Correio de Carajás

Beleza que cura: voluntária transforma cicatrizes em arte e esperança

No Outubro Rosa, o Correio de Carajás conta a história da profissional de já atendeu mais de 100 mulheres gratuitamente para a reconstrução das aréolas mamárias

Lidice Marques transforma vidas com a reconstrução de aréolas para mulheres que venceram o câncer de mama/ Imagens: Arquivo Pessoal
Por: Theíza Cristhine

Há mais de 13 anos atuando na área da beleza, Lidice Marques da Silva encontrou na dermopigmentação uma forma de resgatar não somente a autoestima feminina, mas também a confiança de mulheres que venceram o câncer de mama. No Outubro Rosa, mês de alusão à conscientização do câncer de mama, o Correio de Carajás conta a história da profissional de já atendeu mais de 100 mulheres gratuitamente para a reconstrução das aréolas mamárias.

Tudo começou com a paixão pela micropigmentação de sobrancelhas, olhos e lábios. Mas, em 2015, Lidice decidiu ir além, fez um curso específico de dermopigmentação com uma técnica que imita, com realismo, a aparência natural das aréolas mamárias. Foi nesse momento que ela descobriu um propósito maior para o trabalho.

“A partir dali me despertou a vontade de atender mulheres que tiveram câncer de mama, fazendo a reconstrução de forma realista, para devolver a referência que elas perderam”, conta a profissional.

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“Elas passam por um processo tão doloroso, precisam parar a vida, mudar toda a rotina, e eu não acho justo receber algum valor em troca. Então, para mim, é um ato de gratidão pelo conhecimento que tenho e uma forma de devolver algo a elas”, confidencia a profissional.

Desde então, Lidice realiza atendimentos voluntários em Parauapebas, Belém e, em breve, também em Canaã dos Carajás. Embora não saiba ao certo o número de mulheres que já passaram por suas mãos, cita que foram mais de cem mulheres atendidas gratuitamente. “Cada história é única e emocionante”, afirma.

Técnica e acolhimento

A dermopigmentadora explica que a técnica não se restringe apenas a mulheres que tiveram câncer de mama. Ela também é indicada, por exemplo, para pacientes que passaram por cirurgias plásticas e tiveram necrose na região, perdendo parcial ou totalmente o mamilo.

O procedimento é feito, em média, em duas sessões: a primeira para a aplicação da dermopigmentação e a segunda para o retoque. Cada sessão dura de uma a duas horas e utiliza pigmentos específicos de tatuagem, com durabilidade média de cinco anos. O custo de um trabalho como esse chega a R$ 2.500, mas, para as mulheres que enfrentaram o câncer, Lidice faz questão de realizar de forma gratuita, o único requisito é a liberação médica.

Para mulheres que atendem a esses requisitos e desejam realizar o procedimento de graça podem entrar em contato com a profissional por meio do perfil dela no Instagram:   @lidicemarques.

Uma causa que toca o coração

Além da dedicação voluntária, Lidice também carrega uma experiência pessoal com a doença. Ela conta que acompanhou, mesmo à distância, o sofrimento da tia que enfrentou um câncer nos rins.

“Comecei esse trabalho voluntário antes de saber do diagnóstico da minha tia, mas quando ela ficou doente eu entendi ainda mais a importância disso. Mesmo de longe senti o sofrimento dela. É uma doença muito agressiva. Quando acontece na nossa família, a gente sente uma dor misturada com a impotência de não saber como agir”, relata.

Mesmo em meio à doença da tia, Lidice ainda pôde presenteá-la com um gesto simbólico, a reconstrução da sobrancelha que havia caído devido o tratamento, “foi muito emocionante”, recorda.

 



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