Correio de Carajás

Atlas revela que o Pará é letal

Nesta quarta-feira (5), foi lançado o Atlas da Violência 2019, produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O documento de 116 páginas se refere ao ano de 2017 e mostra que o Brasil atingiu, pela primeira vez em sua história, o patamar de 31,6 homicídios por 100 mil habitantes. A taxa, registrada em 2017, corresponde a 65.602 homicídios naquele ano. Conforme o Atlas, o Pará não é o mais violento Estado brasileiro, mas também está longe de ser o mais tranquilo.

Longe de sereno, o Pará registrou uma taxa de 54,7 homicídios para cada grupo de 100 mil habitantes, ficando 73% acima da média nacional (31,6). Em 2017, o Pará registrou nada menos de 4.575 homicídios. Esses números colocam o Pará como sexto Estado mais violento do País em termos de homicídios.

E não é só isso: ainda conforme os números do Atlas, o Pará seguiu a escalada da violência que é verificada no Brasil desde 2007, quando o Estado tinha uma média de 30,3 homicídios para cada 100 mil habitantes. Naquela época do Estado já ocupava a sétima posição entre os mais violentos do País. Ou seja: os governadores que administraram o Estado entre 2007 e 2017 conseguiram piorar um pouco mais essa situação.

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Enquanto no Brasil os assassinatos registrados entre 2007 e 2017 aumentaram 36,1%, passando de 48.219 para 65.602, no Pará, o aumento foi quase o triplo: 108,5%, saindo de 2.194 assassinatos em 2007 para 4.575 em 2017.

HERANÇA MALDITA

Esses dados expõem que historicamente o Pará tem uma política pública enfrentamento deficitário da violência e mostram o tamanho da missão que o governador Helder Barbalho terá de enfrentar. É bem verdade que muita coisa já tem sido feita neste sentido (veja matéria nesta página), mas o caminho é longo.

Os pesquisadores que fizeram o mapa ainda fizeram críticas às políticas públicas de combate à violência, de forma geral, ao denunciarem que todo “esse ciclo de violência, ao invés de ser interrompido por políticas públicas efetivas calcadas no trabalho de inteligência policial, mediação de conflitos e na prevenção social ao crime, foi alimentado por apostas retóricas no inútil e perigoso mecanismo da violência para conter a violência”.

PARÁ X SÃO PAULO

O Atlas da Violência revela ainda algumas curiosidades, que mostram o quanto o Pará é um Estado letal. Por incrível que pareça, o Estado que registrou o menor número de mortes para cada grupo de 100 mil habitantes é São Paulo, com uma taxa de 10,3.

Mais estarrecedor ainda é quando se compara os números absolutos: com uma população de 44 milhões de pessoas, o Estado registrou 4.631 homicídios em 2017, ou seja, apenas 56 assassinatos a mais que o Estado do Pará, que tem uma população cinco vezes menor: 8 milhões de habitantes.

No caso do Estado de São Paulo, que desde finais dos anos 90 vem obtendo uma paulatina redução das taxas de homicídio, a diminuição registrada em 2017 tem que ser vista com certa cautela, uma vez que a taxa de mortes violentas com causa indeterminada aumentou 13,4% nesse último ano. (Chagas Filho)

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O Ceará foi o estado com maior crescimento na taxa de homicídio em 2017, ano em que se atingiu recorde histórico nesse índice. Não apenas aumentou de forma acentuada a taxa de homicídio contra jovens e adolescentes, mas também contra mulheres.

Cai número de homicídios no Pará, diz Segup

O governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup), informou durante coletiva de imprensa, realizada na última segunda-feira (3), a redução dos índices de criminalidade no Estado durante o mês de maio. Mesmo com o caso das mortes registradas no bairro do Guamá, no dia 19 de maio, os índices de homicídios, durante esse mês, reduziram 27% se comparados aos registrados em maio de 2018, em todo o Estado.

De acordo com os dados divulgados, em maio de 2018 foram registrados 343 homicídios, já em maio deste ano foram 249, sendo, inclusive, a terceira redução mais significativa registrada em relação aos crimes de homicídio praticados durante maio desde o ano de 2010.

“Estamos trabalhando intensamente desde o dia dois de janeiro, para coibir e reduzir os índices de criminalidade em todo o Pará. E este é o quinto mês consecutivo de redução. Sabemos que o episódio ocorrido no bairro do Guamá impacta na percepção da população, porém nós podemos afirmar que eles estão em queda”, afirmou o secretário de estado de segurança pública e defesa social, Ualame Machado. (Fonte: Ascom/Segup)