Correio de Carajás

Blocos de rua encerram folia de Momo em Marabá

Alegria, irreverência e criatividade foram marcas da folia de rua em Marabá em quatro dias de programação de Carnaval. No núcleo Cidade Nova, o bloco “Gaiola das Loucas” agitou, de acordo com estimativa da Polícia Militar, cerca de 30 mil foliões. Do outro lado da cidade, no Km 7, o “Jegue Elétrico” foi o motivo da animação dos brincantes locais. E na Marabá Pioneira, um público na casa das três mil pessoas (segundo os organizadores) acompanhou o “Carro de Mão” pela Orla da cidade, além do recém-fundado “Um Dia de Princesa”, que surgiu há menos de uma década.

O Gaiola das Loucas fechou na cadência do funk, forró e axé a clássica animação pelas ruas da Cidade Nova. Para o presidente do bloco, Raimundo Alves da Costa Neto, o saldo do evento foi positivo. “O que nós esperávamos era que muitos brincantes comparecessem aqui. Isso aconteceu, inclusive, superando as expectativas da organização”, avalia.

Raimundo Neto conta que, a princípio, apenas homens podiam participar da folia, por isso que a tradição do bloco é o homem ir caracterizado de mulher. “A brincadeira começou, há quase quatro décadas, com a participação, exclusiva, do público masculino, que vinha fantasiado de mulher. Essa tradição se mantém, mas com o tempo nós fomos abrindo espaço para as mulheres e hoje todos são convidados a pular no Gaiola das Loucas, sem distinção de etnia, cor ou gênero”, argumenta.

Leia mais:
Vista do palco montado pela prefeitura mostra multidão no Gaiola das Loucas

A Reportagem do CORREIO conversou com o tenente Rodrigues, da Polícia Militar, que informou não ter acontecido nenhuma ocorrência até as 20 horas, quando nossa equipe o entrevistou. Mas momentos depois ocorreu um tiroteio na zona de circuito do bloco, na Avenida Tocantins, e mais tarde alguns homens foram abordados na confluência daquela avenida com os acessos de saída do bairro para a BR-230 (Rodovia Transamazônica).

Conforme o policial, um efetivo de cerca de 80 militares esteve mobilizado durante toda a folia. Questionado sobre o uso de bebidas em recipientes de vidro pelos brincantes, Rodrigues afirmou que as garrafas produzidas com esse material (que é cortante) foram proibidas. No entanto, andando poucos metros dentro do local destinado à festa, pela própria Praça do Novo Horizonte (onde havia crianças brincando), era possível ver dezenas de frascos de vidro levados pelos foliões.

Para o tenente, a medida, adotada em todas as edições e nos mais variados eventos, visa à segurança dos próprios foliões, pois as garrafas de vidro, se quebradas, podem ser utilizadas como arma em uma possível confusão. Já no fim da festa, foram os pneus de alguns carros estacionados por ali que se tornaram vítimas dos cortantes.

A farra começou às 10 horas e seguiu até as 23 horas, uma hora antes do previsto pelos organizadores. O arrastão pelas ruas daquele complexo residencial foi iniciado às 16 horas e voltou à sede da folia, na Tocantins, por volta das 18 horas, quando o som das atrações musicais no palco montado pela prefeitura começou a ser ouvido.

Atrás de Jegue Elétrico, brincantes se despedem do Carnaval

JEGUE ELÉTRICO

O popular “Jegue Elétrico”, que completou seus 19 anos neste Carnaval, tomou as ruas do bairro Km 7, na Nova Marabá. Para manter a tradição, mais de 200 litros do famoso “Mijo do Jegue”, apelido dado a uma bebida feita com cachaça e batida de maracujá, foram oferecidos como cortesia aos foliões.

Em conformidade com Dacivan Antônio Moraes, um dos coordenadores, o bloco surgiu como uma brincadeira de rua, com poucos participantes. “Escolhemos esse nome para ‘tirar onda’ com os blocos da Bahia. Como todo bloco, o Jegue Elétrico começou com pouca gente, mas estimamos que de quatro a cinco mil pessoas participaram desta edição”, afirma.

Um palco foi montado com som e iluminação para apresentações artísticas. A concentração ocorreu a partir das 16 horas, na esquina entre as Ruas O e C, de onde partiu para o giro pelas ruas daquele bairro, retornando no fim da tarde.

Carro de Mão levou diversão e alegria para a Orla

CARRO DE MÃO

Com 33 anos de existência, o bloco “Carro de Mão” continua reunindo um público resumido em cerca de três mil pessoas no domingo de Carnaval. O percurso de sete quilômetros pela Orla de Marabá e por outras ruas do núcleo pioneiro, avalia Hamilton Bezerra Pedrosa, coordenador e um dos fundadores do bloco, foi só elogios. “O trajeto, como sempre, foi marcado pela diversão. Não houve confusão, tudo transcorreu em paz e o melhor, na alegria”, comenta.

Hamilton faz questão de frisar que a principal característica do Carro de Mão é o ambiente familiar e seguro que a organização trabalha para manter. “No nosso bloco, segue todo mundo a pé, não é permitida a participação de pessoas em carros ou motocicletas, nós mesmos tiramos se aparecer alguém assim”, enfatiza o carnavalesco.

A concentração, como nas edições anteriores, aconteceu próximo à Colônia Z-30, local de onde os brincantes desfilaram passando pela Avenida Silvino Santis até o ponto turístico do rio Tocantins, puxados pelo carrinho de mão.

Um Dia de Princesa deu o tom nas ruas do núcleo pioneiro

UM DIA DE PRINCESA

Outro bloco do domingo foi o caçula “Um Dia de Princesa”, um daqueles em que as personagens invertem os papéis. Uma das marcas do grupo, que existe há poucos anos, é chamar a atenção pela irreverência: diferente do primeiro bloco, neste são as mulheres que se vestem com trajes masculinos.

O bloco nasceu há nove anos, a partir da iniciativa de um grupo que decidiu realizar uma caminhada pelas ruas da Velha Marabá depois que o Gaiola das Loucas deixou de sair pelas ruas do bairro, como relata o coordenador da agremiação, Edilson Júnior.

“O bloco Um Dia de Princesa nasceu, eu digo, que é um filhote do Gaiola das Loucas. A turma aqui da Velha, que gostava de sair no Gaiola, ficou órfã depois que o bloco deixou de sair por aqui. Então, em um dia de jogo, domingo de Carnaval no Zinho Oliveira, um dos nossos amigos que tinha um carro de som resolveu ligar o carro e o grupo foi atrás, e quando chegou na rua Barão do Rio Branco se juntou com outro grupo e assim começou o bloco Um Dia de Princesa, foi assim uma coisa bem empolgante”, detalha.

Um trio elétrico puxou o bloco pelas ruas do bairro Francisco Coelho, saindo da rua 27 de março e seguindo pela rua Barão do Rio Branco, em direção à Marechal Deodoro (Orla de Marabá), onde o grupo se juntou aos demais blocos de Carnaval que compõem a Liga Carnavalesca de Marabá. (Vinícius Soares)