Correio de Carajás

Amor que floresce na pandemia não acaba

O relacionamento de Kelson e Jhoseline transcendeu todas as fases da covid-19 e superou até mesmo um acidente grave que ela sofreu, ficando tetraplégica

✏️ Atualizado em 12/06/2022 18h27

Os últimos anos têm sido marcados pela pandemia da covid-19 e – ainda que tenha havido um avanço no combate à doença com a vacinação – são muito claros os efeitos a longo prazo causados na política e na economia, mas também nas relações interpessoais.

Com as restrições e fechamentos de estabelecimentos como bares e restaurantes, o flerte teve que migrar ainda mais para a tela do celular, por meio das redes sociais e dos aplicativos de relacionamento. Enquanto havia muitas dúvidas se os relacionamentos já estabelecidos sobreviveriam à quarentena, alguns começavam a surgir dentro do isolamento.

É o caso de Kelson Oliveira Batista, de 45 anos, contator técnico administrativo no Hospital Geral de Parauapebas, e Jhoseline Correa Feitosa Oliveira, estudante de 34 anos, que se conheceram no dia 11 de abril de 2020, e naquele mesmo ano começaram a namorar e morar juntos.

Leia mais:

A história do casal começou cerca de uma semana antes de um lockdown na cidade de Parauapebas, durante um almoço promovido por um casal em comum de ambos. Segundo eles, a paixão foi à primeira vista, e naquele mesmo dia já começaram a demonstrar o interesse um pelo outro.

Com o passar dos dias – e conversando pelas redes sociais – eles resolveram jantar na casa de Kelson, já que os restaurantes e bares estavam sob restrições. O casal relembra que, pouco antes daquele primeiro encontro, Jhoesline quebrou o dedo enquanto ensinava o sobrinho a ‘plantar bananeira’ para gravar um TikTok, e a noite de encontro iniciou no hospital.

Foi a partir daí que o relacionamento começou a avançar. Isolados, os dois se restringiam aos poucos encontros um na casa do outro e, com o tempo, começaram a se afeiçoar pela companhia mútua – algo novo para Kelson, habituado aos tempos livres a sós após o divórcio, que costumava dedicar às suas leituras.

Passados alguns meses, por volta de setembro daquele ano, eles decidiram unir as famílias. Ele com uma filha e ela levou dois sobrinhos para morar juntos. Quinze dias depois, no entanto, algo aconteceu: Jhoseline sofreu um acidente no trabalho, onde caiu de uma escada.

O acidente a deixou 21 dias internada, chegando a ir para a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e ficar paraplégica por algum tempo. De acordo com o casal, alguns médicos temiam que ela não recuperasse o movimento das pernas, mas com o suporte de profissionais, da fisioterapia e também de seu parceiro, acabou conseguindo se recuperar completamente, num processo que durou cerca de quatro meses.

Os namorados passaram por grandes dificuldades, sobretudo após o acidente que deixou Jhoseline paraplégica por meses

Eles relatam, bem-humoradamente, que a longevidade do relacionamento contrariou as expectativas dos amigos próximos, que não acreditavam que duraria a união de um calmo pisciano e uma energética ariana, mas eles conseguiram se acertar.

Desde então, o casal segue unido e feliz, com uma grande família. O noivado logo chegou e eles pretendem se casar em breve. Para todos os efeitos, ainda são jovens namorados que pretendem comemorar juntos o Dia dos Namorados, que eles unem à sua tradicional comemoração mensal do dia 11, data em que se conheceram.

No mesmo ano em que se conheceram, o casal começou a morar junto e ficaram noivos

O isolamento – aquele que geraria dúvida quanto à integridade dos relacionamentos – acabou sendo, para estes dois e para muitos outros, uma forma de se aproximar e conhecer, em meio às várias dificuldades, novas formas de amar, amar nos tempos de pandemia, como analogia ao Amor nos tempos do Cólera, de Gabriel García Márquez.

(Clein Ferreira)



Isso vai fechar em 20 segundos