* por Thiago Chaves
Sustentabilidade deixou de ser um luxo ou tendência passageira. No mercado de construção dos Estados Unidos, ela se tornou uma exigência básica. Clientes esperam por isso, normas exigem, e profissionais de diferentes áreas estão repensando como construir e, mais ainda, por que construir.
Como empreendedor brasileiro à frente de três empresas nos EUA (Atrium Construction, Greenwich Cabinets e Studio WDM) venho acompanhando de perto essa transformação. Em 2024, tivemos a honra de receber o Prêmio de Sustentabilidade do Green Building Council Brasil pelo projeto Artefacto Flagship em Nova York. Essa conquista não representa apenas um projeto bem-feito, mas sim uma trajetória consistente de compromisso com a construção responsável.
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Nos Estados Unidos, sustentabilidade é um tema urgente porque os desafios são reais e locais. As mudanças climáticas são uma preocupação, mas também o são os altos custos de energia, a gestão de resíduos e a qualidade do ar nos ambientes internos. Construir com responsabilidade não é apenas bom para o planeta; é melhor para as pessoas e para os negócios.
No projeto da Artefacto, tomamos decisões práticas e conscientes. Usamos madeira certificada, materiais de baixa emissão e priorizamos a iluminação e ventilação naturais. Mas o mais importante foi rever todo o processo. Sempre que possível, optamos por fornecedores locais e mão de obra ética. Mais do que criar um espaço bonito, queríamos fazer o certo.
Para quem vem de fora e quer atuar no mercado americano, adotar essa mentalidade é essencial. Há espaço e oportunidades, mas também há exigências altas. Experiência e investimento são importantes, mas valores e propósito contam tanto quanto. Os clientes buscam parceiros que pensem no impacto a longo prazo, e não apenas no lucro imediato.
Adaptar-se a esse cenário exige colaboração entre áreas, abertura a novos padrões e a consciência de que cada material e cada decisão fazem parte de algo maior. Sustentabilidade não é um item da lista. É a base de tudo.
Nas nossas empresas, esse olhar começa cedo. Muito antes do primeiro tijolo, sentamos com arquitetos e engenheiros para perguntar como podemos fazer melhor. Às vezes, isso significa mudar o layout. Outras vezes, repensar o tipo de isolamento ou cola a ser usada. Na Greenwich Cabinets, por exemplo, já trabalhamos com materiais reciclados e livres de toxinas. Cada detalhe importa.
Olhando para o futuro, construir com responsabilidade nos Estados Unidos está deixando de ser diferencial para se tornar regra. Certificações, rastreamento de carbono e relatórios ESG já são comuns em projetos públicos e privados. Mas essa mudança não é só sobre seguir normas. É uma chance real de liderar. Empresas que adotam práticas sustentáveis não apenas cumprem as exigências. Elas definem o novo padrão.
Receber o prêmio de sustentabilidade por um projeto em Nova York foi marcante. Não só pela conquista em si, mas porque mostrou o que é possível quando inovação e responsabilidade caminham juntas. Nosso papel como construtores vai além da obra. Tocamos cidades, influenciamos vidas e ajudamos a moldar o mundo em que vivemos.
Para quem pensa em construir nos Estados Unidos, acredito que a primeira pergunta não deve ser quanto custa ou quanto tempo leva. A pergunta certa é por quê. Por que esse projeto, nesse lugar, para essas pessoas? Quando essa resposta está clara, as outras decisões acontecem com mais sentido.
É aí que o verdadeiro valor começa.
