As luzes das quadras da Santa Rosa nesta segunda-feira (26) foram acesas por “mini-queridos” que mostraram que tamanho não está ligado ao acervo de talento e carisma. Mas, o protagonismo ficou com a junina Arretados da Paixão que, pactuando com o amarelo da enorme lua crescente no céu, fez valer todo o atraso da 4ª noite do festejo de Marabá. Não teve para ninguém. O show catártico conseguiu ostentar a união de austeridade perfeita entre o contemporâneo necessário e a tão querida tradicionalidade.
A organização do evento segue pecando quanto aos horários. Na última noite, a programação contou com as quadrilhas mirins: Sereia do Norte e Levada Louca, os bois-bumbás: Aroeira e Senador e as juninas: Coração de Estudante e Arretados da Paixão.
FOFURICE JUNINA
Leia mais:Os noivos da junina mirim Sereia do Norte roubaram os holofotes da arena na primeira apresentação do quarto dia. Unindo carisma e desempenho, o casal entregou o momento “iti malia” para os presentes. Com meio metro de altura, ambos puxaram dezesseis casais que, embora tentassem, jamais conseguiriam superar o encanto transmitido pelos pequenos.
A reportagem do Correio de Carajás conversou com a Jamile e foi recebida com muito carinho pela protagonista do grupo que esbanjou felicidade e gratidão: “FICO muito emocionada, após vários dias de ensaios, esse foi o nosso momento”.
PROTAGONISMO APAIXONADO
Quem acompanhou o prefácio da Arretados da Paixão pôde perceber que, embora logo de cara pautas notáveis tenham sido levantadas nos primeiros segundos de apresentação, era impossível imaginar tudo o que estaria por vir.
Seria a Arretados da Paixão um remake da Explode Coração no Grupo B? Bem, a coreografia teve as digitais de Richard, Iara e Cláudio Roberto, a trilogia que estava à frente da saudosa quadrilha que abandonou o festejo junino em 2019. Se você ficou na dúvida, vai lá na live da Prefeitura, na noite de ontem, e faça a comparação.
Fazendo lembrar que a cultura de um povo é a soma de suas raízes mais profundas, saias de chita e tecidos fuxicados foram utilizados pelos brincantes que, em um discurso inspirador e tocante sobre preconceito e ativismo relacionado ao momento pandêmico de muita dificuldade vivenciado pelo povo brasileiro, prepararam vagarosamente o resto da apresentação.
Sem deixar de ignorar a essência de como a festividade de São João nasceu, a identidade cultural foi preservada pelos pares que chamaram a atenção na produção das vestes principais e na sincronicidade e marcação. Honrando a tradição nordestina, a quadrilha roceira não ignorou aspectos ímpares da dança como a grande roda e o pisoteado marcante e contagiante dos rapazes que mesmo em meio a tamanha empolgação, nem por um segundo deixaram o chapéu cair.
O amarelo predominante no figurino dos participantes combinava com a cor dos balões espalhados pela arquibancada e, rapidamente criou um mar acalorado pelo reflexo da alma nordestina apresentada. Apesar de toda graciosidade dos noivos e do casal da esperança, o real casamento do grupo foi a essência das festividades juninas e do contexto político atual que, em vários momentos, foi levantado pelos pares por meio de momentos teatrais e dramáticos com cartazes e até mesmo panelaço.
Um verdadeiro espetáculo visual talvez conseguiria resumir o que foi a performance da Arretados da Paixão que, se no ano passado demonstraram querer fazer parte do grupo A, neste ano veio com a fogueira nos olhos para subir na competição.
Como uma banda que guarda sua música mais aclamada para o momento final do show, quando os presentes pensaram que suas expectativas haviam sido totalmente superadas, um mar de lanternas de celulares se formou entre os que assistiam, proporcionando um momento cinematográfico no encerramento da quadrilha.
REPRESENTATIVIDADE
Coordenando novamente a junina Coração de Estudante, a marcadora Vanessa Fortaleza é a única mulher à frente das quadrilhas a se apresentar no 36º Festejo Junino de Marabá. O Correio de Carajás conversou com ela no ano passado e, neste, pôde ver que, mais do que representar a força feminina no comando do grupo, trouxe também a graciosidade da maternidade com a presença e todo o molejo de seu filho.
Com carinha de marrento, o pequeno Lucréio Augusto arrancou muitos sorrisos com o seu balancê obstinado. Era, provavelmente, o mais animado do grupo. Mas, a sincronia e a vibração transmitida pelos dezesseis pares de jovens com o tema: “De mamando a caducando, todo mundo tá dançando”, foi bastante aplaudida pelo público ao fim da apresentação. (Thays Araujo)