Correio de Carajás

Alta dos materiais de construção implica em redução de contratações no Pará

Diferente do que vinha ocorrendo no ano passado, 2021 já inicia com queda nas contratações formais de trabalhadores ligados à construção civil. Um dos principais motivos dessa redução são os altos preços de materiais da construção, como aço, cabos elétricos, tubos e conexões de pvc, o que implica diretamente no fluxo financeiro das construtoras, afeta o andamento das obras e acaba resultando em demissão ou retração de novas contratações de colaboradores.

O alerta já vinha sendo divulgado pelo Sindicato da Indústria da Construção do Estado do Pará (Sinduscon-PA) como fator preponderante para redução do crescimento que o setor desempenhava. 

Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), janeiro de 2021 apresentou saldo negativo de 74 postos de trabalho, com maior quantitativo de demissões em comparação às contratações. Foram 4104 carteiras assinadas, contra 4165 desligamentos, o que colocou o Pará no quarto lugar de geração de emprego. Em setembro de 2020, quatro meses atrás, o estado era o primeiro na colocação, com saldo de 9763.

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Ainda segundo o Caged, a representação do setor para a economia também caiu, apresentando valor negativo de -61 nas participações, ficando apenas acima do setor de serviços. 

Com a instabilidade dos preços e da oferta de insumos, a expectativa é que o setor ainda continue sofrendo com as demasiadas mudanças, o que não afeta somente o estado, mas a economia brasileira de um modo geral, que precisa se fortalecer.

Preços dos materiais de construção

Em pesquisa lançada recentemente pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), calculado e divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), registrou alta de 1,89% em fevereiro/2021, a maior observada desde junho/2016 (1,93%). Neste mês o custo com a mão de obra ficou praticamente estável, com variação de 0,12%. Já o custo com materiais e equipamentos cresceu 4,38%, o que correspondeu ao maior aumento registrado desde novembro/2002 (4,41%).

Para o estudo, foram levados em conta as principais capitais do país: Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, Salvador e Porto Alegre. Com a elevação apresentada em fevereiro, o INCC/FGV acumulou, nos últimos 12 meses, incremento de 11,07%, o maior para um período de 12 meses desde fevereiro/2009 (11,67%).

As maiores influências positivas no aumento dos custos com materiais e equipamentos em fevereiro/2021, conforme o INCC/FGV foram: Vergalhões e arames de aço ao carbono (21,34%); Tubos e conexões de ferro e aço (11,56%); Tubos e conexões de PVC (7,39%); Tijolo/telha cerâmica (2,57%); Condutores elétricos (3,78%).

Ainda de acordo com a CBIC, de janeiro a novembro de 2020, os preços de tubos e conexões de PVC acumularam alta de 41,1%, enquanto o cimento teve aumento de 26,7%. Outros insumos como condutores elétricos tiveram reajuste de 52,4%, enquanto vergalhões subiram 26,6%.

Resultados de 2020

O ano passado fechou com saldo de 5.075 postos de trabalho. O aglutinado de dados até novembro do mesmo ano indicava o saldo de mais de 9 mil postos de emprego. Com os dados de dezembro e a alta redução do número de contratações, o valor reduziu-se pela metade.

Até o quarto trimestre de 2020 a indústria da construção seguiu crescendo, mesmo em ano atípico, com enfrentamento da primeira fase da pandemia e com cenário de recessão econômica. Segundo o último Censo Imobiliário de Belém e Ananindeua, os resultados de vendas de imóveis cresceram o triplo em comparação a 2019, com alta de mais de 200%. Agora, os impactos das altas dos materiais de construção estão sendo sentidos diretamente. (Divulgação/ Sinduscon-PA)