Correio de Carajás

Alunos interditam a Transamazônica em protesto na Vila 1º de Março

Dezenas de moradores do assentamento protestam pelo início das aulas do ensino médio e por melhor infraestrutura/ Fotos: Josseli Carvalho

A BR-230, sentido São João do Araguaia, foi interditada nesta terça-feira (7) por moradores da Vila 1º de Março. A manifestação, segundo os presentes, acontece pela falta de infraestrutura na educação pública do assentamento, que sofre com falta de creche adequada, escola inacabada e aulas do ensino médio que nunca começaram. Apesar do foco no ensino, alguns também aproveitaram a ocasião para reivindicar melhorias na saúde.

Com cartazes e faixas, sob o sol escaldante desta manhã, dezenas de estudantes e pais de alunos fecharam a rodovia que liga Marabá a São João, ecoando: “Queremos escola, saúde e educação”.

Em determinado momento, atearam fogo em galhos de árvore e pneus. O congestionamento quilométrico foi pautado em grupos de WhastApp e nas redes sociais. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) precisou intervir para que nenhuma tragédia acontecesse.

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A reportagem do Correio de Carajás esteve no local e conversou com Marcela Matos da Silva, mãe de uma criança que está na creche do município e, de acordo com o relato da manifestante, o local é alugado e não possui climatização: “Lá, tem um parquinho com areia contaminada, inúmeras crianças foram infectadas e até o momento nada foi feito a respeito”, conta também.

Reivindicando seus direitos, Hudson Marinho Costa, estudante da escola “Educar para Crescer”, afirma que ele, bem como outros alunos, não consegue assistir às aulas devido à falta de climatização dentro das salas: “Não tem um ar condicionado, um ventilador se quer”, aponta. Esse ponto, inclusive, teria sido a gota d’água que inflamou a manifestação.

Além disso, o jovem diz que os estudantes do ensino médio ainda não tiveram nenhuma aula do semestre. Segundo Hudson, não há professores e, embora tenham sido convocados discentes, ninguém nunca se apresentou e os jovens seguem sem dar início ao ano letivo, já em maio.

“Como faremos o Enem no fim do ano, se não temos aula?”, indaga o aluno.

O aluno Hudson Marinho diz que, quem está tendo aula, sofre com o calor devido à falta de climatização

POSICIONAMENTO DA PREFEITURA

Por meio de uma nota de esclarecimento, a Secretaria de Educação de São João do Araguaia, afirma que: “As recentes manifestações ocorridas na manhã de hoje, dia 07 de maio de 2024, na BR-230, Rodovia Transamazônica, estão relacionadas às reivindicações quanto à estrutura educacional do ensino médio, sob responsabilidade do Governo do Estado do Pará.

É importante ressaltar que as aulas do ensino fundamental, competência do município por meio da Secretaria de Educação, estão ocorrendo normalmente, sem interrupções. A Prefeitura Municipal, em conjunto com a Secretaria de Educação, compreende e respeita as manifestações populares, reconhecendo que estas são parte integrante do exercício democrático.

Reafirmamos o compromisso da Prefeitura Municipal e da Secretaria de Educação com a garantia do direito à educação de qualidade para todos os cidadãos e cidadãs de São João do Araguaia. “Estamos abertos ao diálogo e empenhados em buscar soluções que atendam às demandas da comunidade, visando sempre o bem-estar e o desenvolvimento de nossos estudantes e de nossa cidade como um todo”.

Já o diretor da DRE (Diretoria Regional de Educação) da SEDUC, com sede em Marabá, informou que a comunidade pediu o fim do sistema modular, denominado SOME. A demora teria ocorrido em função da viabilidade financeira para contratação de professores para a modalidade “médio campo”, mas garantiu que a situação está sendo resolvida pela SEDUC, mas ainda não há data para início do ano letivo 2024. São quase 50 alunos do médio que aguardam o início do ano letivo.

(Thays Araujo, com informações de Josseli Carvalho)