Correio de Carajás

Área destinada à Alpa novamente ameaçada por grupo de invasores

Na manhã desta sexta-feira, enquanto quase todo o efetivo policial de Marabá participava do desfile de 7 de Setembro, um grupo de invasores aproveitou para tentar novamente ocupar o terreno do setor 3 do Distrito Industrial de Marabá, área hoje sob controle da mineradora Vale, e destinada para a construção de uma siderúrgica. Autoridades estimaram o grupo em pouco mais de 60 pessoas, que estavam espalhadas e algumas tentavam já demarcar espaços com piquetes. Funcionários da empresa e uma guarnição da Polícia Militar impediram a completa invasão.

O grupo em questão não se assumiu ligado a nenhum movimento de sem-teto, sem-terra ou associação. Todos diziam-se atrás de seus interesses como pessoas sem posses e que acreditam que o terreno não está cumprindo função social. A área, na saída de Marabá para Itupiranga, fica entre a BR-230 (Transamazônica) e a margem do Rio Tocantins. Esse fator, junto com a condição do terreno, totalmente terraplenado e limpo, tornam a área chamativa para movimentos de ocupação, que vez por outra tentam iniciativas.

Visão mais ampla do terreno, quando terraplenado no início desta década

Apesar disso, uma única outra vez, em maio de 2015, houve uma movimentação de invasão nos moldes da feita ontem, época em que mais de 70 pessoas chegaram a entrar na área, mas foram retiradas por efetivo da polícia, munido de liminar da Justiça Federal.

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“Esse local aqui é da união e hoje nós estamos aqui atrás de um projeto para a gente ter a nossa moradia. Nós temos um projeto feito num banner e o que a gente vê aqui é que a classe política está interessada em nos ajudar”, disse Dorismar Sena Miranda, à reportagem do CORREIO, dando a entender de que há uma liderança e também incentivo de políticos. Diante disso, o repórter insistiu na pergunta quanto aos nomes dessas pessoas, ao que o homem não mais respondeu.

Homens, mulheres, idosos entre as pessoas que correram para a área ontem

ALPA

A área em questão é a mesma destinada à construção da Aços Laminados do Pará (Alpa), divisão criada pela Vale para planta de siderurgia e que nunca saiu do papel. Na época, em acordo que envolvia o Estado, chácaras daquele trecho foram desapropriadas para dar origem ao espaço necessário para a obra e formalizado como extensão do Distrito Industrial de Marabá, embora já sob controle da Vale.

Desde o início, a obra estava prevista como corredor logístico para recebimento do insumo e escoamento da produção da Alpa. Entidades como a Associação Comercial e Industrial de Marabá defendem que a área continue preservada para o seu destino, como setor industrial e indutor de emprego e renda na região.

VALE

Ontem no meio da tarde a Vale respondeu ao CORREIO sobre as providências e, diferente da Polícia, estimou os invasores em 100 pessoas e disse que é a terceira tentativa contra a área. Também adiantou que conseguiu ontem mesmo uma liminar de manutenção de posse. Veja trecho da nota:

“Os invasores, autodenominados ‘sem-teto’,  bloquearam a Transamazônica, rodovia federal que dá acesso ao terreno. A equipe de segurança da empresa impediu as tentativas. A polícia foi acionada e quatro pessoas foram detidas. Também foram aprendidos motos, uma caminhonete, facões e foices. A ocupação pode acarretar sérias consequências socioeconômicas ao município e danos ambientais às áreas verdes do imóvel. A Vale adotou todas as medidas judiciais cabíveis”. (Da Redação)