Correio de Carajás

Alunos do IFPA são cortados de votação

A segunda-feira (19) amanheceu agitada nos portões do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará (IFPA) – Campus Industrial, em Marabá. Dezenas de estudantes da instituição interromperam a entrada de colegas após não terem os nomes publicados na listagem de pessoas aptas a votarem nas eleições para escolha da direção do Campus, que ocorrem nesta quinta (22). Para eles, trata-se de perseguição.

“Queremos nosso direito ao voto, um bem tão precioso que envolve democracia e acho que é um direito nosso. Essa direção já faz perseguição há muito tempo e só sabem dizer que não é, mas do nosso ponto de vista estão perseguindo alunos com insultos e assédio moral, não é algo que deva ocorrer numa instituição federal”, afirma Hallana Silva Santos, aluna Controle Ambiental.

Ela diz fazer parte do grêmio estudantil e afirma que a relação com a direção não é das melhores. “Sempre com discurso de que é vendido, que é comprado, que há controvérsias no grêmio. Já fui acusada de agressão física e verbal, disseram que eu tranquei uma novata, que eu estava perseguindo a garota. Quase fui agredida na porta quando estávamos impedindo a passagem e falando que estávamos fazendo um manifesto”, diz.

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Ana Vitória da Silva Nunes, que cursa Eletromecânica, afirma que na lista há cursos com apenas 10 alunos considerados aptos ao voto. “Apenas uma média de 10 alunos de Controle Ambiental, por exemplo, estão aptos a votar, sendo que há seis turmas. São mais de 200 alunos ao todo em três cursos integrado e seis subsequentes. Desde 2016 eles vivem cometendo injustiças, não são apoiadores dos alunos, impedindo a gente de fazer várias coisas, já tentamos fazer várias coisas e fomos impedidos, nunca tivemos apoio e por isso estamos nos manifestando, somos contra essa gestão”, declarou.

Barbara Saraiva, que também cursa Controle Ambiental, acha que aconteceu alguma “maracutaia” na escolha dos alunos. “Como conseguem excluir boa parte dos alunos de um curso e colocar 9 de 100 alunos? Os gestores não têm comunicação com muitas turmas, teve alunos que conheceram eles hoje, perseguem e assediam cursos e alunos que se colocam contrários a eles”.

Estudantes acreditam que a lista foi manipulada para que estudantes não votassem

OUTRO LADO

O diretor de Ensino da instituição, Diego Amador, explicou ao Jornal CORREIO que houve erro do Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas (Sigaa) no fornecimento da lista de alunos. “No dia 5 saiu uma lista de alunos aptos a votar, que tinha 577 nomes, quantidade exata de alunos que o campus tem. Em seguida, a comissão eleitoral solicitou que eu enviasse a eles uma listagem de alunos e puxei do sistema Siga. Essa veio com erro, tem menos de 400 alunos”.

Segundo ele, esta segunda lista acabou homologada pela comissão no dia 13. “Meu entendimento é de que não havendo recurso para uma lista publicada no dia 5 não havia motivos para alteração da lista, eu apenas encaminhei porque é período eleitoral e temos que atender ao que a comissão pede e puxei uma lista do sistema. No mesmo dia encaminhei e-mail à comissão pedindo a reavaliação da situação, informando o perigo de anularem a eleição. No dia 16 indeferiram minha solicitação de inclusão dos alunos”.

Ele acrescenta que, no mesmo dia, procurou o Ministério Público Federal (MPF) solicitando interferência no caso. “A gente compreende que é um erro ocorrido, primeiro do sistema e o segundo porque não havia motivo para a primeira não ser homologada. Não sabemos explicar ainda por qual motivo houve o erro do sistema na emissão da listagem”.

Já Marcelo Edgard Maia, diretor geral do IFPA, afirma que a nível administrativo a direção está em contato com a reitoria. “Estamos abrindo processo para que a nossa procuradora interfira junto à comissão central, para que ela acate a lista com todos os alunos porque não queremos eleição faltando votantes, queremos que seja democrático. A gente quer uma eleição com todos os alunos e todos os servidores, obviamente”, disse, acrescentando que caso a eleição ocorra no dia 22 sem a alteração da lista ela deverá ser posteriormente anulada. (Luciana Marschall com informações de Josseli Carvalho)