Correio de Carajás

Associação luta por direitos de autistas e marca carreata para sexta-feira (2)

Mais de 100 associados à AMA (Associação dos Amigos e Pais de Autista de Marabá) se preparam para uma carreata que marcará o Dia Mundial de Conscientização do Autismo em Marabá, lembrado em 2 de abril. A entidade busca fazer valer as leis existentes e cobrar políticas públicas para aqueles que possuem diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA).

A coordenadora técnica do AMA, Sandra Mesquita, explica que o movimentou começou no dia 25 de abril de 2019, quando várias associações se uniram para cobrar políticas públicas a nível estadual para autistas.

A ideia é que se oferte um atendimento terapêutico intensivo para os diagnosticados com TEA, com sessões que de 20 horas a 40 horas semanais, para que haja resultados evidentes. “Nos atendimentos municipais não há instituições especializadas para autistas”, aponta Sandra, que possui um filho com traços autistas.

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Para se ter uma ideia, em Marabá há apenas uma instituição que assiste mais de 300 crianças que necessitam do atendimento. Sandra defende que deve ser construído um centro especializado para atender os autistas, com profissionais especialistas na área. As associações, como a AMA, fizeram a diferença na cobrança desses centros no Pará, que devem atender gratuitamente os pacientes.

Mesquita revela que um centro com atendimento gratuito facilitará a vida de muitas mães que não têm condições financeiras de arcar com as sessões de terapia. “Uma sessão custa em torno de R$ 150,00. Onde uma mãe em situação de vulnerabilidade social terá condições de pagar um pacote de 20 horas?”, indaga.

Ela também comenta sobre a ausência de neuropediatras especializados no TEA em Marabá. A cidade, atualmente, possui apenas uma neuropediatra, que se encontra sobrecarregada, atuando tanto na rede privada, quanto na rede pública de saúde.

O autismo não é visível, sendo necessários alguns testes, como os intelectuais, os de hipersensibilidade e os de comunicação. “Com isso, os diagnósticos são mais precisos”, afirma Sandra.

A CARREATA

Para marcar a data, a AMA vem organizando desde dezembro de 2020 a carreata que passará por diversos bairros da cidade, como Cidade Nova, Laranjeiras, Liberdade e Marabá Pioneira. “São nesses locais que há mais incidência de crianças triadas com autismo”, diz Sandra.

A concentração dos veículos será na sede da AMA, na Avenida Antônio Vilhena, nº 192, estando prevista para sair às 9h30. Na ocasião, serão distribuídos kits com máscara e álcool em gel e a nova fachada da AMA será inaugurada.

“O objetivo é mostrar para a população que existe um movimento correndo atrás dos direitos dos diagnosticados com TEA. Avalio esse momento como essencial, pois não podemos deixar essa situação continuar”, explica Mesquita.

Ainda como parte da luta, a AMA entregou uma carta-aberta à Câmara Municipal de Marabá (CMM) pedindo apoio à causa. “Já conseguimos o apoio dos vereadores Raimundinho do Comércio (PL), Márcio do São Félix (PSDB), Pastor Ronisteu (PTB) e Fernando Henrique (PSC)”, acrescenta Sandra.

NO PARÁ E NO BRASIL

Em 2012, a Lei Berenice Piano instituiu a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtornos do Espectro Autista, que caracteriza o autismo como deficiência intelectual. Ou seja, é um direito o acesso a atendimentos especializados. Porém, em Marabá, não há nada voltado para esse público.

O Governo do Pará sancionou no dia 26 de fevereiro a Lei Estadual 9.214/21 que torna permanente laudo médico que atesta o TEA. Na prática, o caráter permanente tornará desnecessárias exigências burocráticas relativas ao documento, facilitando a vida das famílias.

Por meio da Política Estadual de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (Peptea), instituída pela Lei nº 9.6061, sancionada em maio de 2020, pelo governador Helder Barbalho (MDB), foi criado o Núcleo de Atendimento ao Transtorno do Espectro Autista (Natea) em Belém.

O titular da Sespa (Secretaria de Estado de Saúde Pública), Rômulo Rodovalho, afirma que lançar o Natea em um ano tão difícil traz sentimento de renovação e esperança. Ele afirma que a Secretaria busca descentralizar esse tipo de serviço para outras regiões paraenses, como Marabá e Santarém. (Zeus Bandeira)