A crescente demanda por serviços de perícia criminal na vasta e complexa região do sul e sudeste do Pará coloca em evidência os desafios enfrentados pelos profissionais da área. Na região de Parauapebas, onde homicídios e acidentes de trânsito são as principais ocorrências, a necessidade de peritos fixos é urgente. A preservação da cena do crime e a legislação contra a disseminação de imagens nas redes sociais são questões críticas abordadas pela equipe de perícia, que busca garantir a eficácia e a integridade das investigações criminais em meio às adversidades territoriais.
Danielle Brunna Ribeiro Chagas Cartaxo, de 33 anos, é perita criminal e ocupa atualmente o cargo de gerente geral da regional de Marabá, responsável por uma área que inclui 35 municípios como, além de Marabá, Parauapebas e Canaã dos Carajás. A extensão territorial que a profissional gerencia é enorme, abrangendo tanto áreas urbanas quanto rurais, o que apresenta desafios logísticos e operacionais.
A região de Parauapebas, em particular, tem visto uma demanda crescente pelo trabalho de perícia criminal, especialmente em casos de homicídios e acidentes de trânsito. “Essas são as principais ocorrências que atendemos aqui”, afirma. A cidade, assim como outras na área de cobertura da regional de Marabá, enfrenta desafios únicos devido à sua localização e ao tamanho da zona rural. “O grande desafio nosso é que o Estado do Pará é o segundo maior estado do país”, explica Danielle. “Nossa perícia criminal aqui no sul e sudeste do Pará se assemelha à de estados como Roraima, por conta da extensão territorial”. Essa comparação ressalta a dificuldade de gerenciar uma área tão vasta, onde a presença de peritos é essencial para garantir a eficácia dos serviços prestados.
Leia mais:A perita destaca que, apesar das dificuldades, houve avanços significativos. “Consegui viabilizar a perícia criminal onde quer que ela seja necessária”, diz. Segundo ela, a presença de um perito criminal no cargo de gestão é um diferencial, pois permite uma compreensão profunda das necessidades e desafios enfrentados no campo. “Para atuar no cargo de gestão dentro da polícia científica, como gerente regional, é um requisito ser perito criminal justamente por conta disso”, enfatiza. “Só a gente conhece as nossas fragilidades e fortalezas.”
A ausência de peritos fixos em Parauapebas ainda é uma realidade, mas Danielle garante que a regional de Marabá trabalha para suprir essa demanda. “Nós somos um núcleo que faz parte da regional de Marabá. Infelizmente, ainda não temos peritos fixos em Parauapebas, mas a regional de Marabá sempre cuida para ter peritos por aqui em alguns períodos”, relata.
Ela garante que existem projetos em andamento para solucionar essa questão de forma definitiva, trazendo peritos fixos para a cidade. “Hoje em dia já existem projetos a fim de sanar essa necessidade de forma vitalícia com peritos fixos aqui também”, acrescenta.
O trabalho em campo também enfrenta desafios como a preservação da cena do crime. Danielle ressalta a importância de evitar a contaminação do local: “Nossa recomendação é, se você encontrou um local de violência, acione a polícia o mais rápido possível e não permaneça no local. Fique o mais longe possível para tentar deixar o local o mais próximo do estado em que o fato ocorreu.”
A presença de pessoas pode alterar significativamente a cena do crime, dificultando o trabalho dos peritos, diz Danielle.
A disseminação de fotos e vídeos de cenas de crimes nas redes sociais é outro problema enfrentado. A perita alerta sobre a legislação que coíbe esse tipo de atitude. “As fotos permitidas em locais de crimes são nossas, utilizadas para fins criminais e fazem parte do inquérito policial”, esclarece. A imprensa também tem um papel importante, mas sempre deve respeitar a dignidade da pessoa humana e de sua família. (Thays Araujo, com informações de Ronaldo Modesto)