Correio de Carajás

Cais do Valongo recebe título de Patrimônio Mundial da Unesco

O Cais do Valongo, maior porto de entrada de negros escravizados na América Latina, recebeu na manhã de hoje (23) o título de Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). O sítio arqueológico fica na zona portuária do Rio de Janeiro e foi descoberto em 2011, durante escavações das obras do Porto Maravilha.

Para a representante da Unesco no Brasil, Marlova Noleto, a entrega do título não se trata de um prêmio, mas de uma forma de reforçar a responsabilidade do Poder Público em preservar a memória e cultura afrobrasileira.

“Relembrar a importância do conhecimento da história para superar a discriminação e desigualdades é fundamental e esse sítio sensível só tem comparação, em paralelo, com o sítio do Holocausto. São eventos da história e da humanidade que a lista do patrimônio mundial da Unesco ajuda a relembrar, e ao relembrar a gente pode dizer ‘nunca mais’. Nunca mais porque a humanidade não pode assistir silenciosa tamanhos atos de violação de direitos humanos, quer seja pela cor da pele ou por crenças religiosas”, declarou.

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As placas simbólicas foram entregues para representantes de instituições federais, estaduais e municipais e para membros da sociedade civil, durante um seminário em homenagem ao Dia da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro.

O objetivo da cerimônia é debater os desafios de gestão e interpretação do Cais do Valongo e fazer uma reflexão sobre a necessidade de se avançar no processo de gestão compartilhada do sítio.

História

Rio de Janeiro - O Cais do Valongo, principal porto de entrada de escravos nas Américas, é reconhecido como Patrimônio da Humanidade pela Unesco (Fernando Frazão/Agência Brasil)
Rio de Janeiro – O Cais do Valongo, principal porto de entrada de escravos nas Américas, é reconhecido como Patrimônio da Humanidade pela Unesco  – Fernando Frazão/Arquivo Agência Brasil
Segundo estimativas, cerca de 1 milhão de negros chegaram ao continente desembarcando no Cais do Valongo, construído em 1811 e aterrado em 1911. Por sua magnitude, o local pode ser considerado o lugar mais importante de memória da diáspora africana fora da África.

O sítio foi inscrito na Lista do Patrimônio Mundial da Unesco em 2017 e recebe hoje o título oficial. Segundo a Unesco, o Cais foi incluído na lista por atender o critério VI do Guia para a Implementação da Convenção do Patrimônio Mundial que diz respeito à ligação do local a acontecimentos e tradições vivas, ideias ou crenças, obras artísticas e literárias de significação universal excepcional.

Para a Unesco, o Cais do Valongo é um sítio arqueológico sensível, porque abriga memórias que remetem a aspectos de dor e sobrevivência na história dos antepassados dos afrodescendentes, que hoje totalizam mais da metade da população brasileira e marcam as sociedades de outros países do continente americano. (Agência Brasil)