📅 Publicado em 08/08/2025 11h58✏️ Atualizado em 08/08/2025 14h18
De voz suave, olhar atento e ideias afiadas, Bruno Eduardo Corrêa de Souza, conhecido no cenário musical como “Jovem Pou”, é mais do que um cantor: é um contador de histórias emocionais, embaladas por batidas de R&B, rap e trap. Aos 24 anos, o artista marabaense tem construído uma trajetória que une sentimento, estética urbana e raízes amazônicas.
Em visita à Redação do CORREIO para entrevista, ele revelou detalhes de como imergiu na vida musical. “A música sempre foi minha forma mais profunda de expressão”, conta Bruno, enquanto relembra o início de tudo, ainda nos tempos do ensino médio.
Além de atuar como filmmaker e videomaker, ele também compartilha que é estudante de Artes Visuais pela Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa). E a paixão pela música surgiu ainda na adolescência. “Eu fazia poemas desde criança, quando fiquei mais velho comecei a compor músicas. A primeira foi sobre um amor platônico da escola”, revela.
Leia mais:Desde então, a arte virou caminho e, também, salvação. “Foi uma válvula de escape para problemas psicológicos, como depressão e ansiedade. Uma libertação para que eu pudesse usar essas dores de forma criativa e não deixar que elas me consumissem”, sintetiza.

PONTAPÉ INICIAL E AS OPORTUNIDADES
Bruno conta que iniciou suas criações de forma despretensiosa, com voz e violão, ao lado de um amigo. Nessa época, os vídeos eram postados no YouTube. O salto veio em 2021, quando ele firmou uma parceria com o produtor Mário Serrano. Com isso, Jovem Pou lançou a música “Sem Cor”, primeira faixa de estúdio, que ultrapassou 12 mil ouvintes no Spotify. “A partir disso, eu pensei: vou seguir por esse caminho, porque está dando certo”, diz o cantor.
Ele conta que o desempenho abriu caminho para um EP financiado pela Lei Aldir Blanc no mesmo ano, com sete músicas autorais e uma proposta ousada: inserir o R&B e o rap no cenário musical de Marabá. “Aqui, o rap é forte, mas muito ligado ao freestyle e às batalhas de rima. Eu quis trazer algo mais romântico, mais melódico, que ainda era pouco explorado”, explica.
IDENTIDADE E PROPÓSITO
Além da inovação, Bruno Eduardo garante que procura imprimir sua marca pessoal em cada verso. “Acho que sou bom em contar histórias nas músicas. Busco juntar minhas dores e meu lado romântico. E faço isso de forma que não seja monótona. A melodia é sempre marcante”, completa.
Ele ainda revela que suas referências na música são tão ecléticas quanto a própria trajetória. Elas vão do MPB ao rap: Tim Maia, Martinho da Vila, Demônios da Garoa, Racionais e o mais inspirador, Lucas Carlos. “Quando ouvi o Carlos pela primeira vez, gostei da estética musical. Então, procurei fazer algo parecido, mas do meu jeito”.
O jovem ainda revelou o motivo da escolha de seu nome artístico. Segundo ele, Jovem Pou carrega uma memória da escola e um toque de resiliência. “‘Pou’ veio de um apelido que, na escola, era bullying, mas não me incomodava. Todo mundo me conhecia assim, então abracei a ideia e usei isso a meu favor. Juntei com ‘Jovem’, que era tendência entre artistas, e virou ‘Jovem Pou’”, explica, com a certeza de que fez a escolha certa.
RAP MARABAENSE
Recentemente, Bruno Eduardo realizou uma mixtape com nove faixas focadas no rap e trap, em parceria com o artista local Oriac. Segundo ele, as faixas são uma expressividade da estética do rap marabaense. “Algumas pessoas se surpreendem quando sabem disso, mas esse som está aqui e pode ser ouvido”, pontua.
O compositor reflete acerca dos desafios de se consolidar em um cenário que está em construção. Mesmo assim, ele acredita que tem contribuído para mudanças significativas, através das oportunidades que surgem para todos os nichos. “Na nossa região, é bem difícil a cena do rap atingir grandes patamares. Ainda há preconceito e barreiras a serem ultrapassadas por conta disso.”
Mesmo com os obstáculos existentes, ele garante que busca contribuir positivamente para a música marabaense. “Tenho bastante ouvintes fora do estado. São Paulo, por exemplo, é um dos lugares que mais me escutam. O mundo digital vai além disso (preconceito)”, conclui.
Aos 24 anos, e com muitos sonhos pela frente, o jovem busca se consolidar no meio musical e levar o nome da cidade onde nasceu para longe, sendo resistência, arte e história de vida.