O Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2022, revela um quadro misto sobre a alfabetização no Pará, destacando Marabá e Parauapebas com avanços significativos, mas também expondo desigualdades persistentes. Para quem não sabe ler ou escrever, essas estatísticas podem parecer distantes, mas elas têm um impacto direto em sua vida e nas oportunidades disponíveis destas pessoas.
AVANÇOS QUE NÃO CONTAM TODA A HISTÓRIA
Marabá e Parauapebas têm mostrado progresso razoável em suas taxas de alfabetização. Marabá, com uma população de 283.542 pessoas, alcançou uma taxa de 92,2% de alfabetização entre os maiores de 15 anos. Isso significa que 138.888 pessoas nesta faixa etária são alfabetizadas. Já Parauapebas, com 213.576 habitantes, está ainda à frente, com uma taxa de 94,56%, refletindo uma população de 186.428 pessoas alfabetizadas.
Leia mais:Embora esses números pareçam positivos, eles não contam toda a história. O fato de que 7,8% da população de Marabá e 5,44% da de Parauapebas ainda não saberem ler ou escrever indica que uma parte significativa da população ainda enfrenta barreiras importantes no acesso à educação. Esses dados revelam que, apesar dos avanços, ainda há um longo caminho a percorrer.
PANORAMA ESTADUAL
A taxa de alfabetização no Pará, que é de 91,24%, ainda deixa 8,76% da população sem acesso à leitura e escrita. Embora tenha havido um aumento em relação aos 88,3% de 2010, o estado continua a enfrentar desafios substanciais. Com o Pará ocupando a 16ª posição no ranking nacional de alfabetização, é claro que o progresso não é uniforme.
Belém, a capital, apresenta uma taxa de 93,5%, superior à média estadual, enquanto Santarém está ligeiramente atrás, com 91,8%. Apesar de Marabá e Parauapebas estarem acima da média estadual, isso não resolve a questão central: o que está sendo feito para alcançar aqueles que continuam à margem?
GÊNERO E RAÇA
A análise de gênero mostra que a maioria dos alfabetizados são mulheres (46,66% dos alfabetizados), enquanto os homens representam 44,58%. Entre os não alfabetizados, os homens são mais representados (4,96%) do que as mulheres (3,80%). Isso sugere uma necessidade urgente de políticas que abordem as desigualdades de gênero no acesso à educação.
No que diz respeito à raça, as desigualdades são ainda mais marcantes. A população que se identifica como “amarela” tem a maior taxa de alfabetização (95,51%), seguida pela população branca (93,43%). As populações parda e preta enfrentam taxas mais baixas, com 91,17% e 88,34%, respectivamente.
A população indígena está em uma situação ainda mais crítica, com uma taxa de alfabetização de apenas 83,3%. Esses números indicam que a cor da pele ainda determina, em grande medida, o acesso à educação de qualidade.
DESIGUALDADES
Esses dados apontam para um panorama que vai além das estatísticas. Enquanto Marabá e Parauapebas mostram avanços, a realidade é que ainda há muitas pessoas lutando contra a falta de alfabetização, e as desigualdades raciais e de gênero precisam ser enfrentadas com urgência.
Para quem ainda não sabe ler ou escrever, a questão não é apenas um número, mas uma barreira real que afeta todas as áreas da vida, desde o acesso a empregos até a capacidade de participar plenamente na sociedade. As políticas públicas devem focar em eliminar essas barreiras, oferecendo apoio e recursos para aqueles que mais precisam.
O progresso é visível, mas a luta contra o analfabetismo está longe de acabar. É preciso continuar investindo em educação e enfrentando as desigualdades para garantir que todos, independentemente de sua cor, gênero ou origem, tenham a oportunidade de aprender e prosperar. (Thays Araujo)