Sete grupos culturais entraram na arena do 36º Festejo Junino de Marabá, na noite de domingo, 25, e na madrugada desta segunda-feira, 26. Duas quadrilhas mirins, dois bois-bumbás e três quadrilhas do grupo B marcaram presença na tradicional festa do sudeste paraense. Ao final do terceiro dia de apresentações, pelo menos doze brincantes haviam recebido atendimento de emergência, causados por falta de ar e fadiga.
As responsáveis por abrir a noite foram as juninas Splendor Mirim e Gigantes do Norte Mirim, cada uma no seu tempo. Compostas por pré-adolescentes e crianças, algumas delas muito pequenas, os grupos dançaram por cerca de 20 minutos (apenas dez a menos do que as adultas). Ainda que seja um tempo longo para brincantes tão jovens, a criançada não deixou a peteca cair e deu um show de resistência e simpatia na arena. Entretanto, pelo menos uma delas passou mal e teve de ser socorrida pela equipe de bombeiros civis que estava no local.
O incidente acende um alerta não só para a duração da apresentação dos pequenos quadrilheiros, mas também para os cuidados que são necessários tomar neste momento. Pelo menos outras doze pessoas foram socorridas após suas respectivas apresentações. Cansaço, má alimentação, pouca hidratação e ansiedade foram alguns dos causadores do mal estar entre os quadrilheiros.
Leia mais:“Os principais cuidados que os brincantes devem ter, quando vêm dançar numa arena dessa, ainda mais que é uma disputa, é lembrar de se hidratar e também cuidar da alimentação”, frisa André Lima, bombeiro civil há quatro anos, e desde 2018 leva sua equipe para dar apoio aos grupos juninos, em uma parceria firmada com a Liga Cultural de Marabá.
O profissional destaca que este momento é de grande ansiedade para os competidores que, ao saírem da arena, estão com a saturação baixa. Isso significa que a quantidade de oxigênio na corrente sanguínea está inferior ao que é considerado adequado. “Então, ocorre o desmaio, a fadiga intensa, eles não conseguem respirar direito e aí nós entramos para agir”, explica. Pelo menos quatro casos mais graves foram levados para uma ambulância que estava estacionada próxima ao espaço de entrada e saída de brincantes.
“Nós tivemos o caso de uma criança com ansiedade. Mesmo sendo pequena, já tem essa preocupação da disputa”, pontua o bombeiro civil. O que era para ser um divertimento acaba se tornando uma cobrança pela vitória, fator que impacta no bem estar infantil. “E quando começar o grupo A, o atendimento vai ser maior”, prevê.
A equipe de André é formada por oito bombeiros profissionais, sendo que um deles é técnico em enfermagem e em segurança do trabalho.
Para os brincantes adultos e para os pais das crianças, fica o alerta: hidratação, boa alimentação e controle da ansiedade são cuidados chave para evitar o mal estar.
ATRASOU, DE NOVO E DE NOVO
A programação oficial do 36º Festejo Junino diz que as apresentações na arena iniciam a partir das 19h30. Ainda que a combinação de palavras possa ser usada para justificar os atrasos, ela também passa a mensagem de que as performances podem iniciar neste horário.
Na noite de domingo, a primeira junina entrou na arena por volta de 20h40. Uma hora e dez minutos além do previsto pode parecer pouco, mas somada ao tempo de apresentação de cada grupo (20 minutos para as mirins e 30 para bois e adultas), e também aos períodos de intervalo, culmina na duração de mais de cinco horas de evento a cada dia. A terceira noite de festejo encerrou por volta de 1h50 da madrugada, com arquibancadas vazias e um público trabalhador cansado. (Luciana Araújo)