Correio de Carajás

Amordaçados e assassinados tinham problemas com a Justiça em Marabá

Final de semana sangrento tem três homens executados em Marabá; dois deles foram amarrados e amordaçados

A Divisão de Homicídios da Polícia Civil de Marabá abriu dois inquéritos para investigar as mortes de Jardel Gomes do Nascimento, de 27 anos, o “Canetinha”, e Ricardo Leal da Silva, de 26 anos, em uma dupla execução registada no Bairro Infraero, Núcleo Cidade Nova, e de Bismawy Tayan Souza Prates, conhecido como “Torô”, de 24 anos, também assassinado a tiros no Residencial Magalhães, Núcleo São Félix.

Os corpos dos dois primeiros foram localizados em uma área desabitada e de matagal, às 7h20 de domingo (20). Jardel e Ricardo estavam amordaçados e com as mãos e pés presos com fita isolante. Um vídeo mostrando os corpos chegou a ser gravado por uma testemunha e circulou por redes sociais. No início das imagens, é possível ouvir a voz de uma mulher chocada com a cena: “meu Deus do céu!”.

De acordo com o delegado Toni Vargas, responsável pelas investigações, o crime ocorreu provavelmente na noite anterior, por volta de meia-noite, devido ao estado de rigidez que apresentavam os cadáveres.

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A equipe policial foi chamada após moradores da região encontrarem os corpos e acionarem o Núcleo Integrado de Operações Policiais (NIOP-19) informando sobre o duplo homicídio. As vítimas foram mortas por disparos de arma de fogo na região da cabeça.

No Residencial Magalhães, também no domingo, mas ainda na madrugada, Bismawy também foi morto a tiros, por volta de 01h50. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) chegou a ser acionado, mas a vítima não resistiu. Não foram divulgados detalhes sobre as circunstâncias da execução.

PASSAGENS CRIMINAIS

Todos eles têm em comum, além da data da morte, a ficha criminal suja. O caso de Jardel Gomes do Nascimento é o mais grave, uma vez que ele respondia em liberdade a um processo por homicídio.

Jardel era acusado de ter matado Reginaldo Souza de Assis, de 39 anos, cujo corpo foi encontrado às margens do Rio Itacaiúnas, no local conhecido como Balneário Gameleira, nas proximidades do Bairro Vale do Itacaiúnas, em maio de 2019.

Segundo o processo, a vítima teria supostamente subtraído entorpecentes de Jardel, que teria a assassinado com um disparo de arma de fogo e jogado o corpo nas margens do rio, com a finalidade de ocultá-lo.

Jardel já havia sido pronunciado em janeiro de 2020 e em março do mesmo ano ele recebeu o direito de continuar respondendo ao processo em liberdade, por estar com tuberculose em meio à pandemia de covid-19. O Tribunal do Júri ao qual ele seria submetido estava agendado para o próximo mês, dia 7 de abril. Além deste, ele também respondia a processos por tráfico de drogas.

Em relação a Ricardo, o Jornal Correio identificou um processo por furto em Itupiranga. Ele chegou a ser preso em flagrante em janeiro deste ano, mas teve liberdade condicional decretada pela justiça. Além disso, já foi condenado em outro procedimento e estava cumprindo a pena em regime aberto.

Já Bismawy Tayan respondia a dois processos por tráfico de drogas e um por receptação. Em 2019, ele chegou a ser citado neste jornal quando tentou fugir do Centro de Recuperação Agrícola Mariano Antunes (Crama) enquanto estava preso. Na época, a Polícia Militar o localizou caminhando pela Rodovia Transamazônica (BR-230), que dá acesso à casa penal.

 (Luciana Marschall)