Portuguesa somente na certidão de nascimento, pois foi trazida pela família para o Brasil quando tinha menos de um ano, Maria do Carmo Miranda da Cunha (9 de fevereiro de 1909 – 5 de agosto de 1955) – a cantora projetada em 1930 com o nome de Carmen Miranda – ainda é uma das mais perfeitas traduções da imagem tropicalista do Brasil no universo pop planetário.
Não foi por acaso que Anitta entrou ontem, 24 de junho de 2018, no Palco Mundo do Rock in Rio Lisboa, ao som da batida funk de remix do choro Tico-tico no fubá (Zequinha de Abreu, 1931), com evocação dessa imagem tropical no figurino estiloso que usou para abrir o show.
Também não foi por acaso que, há dois anos, a cantora Roberta Sá deu voz ao mesmo choro do compositor Zequinha de Abreu (1880 – 1935) – gravado por Carmen em 1945 quando já morava nos Estados Unidos e editava discos pela gravadora norte-americana Decca – vestida com as cores e o turbante da pioneira Carmen na cerimônia de encerramento das Olimpíadas disputadas em 2016 na cidade do Rio de Janeiro (RJ).
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Em bom português: as cantoras ainda apelam para a imagem de Carmen Miranda quando cantam em eventos em que o mundo fica de olho no Brasil.
Nos anos 1930, década que marcou o início da era do rádio, Carmen Miranda se consagrou como a primeira popstar do Brasil. Nos anos 1940, já nos Estados Unidos, a cantora se tornou a Brazilian Bombshell, reforçando a imagem tropicalista (e, sim, estereotipada) do Brasil no mundo.
O país do futebol já foi também o país do samba e atualmente é o país do funk (e do sertanejo pop). Mas a figura de Carmen Miranda continua no trono, emblemática, já cristalizada no imaginário mundial.
(Por Mauro Ferreira, G1)