Correio de Carajás

Bertin Di Carmelita brilha com sua poesia em festival no Maranhão

Bertin Di Carmelita: “De uns dez anos para cá, comecei a dar valor aos meus rabiscos”/Foto: Luciana Araújo
Por: Luciana Araújo

Morador de Marabá desde 1987, o escritor e compositor Bertin Di Carmelita carrega uma trajetória marcada pela literatura, pela música e pelo olhar sensível ao cotidiano. Natural de Belo Jardim, em Pernambuco, ele construiu na terra de Francisco Coelho uma relação profunda com a cultura local, que atravessa seus livros, poemas e composições.

No dia 18 de dezembro, uma quinta-feira, ele participou do Festival de Poesia da Semana Cultural Samuel Barreto (Samuca), ficando em 2º lugar no concurso literário.

Bertin tem vários livros publicados e diversas participações premiadas em festivais de música e poesia. Desta vez, em Pedreiras, no Maranhão, ele representou Marabá no evento que está em sua 5ª edição e é uma homenagem ao escritor e compositor Samuel Barreto, nome importante da cena cultural maranhense. A cidade também é conhecida por ser terra de João do Vale, referência da música popular brasileira.

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Segundo o poeta, a experiência foi especial por se tratar de um festival presencial, diferente dos concursos tradicionais realizados por inscrição on-line. “Foram mais de 200 poesias inscritas. Dali, escolheram dez finalistas, que foram ao palco para apresentar e defender seus textos. Só chegar entre os dez já é um grande feito”, afirma Bertin.

O poema que levou até a final é intitulado “Por um fio” e seus versos abordam os chamados “anos de chumbo” da ditadura militar, além de fazerem uma reflexão sobre os riscos à democracia.

“É muito gratificante sair de Marabá para mostrar nossa literatura e voltar com um troféu. Marabá se faz presente mais uma vez enquanto arte e cultura”, destaca.

O mesmo poema também foi premiado recentemente em um concurso realizado em Presidente Prudente, em São Paulo, resultado que fortalece o reconhecimento nacional do trabalho do autor. Para Bertin, é um sinal de que a escrita encontrou eco.

“A poesia foi avaliada por várias pessoas, e isso mostra que ela tem valor”, diz.

Embora escreva desde a juventude, Bertin afirma que só passou a valorizar e guardar seus textos a partir de 2015. “Antes eu escrevia, dava para alguém, jogava fora ou guardava em gaveta. De uns dez anos para cá, comecei a dar valor aos meus rabiscos”, relata.

Ele evita se rotular como poeta, prefere se definir como alguém atento ao mundo. “A gente escreve sobre o que o universo entrega naquele momento. Pode ser uma paisagem, uma cena do cotidiano ou uma questão político-social”, diz sorrindo.

Essa sensibilidade também se reflete na diversidade de sua obra. Além da poesia voltada ao público adulto, Bertin tem dois livros infantis publicados, mostrando que sua escrita transita por diferentes temas e públicos.