Correio de Carajás

Caminhoneiros batem o pé e não aceitam queda no preço do frete imposta pela Buritirama

Dezenas de motoristas de caminhão fecharam desde a última terça-feira (22) a estrada do Rio Preto, próximo à Vila Zé do Ônibus, localizada a 100 km de Marabá. Os caminhoneiros prestam serviço para a empresa Buritirama por meio de uma terceirizada, retirando cargas de manganês até o pátio de Marabá ou diretamente ao porto de Vila do Conde, em Barcarena.

Um dos motoristas enviou para a redação do Portal Correio de Carajás vários vídeos do protesto, nos quais, pelo áudio, é possível ouvir a reclamação referente ao preço do frete. “A gente só quer um frete digno pra poder trabalhar e manter o caminhão. Lá na Buritirama não tem um bebedouro, não há restaurante, não tem um banheiro pro cara tomar um banho depois que carrega o caminhão. Eles não estão nem aí pra gente”, reclama indignado.

Ainda no mesmo vídeo, o caminhoneiro informa que ambulâncias, carros de passeio, veículos com carga viva e caminhões carregados com minério têm a passagem liberada e, que os proprietários dos caminhões que já estão parados, estão apoiando a manifestação. “Estamos aqui na luta porque não há mais condições da gente manter o nosso caminhão desse jeito. Já vários donos de caminhão vão trazer mantimento aqui pra gente fazer a comida, estão apoiando o movimento”.

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O Correio de Carajás apurou que a mineradora baixou o valor do frete de R$ 160,00 para R$ 120,00 por tonelada (da mina até o porto de Vila do Conde), o que deixou os caminhoneiros insatisfeitos. Para fechar o acesso os manifestantes colocaram fogo em pneus e informaram que o protesto não tem prazo para acabar.

NA CÂMARA, MAIS PORRETE NA EMPRESA

Na sessão ordinária desta quarta-feira, 23, vereadores voltaram a alfinetar a postura da Buritirama. O vereador Miguel Gomes Filho, o Miguelito, criticou o grande fluxo dessas carretas na área urbana, que de acordo com ele rodam com a capacidade de carga acima do permitido, deteriorando as estradas e vias de Marabá. Ele ainda advertiu que a empresa Buritirama não deixa nada para Marabá e tem trazido grandes problemas para a região.  “O governador e o prefeito falaram que vão colocar balanças na estrada e reconheceram que com a quantidade de peso com que eles passam não existe estrada que aguente. Vou falar todo dia sobre essa situação. A Buritirama não deixa nada para Marabá”, vociferou.

Miguelito alertou que já existem trechos do asfalto na área urbana que estão muito deteriorados por conta disso.

O vereador Gilson Dias também criticou a situação. Ele afirmou que tanto a Estrada do Rio Preto quanto o perímetro urbano de Marabá, por onde passam os caminhões, sofrem muito desgastes e existem pontos estourados. “A Buritirama não deixa nada em Marabá. Não acredito na conversa mole dos representantes da empresa. A situação do asfalto próximo à Coca-Cola, onde o tráfego de caminhão é grande, está muito ruim”.

Alecio Stringari disse que os recursos do minério produzidos em Marabá devem servir para melhorar a vida dos cidadãos. “O minério é extraído e deve pelo menos se ter recurso para dar o mínimo de dignidade para a população, com melhorias para a população. É preciso deixar algum benefício para o município. Temos o manganês e o Salobo e não sabemos até quando irá durar essa extração”, alertou. (Fabiane Barbosa e Ulisses Pompeu)