido concedida pelo Tribunal de Justiça do Estado do Pará. O MP pediu a concessão da cautelar diante da fase vermelha, em razão do agravamento da pandemia de covid-19 no estado.
Na avaliação de Fux, a realização de provas representaria “grave risco de lesão à saúde pública”. Para ele, o concurso poderá ser realizado em nova data, quando a situação melhorar. O certame possui mais de 67 mil inscritos. (Zeus Bandeira e Josseli Carvalho)