No Brasil, apenas 17% das pessoas enxerga o envelhecimento de forma negativa, enquanto 97% demonstram algum nível de interesse pelo tema. É o que aponta a nova edição do Indicador de Longevidade Pessoal (ILP), pesquisa realizada pela Edelman para o Grupo Bradesco Seguros.
O trabalho, divulgado na segunda-feira (20) à imprensa, mostra que, embora a consciência sobre a longevidade seja alta, ainda existem lacunas em planejamento e prática para envelhecer com qualidade. O dado é relevante diante do crescimento da expectativa de vida do brasileiro e da população idosa no Brasil: em 2050, a expectativa é de que quase 30% da população (mais de 66 milhões de pessoas) terá mais de 60 anos, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A segunda edição do ILP foi realizada com 4.400 respondentes de todas as regiões do Brasil, com idade igual ou superior a 18 anos. O objetivo da pesquisa era entender como os brasileiros encaram o envelhecimento e se estão preparados para viver mais e melhor.
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Para isso, foram analisados seis pilares, desenvolvidos em parceria com o gerontólogo Alexandre Kalache, considerados fundamentais para a longevidade. Cada um deles recebia uma pontuação:
- Atitudes em relação à longevidade (20 pontos);
- Saúde física (20 pontos);
- Saúde mental (20 pontos);
- Interações sociais e meio ambiente (20 pontos);
- Cuidados de saúde e prevenção (10 pontos);
- Finanças (10 pontos).
Entre os pilares, as atitudes em relação à longevidade apresentou a pontuação mais alta nas pesquisa, enquanto o “finanças” teve o desempenho mais baixo.
Além da leitura nacional, a nova edição da pesquisa analisou em profundidade 10 estados: Amazonas, Bahia, Distrito Federal, Goiás, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo.
Entre os destaques estão: 79% brasilienses dizem buscar novas habilidades ou conhecimentos com alta frequência; 42% dos baianos consideram a longevidade uma prioridade em suas vidas; e 79% dos paulistas consideram o impacto de suas atitudes no futuro sempre ou frequentemente.
“O que quer dizer longevidade? É a longa vida, e essa vida mais longa vem cheia de surpresas, nem sempre boas ou as que você escolheria. Então, crie reservas para a saúde, capriche. Se você puder escolher alimentos saudáveis, [escolha], porque muita gente sabe o que é bom, mas não tem poder aquisitivo para comprá-lo”, afirma Kalache em entrevista à CNN.
O especialista elenca, ainda, outras dicas que considera essenciais para envelhecer com qualidade de vida, incluindo adquirir conhecimentos, aprender a utilizar novas tecnologias, manter um bom convívio social com amigos e familiares, incluindo pessoas de gerações mais jovens.
Jovens e homens são os menos engajados com cuidados para o envelhecimento
Segundo a pesquisa, 84% das pessoas consideram a longevidade como prioridade ou se importam muito com o tema. O interesse pelo assunto aumenta com a idade: pessoas com mais de 50 anos lideram o interesse para aprender mais sobre o tema (45%), enquanto mais jovens demonstram o menor engajamento (25%).
Em relação ao conhecimento sobre longevidade, 78% das pessoas buscam novas habilidades e conhecimentos com frequência e, entre o público com mais de 50 anos, o número é ainda mais relevante: 85% buscam aprender novas habilidades ou adquirir conhecimentos.
O estudo também mostrou que sete em cada 10 pessoas se inspiram em pessoas mais velhas, enquanto apenas 10% têm jovens como referência.
“A melhor forma de engajar um jovem para que ele possa pensar na longevidade é fazer com que ele conviva com pessoas mais idosas”, afirma Kalache. “É preciso fazer com que exista uma troca entre as gerações para poder aprender a crescer, a se desenvolver e a envelhecer.”
Outra descoberta do estudo é que o acesso à informação sobre prevenção cresce com a idade: 77% das pessoas se atentam a informações preventivas, mas o interesse é maior entre pessoas com 50 anos ou mais (87%). No entanto, as mulheres são mais engajadas do que os homens na prevenção (82%).
“Nós temos que melhorar a percepção do envelhecimento, deixar de sermos idonistas como somos, [deixarmos de pensar] que o velho é o outro, que não tem nada a ver comigo, e fazer com que o homem pense melhor, que ele também deve participar e não só ser recipiente do cuidado”, afirma Kalache.
Outras descobertas do estudo envolvem relação do brasileiro com saúde física e mental
A pesquisa mostrou, ainda, que os cuidados com a saúde mental é um desafio para a população mais jovem, mas é mais fácil entre as pessoas maduras. Segundo o levantamento, a satisfação pessoal cresce com a idade: 56% das pessoas com 50 anos ou mais dizem sentir-se bastante ou extremamente bem consigo mesmas.
Além disso, três em cada quatro pessoas praticam atividade física, mas apenas 36% mantêm rotina de treinar quatro dias ou mais por semana. De acordo com o estudo, 74% da população pratica alguma atividade física, com destaque para os homens (79%) e para o público 50+ (74%), que também é o mais constante na prática.
(Fonte:CNN Brasil/Gabriela Maraccini)