Correio de Carajás

Boi de Nike, parto na arena e outras curiosidades do Festejo Junino em Marabá

Boto se apaixona por ribeirinha, tem filho com ela e dessa vez não desaparece (Fotos: Ulisses Pompeu)

A segunda noite dos Festejos Juninos, neste domingo, 23, no Largo da Santa Rosa, na Marabá Pioneira, foi marcada por vários detalhes deliciosos e pitorescos, ou melhor, curiosos e divertidos.

E vamos começar por fora da arena, mais especificamente na Praça de Alimentação, onde há muitas opções de comidas típicas desta época do ano. Eu fui logo de mucunzá, mas só achei com o nome de canjica.

Um dos mais procurados é a Estação Nordestina, logo na entrada da Praça de Alimentação, que oferece aos clientes o curioso prato de Maria Izabel de Bode Seco, buchada de bode, escondidinho de carne seca, além de arroz de capote, com a famosa angolista desfiada.

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Do lado de dentro da arena, os idosos do Cipiar abriram a noite com uma apresentação não tão brilhante como outrora, com menos participantes, mas escreveram mais um ano nos festejos, com palmas da plateia.

E por falar em plateia, ela esteve mais entusiasmada mesmo na apresentação da Quadrilha Junina Coração de Estudante, que veio da Vila Santa Fé em dois ônibus – um para os quadrilheiros e outro para a torcida, que energizou a arquibancada.

Na arena, a marcadora Wanessa Fortaleza comandou os jovens e até mesmo crianças numa sinergia que recebeu de membros da Imprensa nota 10 na noite – maior até mesmo das duas quadrilhas do Grupo A. Claro, a nota do júri técnico há de ser outra.

Romance arrebatador teve direito a cena forte no meio da arena junina de Marabá (Foto: Ulisses Pompeu)

Como único boi-bumbá da noite, o Tribo Diamante Negro veio do Jardim União para estrear na arena da Santa Rosa. E não fez feio. Mesmo com poucos participantes – não chegaram a 50 e não havia a turma da batucada – conseguiu compensar com performance envolvente e intrigante ao mesmo tempo.

A plateia assistiu a um romance entre um boto e uma ribeirinha, com namoro, casamento, coito e nascimento do bebê em menos de dois minutos dentro da arena. O figurino da ribeirinha chamou a atenção pela minissaia e calcinha fio dental, além da performática apresentação do boto.

CROSSOVER NA ARENA

Na verdade, aqui ocorre o chamado “crossover”, que é a colocação de dois ou mais personagens, cenários ou universos de ficção distintos no contexto de uma única história. Assim, depois de seduzir a ribeirinha, o boto deita-se com ela e, antes do fim da noite, ele a abandona. Essa mulher engravida, e seu filho cresce sem pai, uma vez que o boto voltou para suas águas. Essa lenda era muito utilizada na tradição popular para explicar os filhos sem pai.

“A gente trouxe uma nova abordagem e reflexão sobre a lenda do boto. Ele nunca se apaixona, mas ontem isso aconteceu”, sintetiza Markus Sousa, que incorporou o personagem do boto na dramatização da turma do Boi Tribo Diamante Negro.

O tênis Níke do boi bumbá chamou a atenção de quem assistia ao desfile na arena junina (Foto: Ulisses Pompeu)

E por falar nisso, um dos dois miolos do boto (a pessoa que conduz o boneco e fica em seu interior durante a apresentação) usava um tênis da marca Nike da cor vinho, que não ornava com a cor do próprio boto. Mas nada que fosse o fim do mundo.

A ornamentação da arena é, de longe, a mais bonita de todas até agora, mas novamente faltou energia nos postes centrais e demorou para retornar.

Crianças e adultos concentrados para assistir a cada apresentação junina neste domingo (Foto: Ulisses Pompeu)

Mas dentro da arena não faltou energia um só minuto. Praticamente todos os grupos usaram fogos de artifício e mantinham crianças e adultos concentrados nas apresentações. (Ulisses Pompeu)