Correio de Carajás

Assassino da adolescente Dara pode ir a novo júri

O crime aconteceu em 2017 e o julgamento em 2019. No entanto, pode ter havido falha na interpretação dos jurados. Por isso, o MP recorreu da absolvição.

Dara tinha apenas 16 anos, quando foi assassinada de forma cruel Foto: Divulgação

O ex-vigilante Albert Pereira Mousinho, que confessou ter assassinado a adolescente Dara Vitoria Alves da Silva e mesmo assim foi absolvido do júri popular, pode enfrentar um novo julgamento. O crime aconteceu em 27 de agosto de 2017; e o julgamento se deu em junho de 2019. Mas houve uma incoerência no julgamento. Por isso, o Ministério Público recorreu da sentença e um novo julgamento pode ser realizado.

Albert foi preso ao tentar assaltar o banco em que prestava serviço
Foto: Divulgação

A informação foi repassada pelo advogado Raphaell Braz, que entrou no caso agora recentemente e vai emprestar sua experiência, atuando como assistente de acusação. Segundo ele, o objetivo do novo júri é fazer Justiça para a família de Dara.

Perguntado sobre o porquê de o ex-vigilante ter sido absolvido, mesmo tendo confessado que violentou, matou e ocultou o corpo da adolescente, o experiente criminalista explica que, possivelmente, ocorreu uma má interpretação dos jurados em relação a um dos quesitos do julgamento.

Leia mais:
Advogado Raphaell Braz afirma que é preciso que seja feita justiça! Foto: Evangelista Rocha

“Os jurados reconheceram que houve realmente o crime, de que ele era o responsável pelo crime, mas acreditamos que na hora de eles decidirem pelo terceiro quesito, que é onde os jurados decidem se absolvem ou não a pessoa, acreditamos que houve uma má interpretação daquele quesito e, por isso, ele foi absolvido. Mas, pelos relatos que me contaram, os próprios jurados, depois que foi prolatada a sentença, se manifestaram totalmente contrários, porque eles não haviam entendido e julgaram erroneamente”, explica Raphaell.

Agora, na condição de assistente de acusação, o advogado diz que está trabalhando para que o julgamento aconteça da forma mais célere. “Até pensamos em fazer uma sustentação oral desse recurso, pra tentar convencer os julgadores de que é estritamente necessária uma nova realização desse tribunal, buscando os interesses da família, que quer justiça”, afirma.

O CASO

Na tarde do dia 28 de agosto, o corpo da adolescente foi encontrado, sem roupa, nas margens do Rio Itacaiunas, na altura do Bairro Amapá (Núcleo Cidade Nova).
Um namorado da vítima chegou a ser preso por suspeita de autoria do crime. Mas câmeras de segurança obtidas pelo Departamento de Homicídios da Polícia Civil flagraram Dara subindo na moto de Alberto Mousinho na noite anterior. Ela foi até a casa dele para consumirem drogas.

Mas essa informação era mantida ainda em sigilo. Só que no dia 8 de setembro, Alberto Mousinho tentou roubar dinheiro do da agência do Banco do Brasil do Amapá, onde prestava serviço. A intenção era fugir da cidade, pois a polícia tinha intimado ele a prestar depoimento sobre o caso e Mousinho logo desconfiou de que o cerco estava se fechando. O plano do roubo ao banco não deu certo, ele acabou preso e toda a história veio à tona.

O vigilante foi então levado a júri popular, no dia 26 de junho de 2019, de onde saiu pela porta da frente, mesmo tendo confessado o crime. Agora, ele deve sentar no banco dos réus novamente.
“Nosso objetivo é demonstrar de forma categórica e sem qualquer sombra de dúvidas de que ele é culpado não só pelo estupro que ele perpetrou, mas também pelo estupro e pela ocultação de cadáver”, afirma o renomado advogado Raphaell Braz.

(Chagas Filho, com informações de Evangelista Rocha)