No passado recente, os bois-bumbás de Marabá já foram criticados por apresentar uma mesmice durante suas performances na arena junina montada no Largo da Santa Rosa. Mas na noite deste sábado, 24, os bois Flor do Campo e Estrela Dalva mostraram evolução e acabaram salvando a longa noite de apresentações mornas das quadrilhas que antecederam e vieram depois deles.
E olha que não era uma noite qualquer. Era noite de São João – 24 de junho – e a festa pedia grandes apresentações. Como tem sido quase protocolar, a programação do evento começou tarde, já às 21 horas. Com isso, quem saiu prejudicado foi o grande público, pois a principal atração da noite, a convidada Rabo de Palha, quadrilha de Parauapebas, entrou na arena 1h25 da madrugada, quando a maior parte da plateia não estava mais ali para prestigiar o espetáculo belíssimo de quadrilha roceira raiz, que já foi campeã nacional em 2019.
A programação era anunciada pela Prefeitura para começar às 19h30, mas foi só pertinho das 21 horas que os idosos ligados à Secretaria de Assistência Social puderam entrar na arena. Esbanjaram simpatia, mas a apresentação não tinha e nunca teve caráter competitivo.
Leia mais:Depois, vieram as juninas mirins Coração da Juventude e Moleca Sem-vergonha, que fizeram apresentações com bastante expressividade, mas sem causar frisson na plateia.
O encantamento da noite foi mesmo dos dois bois-bumbás. O Flor do Campo veio primeiro e surpreendeu quem achava que seriam 30 minutos sem sazón. Desde a entrada da turma da marujada, regida pelo mestre Zé do Boi, com todo o ritual indígena, sinhazinha da Fazenda, Amo do Boi e o Porta Estandarte, tudo foi aparentemente inovador, embora parecesse mais do mesmo. Havia vida na apresentação com um grupo de mais de 90 pessoas pisando o centro da arena junina. A galera, claro, vibrou na plateia, como não se via há muito tempo para um boi.
Passados os trinta minutos da turma do Mestre Zé do Boi, foi a vez do concorrente Estrela Dalva. Havia a mesma temeridade de que o nível de entretenimento não fosse mantido. Mas Mestre Genival tinha alguns coelhos na cartola. Primeiro, colocou o papel de apresentador nas mãos do competente Leverson Oliveira, que interagiu com o público de forma assertiva.
O boi principal, coberto com veludo, dançava no 110 volts, mas teve a companhia de outro, com branco total, que estava ligado no 220. Dançaram juntos, mantiveram o público no clima da festa e o espetáculo terminou um pouquinho antes da meia hora permitida.
Houve alguns elementos melhores que o concorrente, mas também outros que aparentemente não estavam no mesmo nível. Mas a diferença de quem foi melhor fica para os jurados do 36º Festejo Junino, que têm competência para escolher. Mas ambos merecem estar na final, com certeza.
As quadrilhas do Grupo B que vieram depois – Diamante Negro e Coração da Juventude – não causaram o mesmo sentimento na plateia. Não estavam no mesmo nível que os bois. Mas se esforçaram para isso.
A festa é, sim, o maior evento cultural de Marabá. Este ano, evolui em alguns pontos, como iluminação homogênea na arena, mais espaço para a plateia. Mas conseguir começar na hora acerta, agendada pelos próprios organizadores, continua sendo um desafio nunca alcançado.
(Ulisses Pompeu)