A oitava edição do Salão de Arte Brasileira em Liechtenstein, que reúne 50 produções de artistas brasileiros na Europa, contará este ano com uma tela que retrata a cultura indígena e o futebol. A obra tem como autor o artista plástico Alixa Santos, professor da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa). Radicado em Marabá há mais de duas décadas, Alixa é o único representante da Amazônia no salão.
“Eu fiquei muito feliz e emocionado porque fui o único artista da região amazônica a ser escolhido para representar a região neste salão que vai reunir 50 artistas brasileiros”, disse o professor em entrevista o CORREIO.
O artista disse que seu trabalho apresenta uma narrativa muito forte e ele entende que pode ser um dos premiados. Mas já se sente vencedor por ter sido escolhido por um curador muito exigente e também por poder representar a Amazônia junto com outros grandes nomes da arte, o que aumentar o status da arte amazônida.
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A pintura de Alixa que compõe o salão é uma referência ao povo indígena Gavião Kyikatêjê, que criou o primeiro time de futebol profissional. “Esta obra reúne signos da prática futebolística muito apreciada por todos os grupos indígenas na Amazônia Oriental”.
“Crianças, mulheres e homens praticam o futebol e quando os grupos jogam é uma festa. Reúnem-se os parentes, os vizinhos e as pessoas da cidade para compartilhar dessa alegria. É uma festa”, argumenta o artista.
Ele chama atenção para o fato de que os indígenas já praticavam um jogo de bola muito antes do futebol brasileiro entrar nas aldeias. A bola é feita de balaca (uma resina igual da seringueira) e se joga somente com a cabeça, sem deixar cair no chão.
“Minha pintura, acrílica sobre tela, é a reunião dessa diversão, caracterizando os corpos indígenas com a pintura corporal e seus adereços, bem como elementos do grafismo que está impregnado em toda a cultural amazoniana”, explica Alixa.
Academia e artes
A partir de 2020, a preocupação maior de Alixa Santos está centrada nos modos expográficos de exibir a obra de arte na contemporaneidade. “Preocupo-me com o mercado de arte fora do eixo Rio-São Paulo, na Amazônia do sudeste paraense. Minha vida artística tem tomado novos rumos a partir de 2021, como artista plástico e visual tenho, aos poucos, ganhado espaços significativos nesse mercado, agora marcado com a presença on-line sem sair da Região dos Carajás”, relata.
Alixa tem participado ativamente de exposições on-line, cultivando as redes sociais e marketplaces para entregar sua produção artística, como artista independente, e abrindo espaço expositivo com grupos em São Paulo e outros no âmbito internacional. (Chagas Filho e Gecelha Sobreira/TV Correio)