Correio de Carajás

Barco-obra de arte aporta em Marabá para visitação

Projetada pelo artista boliviano Freddy Mamani, a embarcação da Bienal tem capacidade para 200 pessoas e foi completamente adaptada para garantir a acessibilidade a todos os públicos/ Fotos: Evangelista Rocha

 

A reportagem do Correio de Carajás visitou, na tarde desta segunda-feira (5), o barco-obra de arte da Bienal das Amazônias Sobre as Águas. O monumento artístico permanecerá atracado na orla da cidade, próximo à Casa Bandeira, até o sábado (10), e a visitação é gratuita. A embarcação é muito mais do que um meio de locomoção sobre as águas: é uma verdadeira joia artística que carrega elementos visuais da rica cultura paraense e amazônica.

O barco está aberto à visitação de segunda-feira (5) a sábado (10), das 10h às 12h (última entrada às 11h30) e das 14h às 19h (última entrada às 18h30), na orla de Marabá. Acompanhe a programação completa no site: www.bienalamazonias.org.br ou no Instagram: @bienalsobreasaguas.

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Alunos do curso de Controle Ambiental, do IFPA, participaram de uma visitação guiada na tarde desta segunda (5)

Em entrevista a este Correio, Carla Bechara, coordenadora do projeto, explica que o carro-chefe é o plano pedagógico, através do “Barco Escola”, no qual professores podem realizar um agendamento para usar o barco como ambiente para desenvolver aulas. Além disso, a atração também oferece visitas mediadas, que duram em torno de 30 minutos — tempo suficiente para que o público aprecie a imersão cultural propiciada pelo projeto.

“O barco, em si, é a obra de arte, por isso não temos uma exposição. Então, nossos arte-educadores contam toda a história dessa construção”, explica Carla. Ou seja, por dentro e por fora, a estrutura da embarcação foi criada para ser a grande obra de arte.

Seja através de desenhos — que são verdadeiras esculturas — de animais amazônicos que cercam o barco, ou pelos andares decorados com cores que remetem a flores, ao céu estrelado e ao brilho da cultura paraense, o projeto carrega, em seus traços e em sua intenção, a força da ancestralidade do povo paraense, permitindo que a memória dessas origens reacenda no imaginário do visitante.

ACESSO À CULTURA

A estudante Bruna Aparecida dos Santos Ferreira, de 16 anos, conversou com a reportagem e, empolgada, declarou que a experiência de visitar o barco é muito gratificante. Ela está no 3º ano do Ensino Médio no Instituto Federal do Pará (IFPA), campus Industrial, e é aluna do curso de Controle Ambiental. Na tarde desta segunda, ela e sua turma realizavam uma visita guiada pelo local.

Bruna ficou encantada com a experiência no barco e com sua beleza artística

“Essa discussão que eles estão propondo é algo totalmente inovador, eu nunca tinha visto e estou amando. O barco em si é a obra de arte, então não tem nenhum quadro ou descrição, mas a gente consegue olhar para ele e remeter à nossa história”, descreve. A análise madura de Bruna é reflexo do sentimento despertado pela visitação. A jovem reflete que, apesar de simples, o projeto é divertido e acessível para todos os públicos.

Questionada sobre o que mais chamou sua atenção, ela nem precisa pensar muito para indicar o segundo andar do barco. O ambiente é todo pintado de azul, com estrelas no teto e redes espalhadas pelo deck.

“Chegamos lá e começamos a contar histórias, todo mundo na rede, sentado no chão, um climazinho frio… aquilo foi maravilhoso, realmente algo muito familiar para mim. Tanto que, nas viagens, a gente vê que o Pará tem uma cultura bastante diversificada e é algo só nosso.” Bruna tem como referência as viagens de barco realizadas nos rios paraenses, onde a tripulação passa dias embarcada e dorme em redes espalhadas pelos diversos andares da embarcação. Um dos trajetos mais famosos é entre Santarém e Belém.

Quem também dividiu seus sentimentos sobre a Bienal das Águas foi Lorena de Carvalho Penalva, professora do IFPA. Com entusiasmo, ela destaca a importância única dessa oportunidade para os alunos e para a comunidade marabaense.

Lorena reflete que visitar o barco é uma experiência que precisa ser aproveitada por todos

“É algo tão raro aqui em Marabá, ter algo da nossa região, da Amazônia, mas que ao mesmo tempo traz coisas de fora. Nossos alunos estão impressionados.” Com essa afirmação, Lorena expõe que a experiência é uma chance de acesso à cultura que muitos em Marabá não teriam de outra forma.

Além da estética e do impacto cultural, Lorena observa que a fusão de elementos da região com influências externas é uma forma de resgatar e reforçar a singularidade da cultura local, algo que ela considera essencial para os jovens que estão vivenciando essa experiência.

AGENDAMENTOS

Dentro do barco ocorrem ações pedagógicas de visita mediada. Os grupos de estudantes de escolas, universidades e ONGs são guiados pela equipe de arte-educação. A pessoa responsável pelo grupo deve pré-agendar no link (https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSdvK2GA90oqgJxT945CYtQDYo70SdRYnV2Gda891a6SYK88Sg/viewform); a equipe responsável irá retornar com a data e horário da visita. O prazo para retorno do pré-agendamento é de 48 horas, portanto, é importante solicitar com antecedência.

Além de obra de arte, o barco é um espaço para ações pedagógicas como o “Projeto Escola Barco”, onde professores podem usar o barco como ambiente para desenvolver aulas. O espaço conta com materiais e estrutura adequados para a realização de aulas e atividades escolares. Todas as disciplinas escolares são bem-vindas. Vale a experiência de imergir em uma obra flutuante ao mesmo tempo em que se mergulha no conteúdo didático. O(a) professor(a) também precisa pré-agendar no link (https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSfO6Amyg0_G3EACOBIAcjhH5GTAnNa0rAg2x7PEduqgeCRRiQ/viewform).

Pintado de azul, com redes e teto estrelado, o segundo andar carrega o aconchego das tradicionais viagens de barco pelos rios paraenses

OFICINAS

As atividades pedagógicas no Ateliê Sobre as Águas começam na quinta-feira (8), com a oficina de colagem “Recortar e colar com as águas”. Na programação, o público será convidado pela equipe de arte-educadores à prática artística, tendo como base suas observações, experiências e sensações no contato com a obra do artista Freddy Mamani. O Ateliê Sobre as Águas também estará aberto na sexta-feira (9), das 16h às 18h.

A oficina “Cozinha Criativa – dos sabores da infância às águas da Amazônia”, com o chef Juan Ben-Hur, vai apresentar a aula “Sabores da Amazônia”, uma celebração dos ingredientes, saberes e histórias que formam a identidade gastronômica da região. A oficina será realizada na cozinha da embarcação, desenhada para receber mestres da culinária local, no próximo sábado (10), às 10h. Para participar, os visitantes devem se inscrever gratuitamente através do link (https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSfTBf2AO2IIs37m_ntnsKT7KUUeEo5y48yjbA61twbu8Cjmbw/viewform).

SAIBA MAIS

Projetada pelo artista boliviano Freddy Mamani, a embarcação da Bienal tem capacidade para 200 pessoas e foi completamente adaptada para garantir a acessibilidade a todos os públicos, com rampas, quartos e banheiros acessíveis. A agenda em Marabá começou com as atividades do Barco Escola, nesta segunda-feira (5). A iniciativa é realizada em parceria com a Secretaria de Educação do município e propõe aos jovens estudantes as experiências de sala de aula a bordo do barco-obra de arte.

(Luciana Araújo)