Correio de Carajás

Após usuários reclamarem do atendimento, servidores do INSS trancam porta do prédio

Após usuários reclamarem do atendimento, servidores do INSS trancam porta do prédio

Uma cena de total descaso e deboche com usuários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), em Parauapebas, foi flagrada na tarde de ontem, segunda-feira (7), por equipe de Reportagem do Grupo Correio de Comunicação. Após concederam entrevista para o programa Fala Cidade, da TV Correio (SBT), duas mulheres foram trancadas para fora do prédio por reclamarem do atendimento.

Uma delas, inclusive, pediu que não fosse mais veiculado o nome e a imagem dela, com medo de represálias e de sofrer ainda mais para conseguir acesso ao benefício do filho, de 25 anos, que é portador de deficiência e tem direito ao o Benefício de Prestação Continuada (BPC), um programa do Governo Federal que é gerenciado pelo INSS.

Para receber o pagamento, entretanto, ele precisa ser submetido à perícia médica e é aí que começa o problema. A mãe, que é dona de casa, conta que esta é a quarta vez que vai ao prédio porque a médica responsável pela realização da perícia raramente comparece ao local de trabalho.

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“Meu filho tem falta de oxigênio cerebral e precisa do benefício. Ele tem 25 anos, é muito agitado e está ali muito nervoso. Não temos mais dinheiro pra pagar mototáxi porque vem um pra mim e um pra ele, de onde tirar?”, reclamou, acrescentando que necessita do valor para aquisição de remédios, roupas, calçados e alimentação. “É o básico que a gente tá precisando. Um salário (mínimo) é pouco, mas dá pra gente sobreviver”, comenta.

Nesta segunda, diz, após ser reagendada outra vez, chegou ao local acompanhada do filho por volta de meio-dia e meia. A médica, que não teve o nome divulgado, havia chegado apenas às 15 horas. “Vem gente de fora que nem tem onde ficar e na hora a doutora não vem, o que a gente faz? Vim quatro vezes e sempre a médica não vem, reagenda e ela continua não vindo. Hoje ela chegou atrasada”, reclama.

A autônoma Erlana Silva Moreira procurou o INSS acompanhando o marido que também deveria ser submetido ao exame e disse ter encontrado vários usuários que estão cansados de irem ao local e saírem sem atendimento, “Eu acho um descaso porque para começar a gente chega e o atendimento por parte de alguns servidores não é legal. Todo mundo que vem pra cá está precisando de alguma coisa, vem porque está necessitando do governo e chegando aqui, além do tratamento de descaso, fica aguardando uma pessoa sem a certeza de que essa pessoa vai vir”, ressalta.

Ela diz ter chegado no local ao meio-dia e às 15 horas ainda aguardava a confirmação se haveria ou não atendimento. “A gente ficou aguardando, aguardando, disseram que não sabiam se a médica viria fazer a perícia. Não moro em Parauapebas como é o caso de muitas pessoas que estão lá dentro, que vem de longe. Tem gente com dor, passando mal, esperando uma pessoa que é paga para ir trabalhar, que está com saúde, mas que chega 15 horas quando o horário agendado era 13 horas”.

Ela afirma ter conhecimento de pessoas que perderam o processo do benefício por conta das ausências de profissionais médicos. “Veio quatro vezes e não foi atendido porque a médica não veio e ficou registrado como se a pessoa não tivesse procurado. É injusto porque quando é pra descontar do pagamento é automático, mas quando nós que precisamos aí acontece esse descaso”, finalizou.

A Reportagem encaminhou pedido de posicionamento à assessoria de comunicação do INSS, que se prontificou a responder, mas até o momento não enviou nota. (Luciana Marschall e Adersen Arantes)