O Abril Laranja tem como objetivo a prevenção contra a crueldade animal. Na terça-feira, 26, Vinícius Cardoso, superintendente regional da Polícia Civil no sudeste do Pará, participou juntamente com o mascote local da instituição, o cachorro Malcom Salsicha, de uma coletiva de imprensa para falar sobre o fechamento da campanha.
A campanha acontece ao longo de todo o mês de abril, explicou Vinícius, quando é feito um trabalho de conscientização contra os maus-tratos aos animais. O foco é tanto em animais domésticos, quanto em todas as espécies de bichos.
Sobre a questão dos cães de rua, a ação é feita em duas frentes. “Existe um aparato estatal de abrigo desses cães, que também é feito através iniciativa privada, por meio de Organizações Não Governamentais (ONG)”.
Leia mais:Os bons resultados da ação realizada em 2021 foram precursores da atual. “A última campanha teve um resultado excelente. O número de denúncias aumentou de maneira exponencial, o que animou a repetir em 2022. Sempre pedindo a ajuda da população”.
Os resultados de 2022 foram tão bons quanto os do ano anterior. Com o aumento das denúncias, a polícia teve então a oportunidade de aplicar de maneira mais adequada reprimendas direcionadas aos atos de crueldade. As pessoas abraçaram a causa, avalia o superintendente, e a campanha trouxe compreensão não apenas sobre situações bárbaras que acontecem com os animais, mas sobre outros tipos de ações.
Sede, fome, sujeitar os animais a parasitas, ocorrências de morte ou amputação de membros. São atos que a população entendeu como sendo de crueldade e passou a denunciar. Sobre isso, Vinícius explica a importância de Malcom ao longo do Abril Laranja.
“Como mascote da PC o carisma dele sensibilizou o povo e chamou atenção para a causa. Passaram a denunciar de forma mais frequente e entender, de fato, o que são os maus-tratos aos animais”. O vídeo em que o mascote divulga a campanha somou mais de dois milhões de visualizações nas redes sociais TikTok e Instagram.
Alguns dos animais domésticos que vivem nas ruas foram abandonados por tutores.
É o que explica Deyse Mendes, coordenadora da ONG Patinhas de Rua. “A maioria deles pegam os animais e depois os soltam. É preciso uma lei mais rígida, que possa reprimir o abandono por parte dos tutores”.
A população pode realizar um trabalho colaborativo junto à polícia e prefeitura, pontua Deyse. A queixa pode ser feita de forma anônima, através do disque denúncia. Muitas situações de crueldade contra animais acontecem na zona rural ou no interior das residências. Para Vinicius, nesse cenário, o povo se torna os olhos da polícia.
“A partir do momento que você vê um animal nessa situação, você tem que denunciar imediatamente. Essa denúncia é mantida em sigilo. Pode ligar também para o 190 e a polícia vai lá e coíbe a ação. Nós temos hoje, em Marabá, uma delegacia muito humanizada, que olha para os animais”, Deyse finaliza.
O mascote da PC, Malcom Salsicha, através do tutor Gustavo Ramos — conhecido nas redes sociais como Senhor Ramos — deixou um recado especial para a comunidade: “Atenção tutores e tutoras, diga não aos maus-tratos. Abril Laranja. Qualquer coisa eu mordo a canela de vocês”, ameaça simpaticamente.
ENTENDA A LEI CONTRA CRUELDADE ANIMAL
A lei nº 9.065 de 1998, no artigo 32, diz que quem praticar abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos, nativos ou exóticos, será penalizado com detenção, de três meses a um ano, e multa.
Quando a violência for contra cães e gatos, a pena tem um agravamento. Ela será de dois a cinco anos de reclusão, multa e proibição da guarda. Isso acontece porque esses animais têm uma relação mais próxima e de dependência com o ser humano.
Em caso de morte do animal, a pena aumenta de um sexto a um terço.
As denúncias podem ser feitas no 181 ou no 190. Também no telefone do Linha Verde, (94) 3312-3350. (Luciana Araújo)