Correio de Carajás

Artes Visuais: Estudantes montam exposição

Os formandos da primeira turma de Artes Visuais da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará abriram, na manhã desta sexta-feira (20), a exposição “Trajetória”, resultado do estágio institucional obrigatório do curso. As obras foram organizadas nas dependências da Fundação Casa da Cultura, localizada na Folha 30, Nova Marabá, e a visitação é aberta ao público, das 8h às 18h. Para a montagem do trabalho foram usadas as obras de Rildo Brasil, que fazem parte de duas séries do artista: “Contos Amazônicos” e “Esse rio é minha rua”.

“Era o meu maior sonho, fazer o curso na área de artes, porque já milito nessa área há mais de 30 anos e nunca tive a oportunidade de ter um curso superior. Então, enquanto estava no meu trabalho, pesquisando na internet, descobri que esse curso viria para Marabá, aí eu disse que tinha que fazer”, revelou Brasil.

Segundo Brasil, o sonho dele era se formar como artista visual

Ele contou que na época estava cursando edificações e que logo após concluí-lo começou a estudar para o Exame Nacional do Ensino médio. “Eu prestei o Enem de 2013 e passei no curso, quando ainda era UFPA. Eu passei logo na primeira fase e fiquei feliz, inclusive, até foi matéria no CORREIO”, lembra.

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Conforme disse à reportagem, ao chegar para fazer a montagem da exposição na Casa da Cultura, se deparou com várias obras artísticas produzidas por ele há anos atrás. “De algumas eu nem lembrava”. Rildo disse que foi preciso estudar muito e se dedicar às aulas, mas que também passou por muitos desafios para chegar até o fim da graduação.

“Foi uma coisa nova para mim, entrar com 48 anos na universidade e sair com 52; eu não achava que ia me formar com essa idade. Outro desafio que encontrei foi porque trabalhava em uma empresa que não me valorizou, que me mandou escolher entre o trabalho e o estudo. E eu não pensei muito, falei que ia estudar”, informa.

O artista desabafou dizendo que esperava mais apoio do chefe, até porque sabia que apenas estudar não ia lhe sustentar. “Estudar desempregado não é fácil e é o que está acontecendo; está difícil para mim. Mesmo sendo um artista conhecido aqui em Marabá, a situação econômica do município e do país é terrível. Então, quando a gente parte para vender as nossas obras fica complicado”.

As obras em exposição foram produzidas por Rildo Brasil

TCC

Além de ser artista visual, Rildo também virou tema de Trabalho de Conclusão de Curso da colega de classe Yane Mourão, de 23 anos. As obras em nanquim chamaram atenção da jovem, que viu potencial no trabalho desenvolvido por ele. “É uma honra para mim estudar com o Rildo Brasil, porque desde pequena eu já conhecia os trabalhos dele, as charges e até já tinha visitado o atelier dele. Foi uma honra também desenvolver um tema relacionado a ele, que no caso é uma biografia, relatando um pouco de vida e obra, com ênfase no nanquim”.

Quando começou a estudar, a jovem não sabia o que aprenderia durante a graduação, sendo surpreendida ao longo do curso. “Foi como uma experiência que eu tive desde a infância, vendo o meu pai desenhando e surgiu essa vontade, Eu não sabia como era e seria o curso, entrei leiga e aprendi muitas coisas que eu não acreditava que fazia parte das Artes Visuais, como fotografia”. A partir de agora, a estudante quer atuar no teatro, trabalhando com artes cênicas, e também como professora de artes no município.

“Eu acredito que as artes visuais precisam passar pelo processo da educação, porque se uma criança aprende o que aprendemos durante o curso, ela vai gostar”, conclui.

Saiba Mais – Rildo Brasil já atuou como cartunista no Jornal Correio. Além dele e da Yana, outros seis alunos vão se formar em Artes Visuais no próximo semestre. A exposição ficará até o fim do mês na Casa da Cultura.

(Nathália Viegas)