Correio de Carajás

Audiência pública debate criação da Uesspa com polo em Marabá

Governo do Estado já possui área de oito hectares que pode servir de sede para a Universidade Estadual do Sul e Sudeste do Pará

Sociedade civil se reúne com representantes do governo para debater sobre a criação de uma nova universidade estadual - Foto: Adriano Moura/CMM

Autonomia. A busca por ela definiu exatamente o debate sobre a criação de uma nova universidade estadual do Pará em uma audiência pública que foi realizada na manhã desta quinta-feira, 19, na Câmara Municipal de Marabá.

Com o objetivo de fortalecer e dar mais oportunidades aos alunos egressos do ensino médio, a criação da Uesspa (Universidade Estadual do Sul e Sudeste do Pará), irá impactar diretamente na estrutura do ensino superior na região, assim como aconteceu com a criação da Unifesspa (Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará) e a descentralização da administração.

Presidida pelo vereador Ilker Moraes, o encontro contou com a participação de representantes do Poder Legislativo e Executivo, instituições não governamentais, alunos e professores, e do secretário estadual de governo, João Chamon Neto, que aproveitou a oportunidade para anunciar, em primeira mão, que o Governo do Estado já possui um terreno de oito hectares em uma área na Rodovia Transamazônica (BR-230), na altura no km 5, sentido Marabá-Itupiranga, para implantação da nova universidade, que seria desmembrada da UEPA.

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João Chamon Neto, secretário regional de governo, garantiu que já existe um terreno de oito hectares para a implantação da Uesspa – Foto: Adriano Moura/CMM

“Estamos com o georreferenciamento pronto para que essa área seja a sede da Uesspa. Se um dos critérios for a questão de ter a área, Marabá já sai na frente. Nós queremos a sede dessa universidade. Os estudos estão sendo feitos e até o final do ano serão entregues. Precisamos de uma fala unificada para que o governador sinta o peso de Marabá para sediar essa universidade. Eu, enquanto secretário regional de governo, ex-deputado e ex-vereador desta terra, evidentemente nessa discussão, serei antes de tudo marabaense. Se depender de mim, vou puxar a brasa pra minha sardinha”, disse João Chamon Neto.

O presidente da audiência pública, Ilker Moraes, relembrou da criação da Unifesspa e de como esta universidade tem sido importante para a sociedade marabaense e para estudantes da região.

“Temos o direito, o dever e a missão de convencer o Governo do Estado da importância da Uesspa e que Marabá precisa ser a sede. Esse é o debate e é nisso que precisamos focar”, resumiu.

Diretora da Uepa em Marabá, Daniele Rodrigues afirma que é preciso dialogar de maneira mais próxima e efetiva sobre as demandas da região – Foto: Adriano Moura/CMM

Segundo a professora doutora, Daniele Rodrigues, diretora do Campus da Uepa em Marabá, a instituição atualmente oferta 11 cursos de graduação no município, sendo alguns deles únicos.

Com 23 campi e uma gestão centralizada, que dificulta os trâmites dentro da instituição, Daniele afirma que os diálogos precisam ser mais próximos. Ela cita o desmembramento da UFPA quando foram criadas duas novas universidades, a Unifesspa e a Ufopa.

“Cada uma delas atua de forma eficiente dentro das suas localidades, descentralizando serviços e ofertando concurso público e cursos que atendam cada região. Então, enquanto sul e sudeste, nós precisamos dialogar de maneira mais próxima e mais efetiva sobre as nossas demandas. Apostamos que com a criação da nova universidade vamos conseguir fortalecer o ensino superior na região. Temos uma demanda muito grande para vagas no ensino superior. Segundo dados recentes, temos somente 20% da faixa etária que deveríamos ter no ensino superior. Isso é muito pouco. Esses diálogos são extremamente necessários e vamos continuar trabalhando para isso. Não se cria uma universidade de uma hora para outra, mas já demos o primeiro passo”, avaliou.
A audiência pública sobre a criação da Uesspa foi originada através do requerimento 61/2023 de iniciativa do vereador Ilker Moraes, e que teve indicação da vereadora Vanda Américo pelo requerimento 228/2021.

Vanda Américo, presidente da FCCM e vereadora licenciada, alerta sobre a possível construção da sede da Uesspa em Parauapebas – Foto: Adriano Moura/CMM

Licenciada e atualmente presidente da Fundação Casa da Cultura de Marabá, Vanda Américo fez um discurso assertivo ao falar sobre a preocupação da possibilidade de a sede da Uesspa ser no município de Parauapebas.

“Eles já estão negociando com a Vale. Não vou aceitar isso. Nós teremos o terreno, a força e a voz de cada um de nós. Não vamos aceitar que tirem isso, precisamos ficar atentos. Quero conclamar os nossos deputados que nos representam, fiquem atentos onde essa universidade vai ficar. Não vamos deixar que a construção seja em Parauapebas, Marabá não pode permitir que a sede seja lá, independente de qualquer coisa. O projeto da Vale não está só lá, tem em Marabá também. Existe a ameaça real da possibilidade dessa universidade não ficar no nosso município. Vamos nos mobilizar e nos fortalecer”, disse Vanda Américo, sendo aplaudida pelos presentes.

Segundo Magno Barros, diretor da Diretoria Regional de Ensino, os treze municípios que integram o polo somam quase 22 mil alunos no ensino médio somente na rede pública.

“Marabá dispõe de 11.273 alunos no ensino médio na rede estadual. A universidade é para todos. Precisamos somar nossos esforços para que todos consigam conquistar o acesso ao ensino superior, e que essa sede seja aqui em Marabá. Essa autonomia é tudo que a gente precisa”, reconheceu Magno Barros, representante da educação estadual.

Compondo a mesa durante a audiência pública, a representante dos discentes da Uepa, a estudante do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária Yasmin Silva de Oliveira, citou as dificuldades diárias enfrentadas sobre a permanência de estudantes nas universidades, principalmente os oriundos de outros municípios.

“Falta estrutura nos laboratórios, disponibilidade de professores para iniciação científica e ainda temos aulas modulares”, diz a acadêmica Yasmin Silva – Foto: Adriano Moura/CMM

“Muito é falado sobre passar no vestibular, entrar na universidade. Mas, não debatem a permanência de quem vem de outras cidades. Falo isso por mim, porque é muito difícil. As bolsas de iniciação científica não são disponibilizadas com a quantidade necessária. Além disso, temos ainda a falta de estrutura nos laboratórios, disponibilidade de professores para iniciação científica e ainda temos aulas modulares. Uma disciplina durante duas semanas. Isso é muito difícil. Então, com a criação da universidade, teremos oportunidades”, acredita a estudante.

Segundo Ilker Moraes, que presidiu a audiência, um documento será produzido e enviado ao Governo do Estado com todas as propostas e sugestões sobre a criação da Universidade Estadual do Sul e Sudeste do Pará. (Ana Mangas)