Correio de Carajás

Amazonas registra em um só dia mais de 100 queimadas

Capital Manaus, e municípios da região sul do Amazonas, o chamado "arco do fogo", estão em emergência ambiental devido aos focos de calor registrados. Seca antecipada também afeta a região.

Brigadistas do Ibama tentam controlar fotos de queimada durante incêndio no sul do estado do Amazonas (foto de setembro de 2021) — Foto: REUTERS/Bruno Kelly/File Photo/

O Amazonas teve mais de cem focos de queimadas em apenas um dia, em meio à seca que se desencadeia na região. O registro é de terça-feira (16), e os dados são do Programa de BDQueimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Desde o início do mês de julho, o Amazonas tem registrado uma média de 21 focos de calor por dia. No entanto, na terça-feira (16), o número chegou a 117. No ano passado, nessa mesma data, foi registrado apenas um foco de calor. Já na quarta-feira (17), foram 70 queimadas.

  • 🔥 117 focos de incêndio registrados no dia 16 de julho de 2024;
  • 🔥 1 foco de incêndio registrado no dia 16 de julho de 2023;

 

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O Inpe também apontou que o município de Lábrea, na Região Sul do Amazonas, que é chamada de arco do fogo, é o segundo com mais focos de queimada de todo o país, em julho. Até a terça-feira, eram mais de 180 focos de calor só no município que tem forte presença da pecuária. A cidade só perde para Corumbá, no Pantanal de Mato Grosso do Sul.

Com isso, as queimadas no estado, somente em julho deste ano, chegaram a 443 focos na terça-feira. No ano passado, nesse mesmo período, eram 148. O aumento foi de 199%.

O estado já está em emergência ambiental devido aos focos de calor. Ao todo, são 22 dos 62 municípios do estado nessa situação. O cenário que se avizinha parece repetir 2023, quando o estado registrou mais de 20 mil queimadas ambientais, sendo o segundo pior ano desde 1998.

Em 2023, as queimadas também fizeram uma “onda” de fumaça atingir Manaus e outros municípios do estado durante os meses de outubro e novembro. Com isso, a qualidade do ar chegou a ser considerada péssima. Para o Ibama, o problema foi causado pelos agropecuaristas.

O g1 questionou a Secretaria Estadual de Meio Ambiente sobre as ações que estão sendo desenvolvidas para combater o avanço do fogo, mas até a publicação da matéria não obteve resposta.

Seca severa

O Amazonas já vive uma seca severa. Para o governo estadual, a situação neste ano pode ser ainda pior do que a vivida no ano passado, quando foi registrada a maior seca da história do Amazonas. Em Manaus, o Rio Negro desceu mais de 60 centímetros só em julho.

No município de Envira, na região Sudoeste do estado, mais de dez mil pessoas já foram impactadas pelo fenômeno, que também tem isolado comunidades, encalhado embarcações e causado problemas de abastecimento de insumos no município.

No dia 16 de julho de 2023, o Rio Tarauacá, que banha a cidade, media 8,55 metros. Um ano depois, o mesmo rio media medindo 5,26 metros.

Na foz do Rio Jurupari, um dos afluentes do Rio Envira, já é possível fazer o trajeto entre as duas margens a pé. No fim de semana, as águas mediam 1,22 metro. No ano passado, no mesmo período, as águas estavam em 6,77 metros.

A situação é tão crítica que o chefe da Defesa Civil aconselhou moradores das regiões ribeirinhas a se abrigarem na sede do município.

“Estamos pedindo que a população guarde alimentos, que as pessoas que estão em comunidades rurais, principalmente as que tenham problemas de saúde, possam vir para a sede do município porque existe sim um risco de isolamento”, disse Ismael Dutra.

 

Emergência ambiental

 

Estiagem severa também ajuda a aumentar o número de incêndios no Amazonas. — Foto: Divulgação/PC-AM
Estiagem severa também ajuda a aumentar o número de incêndios no Amazonas. — Foto: Divulgação/PC-AM

Estiagem severa também ajuda a aumentar o número de incêndios no Amazonas. — Foto: Divulgação/PC-AM

O governo do Amazonas decretou situação de emergência ambiental em 22 dos 62 municípios do estado. Segundo o estado, durante o período de 180 dias está proibido a prática de fogo, com o sem uso de técnicas de queima controlada.

As cidades em emergência ambiental são:

  • Apuí;
  • Novo Aripuanã;
  • Manicoré;
  • Humaitá;
  • Canutama;
  • Lábrea;
  • Boca do Acre;
  • Manaus;
  • Iranduba;
  • Novo Airão;
  • Careiro da Várzea;
  • Rio Preto da Eva;
  • Itacoatiara;
  • Presidente Figueiredo;
  • Manacapuru;
  • Careiro;
  • Autazes;
  • Silves;
  • Itapiranga;
  • Manaquiri.
  • Maués;
  • Tapauá.

 

Além disso, o Amazonas também decretou situação de emergência em 20 municípios, situados nas calhas do Juruá, Purus e alto Solimões, por conta da seca que atinge os rios no estado e que pode ser maior que a do ano passado, segundo a administração estadual. A medida tem duração de 180 dias.

(Fonte:G1)