Existe um órgão no corpo das mulheres que envelhece duas vezes mais rápido do que todos os outros tecidos, causando estragos tanto na fertilidade quanto na saúde a longo prazo.
“Os ovários são muito, muito estranhos em termos do resto do corpo humano. Podemos pensar neles como um modelo acelerado para o envelhecimento humano”, explica Jennifer Garrison, professora assistente do Buck Institute for Research on Aging, da Califórnia, primeira instituição de pesquisa biomédica dedicada exclusivamente à ciência do envelhecimento.
“Quando uma mulher está no final dos 20 ou início dos 30 anos, os seus tecidos estão funcionando com desempenho máximo, mas seus ovários já estão mostrando sinais evidentes de envelhecimento”, disse Garrison no Life Itself, um evento de saúde e bem-estar.
Leia mais:“No entanto, a maioria das mulheres aprende sobre seus ovários e função ovariana quando vai usá-los pela primeira vez e descobre que eles são geriátricos”, acrescentou.
As consequências dos ovários envelhecidos vão além da fertilidade, principalmente durante a menopausa, período da vida em que o ciclo menstrual de uma pessoa para.
“Quando os ovários param de funcionar devido à menopausa, eles param de produzir um coquetel de hormônios importante para a saúde geral”, disse Garrison à CNN. “Mesmo em mulheres saudáveis, aumenta drasticamente o risco de acidente vascular cerebral, doença cardíaca, declínio cognitivo, insônia, osteoporose, ganho de peso, artrite – esses são fatos medicamente estabelecidos”.
E tem mais. A idade em que acontece a menopausa também está ligada à longevidade. A idade média da menopausa natural nos Estados Unidos é de 51 anos, de acordo com a Sociedade Norte-Americana de Menopausa.
“Estudos mostram que as mulheres que têm menopausa tardia tendem a viver mais e têm uma capacidade aprimorada de reparar seu DNA”, disse Garrison. “Mas as mulheres com menopausa natural antes dos 40 anos têm duas vezes mais chances de morte [precoce] em comparação com as mulheres que passam pela menopausa natural entre 50 e 54 anos”.
E se a ciência pudesse aprender a retardar a taxa de envelhecimento dos ovários?
“Seria um divisor de águas, certo? As mulheres teriam paridade e opções em suas escolhas reprodutivas e seriam empoderadas com controle sobre suas vidas”, disse Garrison. “E, ao mesmo tempo, poderíamos retardar o aparecimento dessas doenças relacionadas à idade e, quem sabe até prolongar a vida”.
Um óvulo no ventre de sua avó
Entenda isso: você é um produto de um oócito (um óvulo imaturo) que estava crescendo no útero de sua avó. Veja como:
Quando um feto feminino atinge 20 semanas de gestação, existem entre 6 milhões e 7 milhões de oócitos nesses pequenos ovários em desenvolvimento. Você veio de um desses – o que significa que quando sua avó estava grávida de cerca de cinco meses, você era uma possibilidade dentro do útero dela.
“É por isso que há impactos multigeracionais para qualquer exposição ambiental que uma mulher possa ter quando está grávida. Não apenas afeta a mulher e o feto, mas também se estende por gerações”, disse a pesquisadora em reprodução, Francesca Duncan, professora assistente de obstetrícia e ginecologia da Faculdade de Medicina Feinberg, da Northwestern University.
Quando sua mãe nasceu, no entanto, os ovários infantis dela carregavam apenas de 1 a 2 milhões de óvulos, de acordo com o American College of Obstetricians and Gynecologists. A perda maciça de oócitos no útero ocorre em grande parte do reino animal. Alguns pesquisadores pensam que isso pode ser um passo normal no crescimento ou desenvolvimento fetal.
Quando as pessoas atingem a puberdade, elas têm apenas cerca de 300 mil a 400 mil óvulos imaturos restantes. “O ovário é provavelmente o único órgão que perde sua função antes de seu primeiro uso”, disse Duncan.
O declínio aumenta com a idade. Para 95% das pessoas, apenas 12% de seus óvulos estarão disponíveis aos 30 anos e apenas 3% aos 40 anos, de acordo com uma análise de janeiro de 2010.
(Fonte: CNN Brasil)