“O envelhecimento favorece o surgimento do câncer. A doença tem o fator genético e de idade” alerta o oncologista Leandro Almeida Assunção no dia em que se inicia a campanha mundial do Novembro Azul, reforçando a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de próstata.
A doença é o segundo tipo de câncer mais comum entre os homens brasileiros e as maiores vítimas são homens a partir dos 50 anos, além de pessoas com presença da doença em parentes de primeiro grau, como pai, irmão ou filho, as estáticas são da Fundação do Câncer.
Um dos sinais que podem servir de alerta ao homem é a dificuldade na hora de urinar. “Pode travar o canal da urina, o jato fica mais fraco, a pessoa levanta várias vezes para fazer xixi e tem a sensação que não esvaziou a bexiga. Esses sintomas também sugerem infecção urinária no homem”, explica o oncologista.
Leia mais:O médico afirma que é feita a investigação de histórico familiar da doença e se confirmada a indicação é que os exames e os cuidados comecem 10 anos antes do sugerido à população em geral. “Recomenda-se uma triagem oncológica para a identificação, se há alteração da próstata, quanto mais cedo nós identificarmos a chance de cura é maior”.
O câncer de próstata pode ser identificado com a combinação de exames. O PSA, exame de sangue que avalia a quantidade do antígeno prostático específico, e o toque retal, como a glândula fica em frente ao reto, o exame permite ao médico apalpar a próstata e perceber se há nódulos (caroços) ou tecidos endurecidos (possível estágio inicial da doença). O exame é rápido e indolor.
“A partir de 40 anos o homem pode fazer o PSA. Alguns urologistas que criam bons vínculos com o paciente podem sugerir o exame físico, mas o paciente tem que ser favorável ao exame físico. Existe ainda o preconceito do toque. É um exame clínico dentro propedêutica clínica de qualquer médico”, disse o médico.
Outro alerta do profissional é sobre a negligência de muitos homens com a própria saúde. “Uma coisa que acontece muito importante e que ninguém vê é o câncer de testículo, muitos homens não conhecem o próprio corpo, recomenda-se que durante o banho, a higiene da bolsa escrotal, do testículo, do pênis para reconhecimento da sua própria pélvica, facilita e muito o diagnóstico precoce, qualquer alteração e dor já é um sinal de alarme para ser investigado”, diz.
O câncer de testículo pode atingir a criança, o adulto jovem a partir dos 17 e 18 anos, e até por volta dos 25 a 30 anos e o idoso. “Esse público a gente tem que ficar atento, outro detalhe muito interessante tem que ser um profissional habilitado para fazer o exame”, explica Leandro.
O câncer de próstata é muito prevalente no envelhecimento. “Fizeram estudo em pós mortem, pegaram cadáver de pessoas e fizeram biopsias seriadas e identificaram uma alta quantidade de homens acima dos 80 anos com câncer de próstata assintomático. Então, o que sugere que o envelhecimento favorece o surgimento do câncer”, explica o doutor.
O cuidado também deve existir por aquele que faz complementação de testosterona, anabolizantes e outras medicações para melhorar o rendimento na academia. “É muito perigoso porque pode trazer uma serie de tumores, e essa prática está na moda com os jovens”, alerta.
Uma das maneiras de prevenção, de acordo com especialista, é prática da vida saudável. “O álcool já foi comprovado que não traz benefício, a atividade física é fundamental porque vai fazer com que que seja diluída a gordura visceral e a dieta rica em vegetais e alto consumo de líquidos é a minha sugestão”.
O oncologista Leandro explica que assim que o paciente tem a confirmação da doença é necessário procurar um especialista para o tratamento adequado. “Tenho pacientes que já tem 15 anos com câncer de próstata metastática, espalhada pelo corpo e tem uma vida normal. O primeiro passo após constatar o câncer tem que mesurar o tamanho para determinar a estratégia. O paciente pode apresentar dores ósseas, fraturas abruptas”.
Uma das indicações de tratamento é a “retirada da testosterona, onde é feita a castração química, tem o uso de outras drogas via oral e a opção da radioterapia. Cada paciente é individualizado. A castração química interfere diretamente no desempenho sexual”. Mas o doutor alerta “é melhor fazer por um período de tempo e ter a reabilitação e voltar a ter suas atividades sexuais”, afirma.
Ele destaca que os mitos são muito ligados a piadas, à sátira, do que realmente aos fatos. “O que eu aconselho é: o que é mais viável? Nós identificarmos a doença que vai te curar em pouco tempo? Ou você correr risco de nunca mais acompanhar seus filhos e nem conhecer os netos”, finaliza o especialista. (Theíza Cristhine)