O ex-ministro da Secretaria-Geral Gustavo Bebianno afirmou nesta terça-feira (19) em entrevista à rádio Jovem Pan que foi demitido do cargo pelo vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), filho de Jair Bolsonaro. Ele disse ter “amor” e “afeto” pelo presidente e declarou não ter dúvida de que o governo Bolsonaro “será um sucesso”.
Demitido do cargo nesta segunda (18), Bebianno se envolveu em uma crise com Carlos Bolsonaro na semana passada.
O filho do presidente divulgou um áudio em uma rede social para dizer que Bebianno havia mentido ao jornal “O Globo” ao afirmar que havia conversado três vezes com Bolsonaro sobre a crise que atinge o PSL.
Leia mais:Nesta terça, áudios divulgados pelo site da revista “Veja” apontam que no último dia 12, quando ainda estava internado em um hospital em São Paulo, o presidente Jair Bolsonaro trocou pelo menos três mensagens de áudio de WhatsApp com o agora ex-ministro Gustavo Bebianno.
“Fui demitido pelo Carlos Bolsonaro, simples assim. Não era nem para ter assumido, nunca pedi nada ao presidente desde o primeiro dia que comecei a ajudá-lo, não queria nada”, afirmou Bebianno à Jovem Pan.
Segundo Gustavo Bebianno, o filho de Jair Bolsonaro é um “destruidor de reputações” e “coleciona inimigos”.
“A observação que eu faço é que o Carlos tem um nível de agressividade acima do normal. No Rio de Janeiro, ele é conhecido como ‘o destruidor de reputações’. Se você ouvir os próprios membros do PSL no Rio de Janeiro, muitas pessoas foram atacadas de forma muito forte, veemente e sem nenhum motivo, pelo Carlos”, disse.
Na opinião do ex-ministro, o período em que Bolsonaro ficou internado em São Paulo para se recuperar da cirurgia de retirada da bolsa de colostomia foi “muito difícil” e muitas informações chegaram “truncadas ao presidente”.
‘Laranjal’
Bebianno se defendeu da suspeita em relação às possíveis candidaturas de ‘laranjas’ em Pernambuco, na época da campanha eleitoral do ano passado, quando era presidente interino do PSL nacional (entenda o que são candidatos “laranja” e saiba qual a suspeita no caso do PSL).
“Esse problema desse suposto laranjal , que na verdade eu acho que não existe, ele estava localizado lá em Pernambuco, isso era responsabilidade do diretório estadual de Pernambuco e das duas candidatas que foram indicadas por esse diretório. Cada diretório estadual é responsável pela faixa que monta”, disse.
‘Respeito’ e ‘afeto’ por Bolsonaro
Ainda na entrevista à rádio Jovem Pan, Gustavo Bebianno explicou que sempre buscou ter uma boa relação com a imprensa, para que isso pudesse ser convertido em coisas positivas para o presidente. O ex-ministro disse ainda que, embora tenha sido demitido, ainda tem “afeto” e “amor” pelo presidente.
Ao se descrever como um “soldado de primeira hora, leal e fiel” a Bolsonaro, o ex-ministro disse que o presidente ainda tem o “respeito” e o “afeto” dele. “E meu amor, por que não dizer? Mas como ser humano, ele não é perfeito”, acrescentou.
“Jair Bolsonaro continua sendo o meu presidente, tem meu respeito, meu afeto e meu amor, por que não dizer? Mas com ser humano normal ele não é perfeito. As pessoas cometem deslizes aqui, ali”, disse.
Segundo Bebianno, embora tenha deixado o governo, não vai “atacar em nada” Bolsonaro, porque o presidente é um homem “patriota” e diz acreditar que o governo será um sucesso.
“ Esse governo vai dar certo, eu acho que além do ministro Paulo Guedes, que pelas suas qualidades tecnicas acredito piamente que ele vai virar a economia, eu costumo dizer que nós temos assim como de melhor no nosso governo a ala militar. Eu tive a oportunidade de conviver de perto com diversos generais dentro do palacio e fora dele, e são pessoas extremamente preparadas, patriotas, comprometidas com o Brasil e acima de tudo são democratas. Entãoa acho que o presidente está muito bem assessorado, muito bem cercado e não tenho nenhuma dúvida que o governo Jair Bolsonaro será um sucesso.”
Não sair do governo atacando e Itaipu
O entrevistador da Jovem Pan perguntou para Bebianno: “Noticiou-se que sua exoneração sairia na segunda de manhã. Não saiu no DO [Diário Oficial]. Então entrou-se numa negociação. Isso deu impressão de que o governo temia que você caísse atirando como se fala no mundo politico. E foi oferecido um cargo na Binacional de Itaipu e depois foi ventilado pela imprensa uma embaixada em Roma. Como foi essa negociação e qual era o temor do governo?”
Bebianno respondeu: “Na verdade, o seguinte: bastava o presidente ter me procurado e ter dito assim: ‘Bebianno, não dá mais’. Não precisava nem explicar o motivo, eu pegaria meu chapéu e iria embora… eu mesmo pediria exoneração”.
Ele seguiu dizendo que ficou “muito sentido” por ter sido chamado de “mentiroso” e de “vazador”, “depois de tudo que foi feito com todo o amor para que o nosso presidente fosse eleito”. “Eu não vou sair pela porta dos fundos, essa foi a minha frase. Se alguém interpretou isso como algum tipo de ameaça, interpretou mal.”
Bebianno diz que esperou falar com Bolsonaro antes de tomar uma decisão. “Se eu pedir exoneração, o que eu teria feito numa situação normal, se eu pedir exoneração, eu vou estar passando recibo do que eu fui acusado, então eu preferi ficar e olhar nos olhos dele e que ele me dissesse. Nessa negociação, de fato, foi-me oferecida uma diretoria em Itaipu, salário magnifico, R$ 1,1 milhão por ano, fora beneficio e tal, mas eu perderia minha dignidade se eu aceitasse.” (Fonte:G1)