Correio de Carajás

Bira Ramos segue preso em regime fechado e pena termina em 2046

Ex-professor de escolinha de futebol teve quatro condenações e só deve ter direito a progressões a partir de 2033

A todo momento surgem boatos na rua, em Marabá, de que Ubiratan Ramos de Carvalho, o Bira Ramos, já estaria em regime semiaberto. O Correio de Carajás foi atrás de informações concretas sobre o atual estágio do cumprimento de pena do ex-professor de escolinhas de futebol, condenado a uma pena total de 32 anos, 9 meses e 9 dias. E a resposta é que ele continua em regime fechado, cumprindo sua pena no complexo prisional aqui da cidade.

Bira foi preso em 2016, e até então era uma figura amplamente conhecida e atuante no mundo desportivo de Marabá, sobretudo pelo seu trabalho como professor de escolinhas de futebol infantis. A sua detenção chocou os marabaense e revelou uma série de crimes graves contra crianças e adolescentes.

Hoje, com 13 anos de pena já cumpridos, a análise de sua situação processual, complementada pelas reportagens da época, oferece um panorama completo de seu passado e do longo futuro que ainda o aguarda na prisão.

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Atualmente, Bira Ramos cumpre sua pena em regime semiaberto, conforme o processo unificado nº 0003463-06.2017.8.14.0028. Contudo, essa classificação não significa uma aproximação da liberdade. A pena é uma soma de quatro condenações, e as duas mais pesadas, por estupro de vulnerável, foram sentenciadas em regime inicial fechado.

São elas que o mantêm encarcerado, sobrepondo-se aos regimes mais brandos das outras penas. Com 19 anos, 3 meses e 29 dias ainda por cumprir, a liberdade é uma realidade distante: a próxima progressão de regime está prevista apenas para março de 2033, e o livramento condicional, para janeiro de 2034. A previsão de término da pena é abril de 2046.

O contexto da prisão

Em setembro de 2016, a notícia da condenação de Bira Ramos a quase 28 anos de reclusão (soma parcial na época) trouxe à tona os detalhes de sua atuação. Preso desde abril daquele ano, ele foi julgado pelo juiz Daniel Gomes Coelho, da Vara Criminal de Marabá. A acusação foi um esforço conjunto das promotorias de Justiça e da polícia, liderada pela delegada Ana Paula Fernandes, da Delegacia Especializada no Atendimento à Criança e ao Adolescente (DEACA).

Bira Ramos não era um desconhecido. Pelo contrário, era uma figura pública em Marabá, responsável por escolinhas de futebol para crianças e adolescentes em várias gerações e tendo revelado muitos talentos do esporte. A prisão, realizada em sua escola no Núcleo Cidade Nova, foi a segunda de sua vida por acusações semelhantes.

Em 2009, ele havia sido preso, mas acabou absolvido. Em 2016, a história foi diferente. Além do mandado de prisão preventiva, ele foi preso em flagrante, pois a polícia encontrou em seu celular vídeos e fotos de pornografia infantil.

Na época, a delegada Ana Paula Fernandes revelou que as denúncias partiram de duas vítimas, uma de 8 e outra de 13 anos. A mais nova, aluna de Bira, afirmou ter sido abusada repetidamente em uma sala na própria escola de futebol. A segunda vítima teria sido aliciada no Residencial Tiradentes e levada para a casa de uma irmã do acusado, onde o estupro ocorreu.

“Sabemos que ele vinha cometendo esse crime há anos e já havia sido absolvido anteriormente, mas agora conseguimos a condenação”, comemorou a delegada na ocasião, em entrevista ao jornal CORREIO.

Quatro processos, uma pena unificada

A sentença final de Bira Ramos consolidou quatro processos distintos, refletindo a gravidade e a reiteração de suas condutas criminosas. As duas condenações por estupro de vulnerável são o alicerce de sua longa pena. A condenação pelo antigo crime de atentado violento ao pudor, referente ao caso de 2009 no qual ele foi inicialmente absolvido, foi posteriormente integrada à sua ficha criminal. Por fim, a posse de material pornográfico, que resultou em sua prisão em flagrante, compõe o quadro de seus crimes. (Da Redação)

Fotos: Evangelista Rocha / Arquivo Correio