Um gesto de amor e compaixão do pequeno Mickael José, atualmente com nove anos, surpreendeu a família em Araçoiaba da Serra (SP). Ao descobrir que a motorista do transporte escolar que o levava para a escola lutava contra um câncer, em 2019, o menino decidiu deixar o cabelo crescer para poder doar a pessoas que enfrentam as mesmas dificuldades que ela.
Roseneia Bueno, mãe de Mickael, conta que a atitude do filho, que deixou de cortar o cabelo por três anos inspirado pela “tia do ônibus”, a surpreendeu.
“Ele chegou em casa e falou: mãe, a ‘tia’ ficou doente e eu não vou mais cortar meu cabelo, vou doar para ela, porque ela vai precisar. Isso foi uma surpresa para mim, pelo gesto, sabe? Aí ele foi conversar com a ‘tia’, e ela falou: se você quiser deixar o cabelo crescer para doar, você pode. Só que para a ‘tia’ não vai dar tempo. Infelizmente, a situação dela já era bem grave”, relata.
Leia mais:Segundo a mãe, a motorista do ônibus achou o gesto lindo e disse que Mickael poderia doar o cabelo para alguma criança que precisasse.
No começo da pandemia, a “tia” acabou morrendo, mas o menino continuou deixando o cabelo crescer. Depois de um ano sem precisar ir à escola por conta do isolamento social imposto pela pandemia, Mickael retornou e passou a sofrer bullying. Mesmo assim, ele não desistiu do gesto.
“Ele ia ao banheiro e os menino queriam que ele saísse, falavam que não era ‘lugar de menina’, apenas de menino. Ele tentava explicar que era menino e que ia doar o cabelo, mas, mesmo assim, as crianças zoavam”, conta a mãe.
Foram três anos escutando as pessoas o chamando de “menina”, mas o pequeno não se importava.
“Eu realizei um desejo do meu coração, porque estou fazendo o bem para uma pessoa que vou estar doando o meu cabelo para fazer uma peruca. Me senti alegre”, explica Mickael.
“Sinto muita gratidão a Deus por ele ser assim. Ele falava que queria ajudar o próximo e essa foi a maneira que ele conseguiu. No sábado (17), ele cortou tudo e foi lindo de ver. Agora vamos doar para ajudar quem precisa”, finaliza a mãe.
As mechas serão levadas aos pacientes do hospital do Grupo de Pesquisa e Assistência ao Câncer Infantil (Gpaci).
(Fonte: G1)