Os preços dos principais itens da cesta básica estão disparados em todo Brasil, e em Marabá a população sente esse impacto na hora de pagar a conta no caixa da quitanda ou do supermercado. Com isso, sobram memes e reclamações sobre tantas altas, principalmente do arroz, o principal alimento das refeições brasileiras, que chega a custar R$ 26,49 em alguns supermercados da cidade.
O autônomo Josimar Nascimento faz compras mensalmente se revezando com sua esposa e está revoltado com o aumento dos preços de grande parte dos alimentos. “É um absurdo, e cada vez que venho ao mercado o preço muda, fica mais caro. Está complicado, pois o dinheiro que ganhamos paga mal as contas e agora os alimentos estão nesse preço. ‘Tô’ preocupado”, sintetiza.
Claudenilson e sua esposa aproveitaram a manhã de quinta-feira, dia 10 de setembro, para fazer compras, mas já estavam com receio dos preços antes de adentrarem ao mercado.
Leia mais:“Os alimentos estão com preços abusivos, se comparado com dois ou três meses atrás. E o mais revoltante, é que nesse período de pandemia, quando deveriam ter congelado os preços, fizeram foi aumentar. Eu comprava um quilo de leite em pó por R$ 16,00 ou R$ 18,00 e agora com promoção ele está custando entre R$ 22,00 e R$ 23,00”, compara Claudenilson.
O mototaxista Paulo Araújo também estava indo às compras na quinta-feira (10), e diz que embora sua lista seja pequena, é perceptível o aumento dos preços. “Essa variação alta atrapalha nosso orçamento mensal, até porque fazemos todo um planejamento e quando vamos ver tudo está mais caro”, comenta.
Além de conversar com consumidores, o Portal Correio passou por alguns supermercados de Marabá e notou a variação dos preços, com destaque para o arroz. O que muitas famílias têm feito é trocar a marca que consumia antes, por uma similar, de custo mais baixo.
Uma determinada marca de arroz, por exemplo, está custando R$ 26,49, enquanto outra está R$ 17,59, ambas no pacote de 5 quilos. Os preços altos em grandes supermercados são refletidos nos mercadinhos de bairro. Em um deles, localizado no Belo Horizonte, o valor pelo produto em saco de 5 quilos está chegando à R$ 29,00.
O QUE ESTÁ ACONTECENDO?
Para entender o aumento do preço, não só do arroz, mas de todos os alimentos em geral, a Reportagem do Portal Correio conversou com o professor do curso de Ciências Econômicas da Unifesspa (Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará), Dr. Daniel Nogueira, que explicou sobre o assunto, elencando alguns fatores que contribuíram para esse encarecimento, sendo o primeiro deles: a alta do dólar.
“Como o dólar fica muito mais atrativo para quem produz, em geral, os produtores brasileiros vão preferir vender o arroz e outros produtos para outros países. Com isso, os produtos no Brasil acabam ficando mais caros. Além disso, falando do arroz, houve uma quebra da safra, o que contribuiu mais ainda para esse aumento”, justifica Daniel.
Muitos estimavam que a pandemia do novo coronavírus poderia ser um fator importante para esse reajuste incomum, e o professor confirma a teoria em partes. “Percebemos que por conta do isolamento domiciliar, as pessoas passaram a cozinhar mais em casa e, consequentemente, a venda de alimentos, como arroz, acabou aumentando”, esclarece.
Ele acrescenta que um fato se junta ao outro, pois de um lado temos produtores vendendo mais para fora do Brasil, pela alta do dólar; ocorre uma quebra de safra que diminuiu a produção e, logo, a quantidade de produtos nos mercados; e com a quarentena, houve mais pessoas demandando, não só o arroz, mas diversos alimentos”.
O QUE FAZER?
Infelizmente, não há soluções e nem previsões para a queda do preço dos alimentos e as dicas que ficam para o marabaense são básicas e clichês. A primeira elencada pelo professor Daniel é pesquisar o preço dos produtos. “Nem sempre eles se elevam da mesma maneira. Então, se está caro em um determinado local, pode não estar em outro. Além disso, é bom se antenar em promoções ou aplicativos que ofereçam descontos”, sugere.
Outra dica dada por ele pode ser a mais difícil, que é aderir à substituição dos alimentos. “As vezes o arroz não está viável, então, pode ser substituído pelo macarrão, por exemplo, que também é um carboidrato. Há sempre produtos próximos que podemos substituir outros”, finaliza Daniel.
MEMES
Óbvio que as redes sociais não perdoaram o aumento do preço do arroz e outros alimentos, e como o brasileiro sempre ‘tira onda’ de tudo, foi inevitável se deparar com alguns desses memes:
(Zeus Bandeira e Josseli Carvalho)