Correio de Carajás

Aluno do ensino público de Marabá lança livro de ficção científica

Autista, Paulo André encontrou uma forma de colocar em páginas toda sua criatividade e paixão por roteiros de teatro e animes

O lançamento de sua obra aconteceu na Escola Maria Doralice, onde tudo teria começado/ Fotos: Evangelista Rocha

O lançamento do livro “Os Defensores da Vila, o Reino em Apuros”, por Paulo André Oliveira da Silva, de 17 anos, é um feito notável que revela não apenas talento literário, mas também uma jornada de coragem e determinação diante do Transtorno do Espectro Autista (TEA). A história do jovem ganha contornos inspiradores ao refletir sobre como a educação e o apoio adequado podem abrir caminhos para a concretização de sonhos.

O Correio de Carajás esteve no lançamento da obra literária nesta semana na Escola Doralice Andrade Vieira e conversou com o escritor. Mantendo um pouco de mistério, ele adiantou que a sinopse é uma ficção científica que engloba magia e criaturas mágicas, algo que lhe desperta interesse. Além disso, a ciência também é trabalhada ao longo das páginas.

Paulo André compartilhou como a ideia de escrever o livro surgiu a partir de sua paixão por roteiros de teatro e animes. “Tudo começou quando participei de um teatro de fantoches e o que mais me fascinou foi quando li o roteiro que havia por trás”. Ali, o jovem percebeu o poder das palavras que, segundo ele, eram ricas em expressão e sentimentos, causando um fascínio.

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O jovem de 17 anos enfrentou e venceu obstáculos financeiros para ter a obra publicada

Outro ponto mencionado por ele foi a importância da escola em sua jornada criativa. Foi ali que tudo começou. “Neste ambiente encontrei apoio, onde minhas ideias tomaram forma”, relata, motivo pelo qual decidiu lançar a obra na instituição.

Com relação aos desafios enfrentados para publicar o livro, a gestora da instituição pública de Marabá, Maria da Consolação, conhecida como Tita, destacou a falta de recursos financeiros. Segundo ela, não havia subsídio para imprimir o livro e, a partir disso, começou uma luta coletiva do estudante e da comunidade escolar em busca da concretização deste sonho, ansiado por muitos.

“Nós sabemos que a educação pública é muito desvalorizada. Na nossa realidade, os professores não são valorizados e os pais também não valorizam a educação que os filhos recebem”, observa Tita, acrescentando que o momento é particularmente significativo considerando os desafios enfrentados diariamente.

A gestora Maria da Consolação conta que esse foi um sonho ansiado pelo jovem e pela escola

Para ela, ver um ex-aluno alcançar tal conquista é motivo de grande satisfação. “Esse momento é ímpar, de muita alegria e de muita satisfação. É gratificante e inspirador ver algo de bom acontecer em meio à desvalorização constante do ensino”.

(Thays Araujo)