Correio de Carajás

Após um ano, mãe vê a filha e pai se pronuncia pelo caso

Após quase 10 dias em Marabá, Tânia Mara dos Santos Bernardell conseguiu ver por aproximadamente 20 minutos a filha de três anos, que está em posse do pai, Otavio Rocha, na noite de terça (4). De acordo a mãe, o encontro se deu após intervenção de um delegado de Polícia Civil, o mesmo que confeccionou um Termo Circunstanciado de Ocorrência contra ela por invasão de domicílio.

No último dia 28 ela esteve na redação do Jornal Correio e do Portal Correio de Carajás, acompanhada da advogada, informando que a criança está em poder do pai biológico e alegando que ele teria se mudado do Rio de Janeiro para Marabá sem comunicá-la, interrompendo os laços entre mãe e filha. No ano passado, a menina ficou aos cuidados do pai para que Tânia viajasse à Espanha, onde cursaria doutorado, período em que houve a mudança de residência dele.

De volta ao Brasil, Tânia diz ter iniciado uma busca desesperada pela filha até chegar em Marabá. No último dia 26 ela recebeu da 1ª Vara Cível, da Comarca local, um mandado de busca e apreensão para reaver a criança. Ele, no entanto, conseguiu no dia seguinte uma liminar do Tribunal de Justiça do Estado do Pará mantendo a guarda.

Leia mais:

Para Tânia, de dentro do Fórum de Marabá alguém informou Otávio da decisão judicial, vez que mesmo sem ser notificado ele recorreu em segunda instância. Ela sustenta que encaminhou incontáveis mensagens de texto e e-mails ao pai solicitando poder ver a menina, mas não conseguiu acordo e nem sempre era respondida.

#ANUNCIO

Em Marabá, diz, procurou a filha na casa de Otávio e na escola em que ela está matriculada, mas não a encontrou, entendendo que ele estivesse escondendo a criança. Em última tentativa de ver a menina, já que embarcou para o Rio de Janeiro nesta quarta (4), na tarde de terça ela foi à residência onde Otávio vive com a atual companheira e mais dois filhos, no Núcleo Cidade Nova, acompanhada de estudantes universitários, os quais afirma ter levado como testemunhas.

Ela justificou a ação afirmando que tentaria uma aproximação pacífica, sem presença policial que, segundo ela, era um dos argumentos utilizados por Otávio para não deixá-la ter acesso à criança. Na residência, Tânia disse que encontrou o portão aberto e entrou, acompanhada de uma pessoa e pedindo licença, mas foi expulsa da casa. Otávio, então, chamou a Polícia Militar, que deslocou três viaturas para a rua.

Em posse de um vídeo que mostra Tânia dentro da residência, a companheira de Otávio decidiu representar contra ela e a colega por invasão de domicílio e as três seguiram para a Delegacia de Polícia Civil. Durante o depoimento, o delegado responsável pelo caso se sensibilizou com a história de Tania e a acompanhou até a casa de Otávio, solicitando que este deixasse a mãe ter contato com a filha, o que acabou ocorrendo. “Ela não me reconhece. Não quis vir no meu colo, está muito alienada de mim. Foi um ano de alienação forte”, comentou ao Correio de Carajás.

A mãe reclamou que a aproximação deveria ter sido feita com acompanhamento de uma equipe multidisciplinar. Tânia informou que o juízo local determinou que o processo volte a correr no Rio de Janeiro, o que ela considerou uma vitória já que a criança é nascida lá. “Fiquei um ano sem ver minha filha, ele decidiu que ela deveria esquecer a mãe. Fiz vários apelos para me deixar ver minha filha”. O processo pela guarda da menina deverá ocorrer na 12ª Vara da Família do Rio de Janeiro, ainda assim Tânia pretende recorrer da decisão da desembargadora do tribunal paraense.

OUTRO LADO

Na manhã desta quarta, o Correio de Carajás entrou em contato com Otávio e ele concordou em falar sobre o caso, se deslocando até a sede do Grupo Correio para conversar com a Reportagem. Falou sobre o segredo de Justiça aplicado ao caso, já que envolve menor de idade, e argumentou que por este motivo não iria entrar em detalhes sobre o teor do processo, porém apresentou as decisões judiciais que mantêm a guarda em poder dele.

Se defendeu da acusação feita por usuários de redes sociais, de que seria foragido de Justiça e teria um mandado de prisão expedido contra ele por não pagar pensão alimentícia durante dois meses. Conforme ele, o mandado não existe mais e, neste período, a criança já vivia com ele e por isso não foram recolhidos os valores referentes à pensão.

Otávio relatou que o acordo verbal inicial, quando Tânia viajou à Espanha em abril do ano passado, era de que ele passaria três meses com a menina e ela viria ao Brasil em julho de 2017 para os dois reverem a situação. Afirma que neste período já estava morando em Marabá e que a mãe sempre soube dessa informação, constando o atual endereço há pelo menos um ano nos autos do processo de guarda.

Em julho, diz, viajou ao Rio de Janeiro acompanhado da criança e dos outros dois filhos, mas afirma que Tânia não veio ao Brasil como previamente combinado. Ele sustenta que ela retornou em outubro, quando ele não tinha viagem marcada ao estado onde os dois viviam anteriormente. Em seguida, alega, ela realizou uma denúncia por subtração de incapaz, solicitando a guarda que foi negada pela Justiça fluminense.

Tânia ainda registrou um boletim de ocorrência por ameaça de morte contra Otávio – acusação negada por ele –, que resultou na determinação de medidas protetivas favoráveis a ela. Este é o argumento utilizado por ele para ter cessado o contato com a ex, já que foi notificado de que não poderia manter contato com a mulher ou com familiares dela nem por telefone, menos ainda se aproximar.

Acrescentou que a advogada que o acompanha, assim que foi notificada sobre a existência da liminar da Comarca de Marabá, impetrou agravo de instrumento, derrubando-a em segunda instância. Informou que no final do último ano foi realizado um estudo social e durante dois meses foi acompanhada, para constar no processo, como era a convivência familiar da criança.

Sobre a repercussão do caso em redes sociais, ele afirma que já acionou a Delegacia de Crimes Virtuais e representou contra vários usuários, afirmando estarem sendo disseminadas inverdades e ter sido publicada fotografia da filha, menor de idade. Diz que precisou sair de um restaurante em Marabá nesta semana, onde tentava almoçar com a família, além de ter perdido contratos de engenharia após ter sido acusado publicamente de sequestrar a filha e ser foragido de Justiça.

Diz que a família está sofrendo constrangimento não apenas pelas mídias sociais, mas também na comunidade em que está inserida, uma vez que viaturas policiais têm ido à casa dele e a situação causa movimentação na rua em que vive, além de ter chegado ao conhecimento das pessoas com quem os filhos convivem no ambiente familiar.

Sobre ele e a criança não terem sido encontrados quando foi expedido o mandado de busca e apreensão, Otávio alega que em um primeiro momento não sabia da decisão judicial e que estava fora da cidade a trabalho, tendo levado a filha junto como faz rotineiramente. (Luciana Marschall)

 

Após quase 10 dias em Marabá, Tânia Mara dos Santos Bernardell conseguiu ver por aproximadamente 20 minutos a filha de três anos, que está em posse do pai, Otavio Rocha, na noite de terça (4). De acordo a mãe, o encontro se deu após intervenção de um delegado de Polícia Civil, o mesmo que confeccionou um Termo Circunstanciado de Ocorrência contra ela por invasão de domicílio.

No último dia 28 ela esteve na redação do Jornal Correio e do Portal Correio de Carajás, acompanhada da advogada, informando que a criança está em poder do pai biológico e alegando que ele teria se mudado do Rio de Janeiro para Marabá sem comunicá-la, interrompendo os laços entre mãe e filha. No ano passado, a menina ficou aos cuidados do pai para que Tânia viajasse à Espanha, onde cursaria doutorado, período em que houve a mudança de residência dele.

De volta ao Brasil, Tânia diz ter iniciado uma busca desesperada pela filha até chegar em Marabá. No último dia 26 ela recebeu da 1ª Vara Cível, da Comarca local, um mandado de busca e apreensão para reaver a criança. Ele, no entanto, conseguiu no dia seguinte uma liminar do Tribunal de Justiça do Estado do Pará mantendo a guarda.

Para Tânia, de dentro do Fórum de Marabá alguém informou Otávio da decisão judicial, vez que mesmo sem ser notificado ele recorreu em segunda instância. Ela sustenta que encaminhou incontáveis mensagens de texto e e-mails ao pai solicitando poder ver a menina, mas não conseguiu acordo e nem sempre era respondida.

#ANUNCIO

Em Marabá, diz, procurou a filha na casa de Otávio e na escola em que ela está matriculada, mas não a encontrou, entendendo que ele estivesse escondendo a criança. Em última tentativa de ver a menina, já que embarcou para o Rio de Janeiro nesta quarta (4), na tarde de terça ela foi à residência onde Otávio vive com a atual companheira e mais dois filhos, no Núcleo Cidade Nova, acompanhada de estudantes universitários, os quais afirma ter levado como testemunhas.

Ela justificou a ação afirmando que tentaria uma aproximação pacífica, sem presença policial que, segundo ela, era um dos argumentos utilizados por Otávio para não deixá-la ter acesso à criança. Na residência, Tânia disse que encontrou o portão aberto e entrou, acompanhada de uma pessoa e pedindo licença, mas foi expulsa da casa. Otávio, então, chamou a Polícia Militar, que deslocou três viaturas para a rua.

Em posse de um vídeo que mostra Tânia dentro da residência, a companheira de Otávio decidiu representar contra ela e a colega por invasão de domicílio e as três seguiram para a Delegacia de Polícia Civil. Durante o depoimento, o delegado responsável pelo caso se sensibilizou com a história de Tania e a acompanhou até a casa de Otávio, solicitando que este deixasse a mãe ter contato com a filha, o que acabou ocorrendo. “Ela não me reconhece. Não quis vir no meu colo, está muito alienada de mim. Foi um ano de alienação forte”, comentou ao Correio de Carajás.

A mãe reclamou que a aproximação deveria ter sido feita com acompanhamento de uma equipe multidisciplinar. Tânia informou que o juízo local determinou que o processo volte a correr no Rio de Janeiro, o que ela considerou uma vitória já que a criança é nascida lá. “Fiquei um ano sem ver minha filha, ele decidiu que ela deveria esquecer a mãe. Fiz vários apelos para me deixar ver minha filha”. O processo pela guarda da menina deverá ocorrer na 12ª Vara da Família do Rio de Janeiro, ainda assim Tânia pretende recorrer da decisão da desembargadora do tribunal paraense.

OUTRO LADO

Na manhã desta quarta, o Correio de Carajás entrou em contato com Otávio e ele concordou em falar sobre o caso, se deslocando até a sede do Grupo Correio para conversar com a Reportagem. Falou sobre o segredo de Justiça aplicado ao caso, já que envolve menor de idade, e argumentou que por este motivo não iria entrar em detalhes sobre o teor do processo, porém apresentou as decisões judiciais que mantêm a guarda em poder dele.

Se defendeu da acusação feita por usuários de redes sociais, de que seria foragido de Justiça e teria um mandado de prisão expedido contra ele por não pagar pensão alimentícia durante dois meses. Conforme ele, o mandado não existe mais e, neste período, a criança já vivia com ele e por isso não foram recolhidos os valores referentes à pensão.

Otávio relatou que o acordo verbal inicial, quando Tânia viajou à Espanha em abril do ano passado, era de que ele passaria três meses com a menina e ela viria ao Brasil em julho de 2017 para os dois reverem a situação. Afirma que neste período já estava morando em Marabá e que a mãe sempre soube dessa informação, constando o atual endereço há pelo menos um ano nos autos do processo de guarda.

Em julho, diz, viajou ao Rio de Janeiro acompanhado da criança e dos outros dois filhos, mas afirma que Tânia não veio ao Brasil como previamente combinado. Ele sustenta que ela retornou em outubro, quando ele não tinha viagem marcada ao estado onde os dois viviam anteriormente. Em seguida, alega, ela realizou uma denúncia por subtração de incapaz, solicitando a guarda que foi negada pela Justiça fluminense.

Tânia ainda registrou um boletim de ocorrência por ameaça de morte contra Otávio – acusação negada por ele –, que resultou na determinação de medidas protetivas favoráveis a ela. Este é o argumento utilizado por ele para ter cessado o contato com a ex, já que foi notificado de que não poderia manter contato com a mulher ou com familiares dela nem por telefone, menos ainda se aproximar.

Acrescentou que a advogada que o acompanha, assim que foi notificada sobre a existência da liminar da Comarca de Marabá, impetrou agravo de instrumento, derrubando-a em segunda instância. Informou que no final do último ano foi realizado um estudo social e durante dois meses foi acompanhada, para constar no processo, como era a convivência familiar da criança.

Sobre a repercussão do caso em redes sociais, ele afirma que já acionou a Delegacia de Crimes Virtuais e representou contra vários usuários, afirmando estarem sendo disseminadas inverdades e ter sido publicada fotografia da filha, menor de idade. Diz que precisou sair de um restaurante em Marabá nesta semana, onde tentava almoçar com a família, além de ter perdido contratos de engenharia após ter sido acusado publicamente de sequestrar a filha e ser foragido de Justiça.

Diz que a família está sofrendo constrangimento não apenas pelas mídias sociais, mas também na comunidade em que está inserida, uma vez que viaturas policiais têm ido à casa dele e a situação causa movimentação na rua em que vive, além de ter chegado ao conhecimento das pessoas com quem os filhos convivem no ambiente familiar.

Sobre ele e a criança não terem sido encontrados quando foi expedido o mandado de busca e apreensão, Otávio alega que em um primeiro momento não sabia da decisão judicial e que estava fora da cidade a trabalho, tendo levado a filha junto como faz rotineiramente. (Luciana Marschall)