A sigla LGBTQIA+ está com os dias contados. Ao menos é o que afirma uma dissidência formada por lésbicas, gays e bissexuais: a Aliança LGB.
O movimento defende, sobretudo, a busca por direitos baseada na orientação sexual e no sexo biológico, deixando de lado pautas sobre identidade de gênero. Isso significa, explicam, a separação do “T” —de transexuais—em diante.
Fundada em 2019, no Reino Unido, a Aliança lançou seu manifesto internacional no último mês de setembro. Deu certo, e o chamado já chegou a outros 17 países, incluindo o Brasil. Aqui, conta com 50 membros. Em entrevista à Folha, o grupo explica sua atuação e relata seus planos.
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Não deu tempo. Na última quarta-feira (22), o plenário decidiu pela manutenção da norma.
A escolha por militar contra pautas trans rendeu à Aliança LGB acusações de ser preconceituosa e ter envolvimento com a extrema direita. Seus membros rechaçam tudo isso. “Discordar de políticas e ideologias não é o mesmo que discriminar pessoas”, afirmam. “Nosso compromisso é com a realidade material, a ciência e os direitos humanos universais.”
Eles explicam que suas as críticas não são contra as pessoas trans, mas contra a ideologia de gênero e as políticas públicas que, no entendimento deles, devem ser baseadas em evidências científicas, “principalmente quando envolvem crianças e adolescentes em procedimentos irreversíveis”.
Para os próximos anos, o movimento quer atuar em duas frentes: pela preservação do conceito de sexo biológico em documentos e estatísticas para políticas públicas e para garantir que o casamento homoafetivo não seja ameaçado por mudanças na jurisprudência do STF.
“Queremos um projeto de lei que assegure a manutenção do casamento entre pessoas do mesmo sexo e a contagem precisa dos crimes cometidos, sem distorções que ocorrem quando gênero e sexo são tratados como sinônimos”, explicam.
“A luta pelo movimento LGBTQIA+ só será completa quando for por todas as pessoas, incluindo travestis e pessoas trans. A separação proposta pela aliança não visa enfraquecer o movimento, mas sim garantir um espaço para que a realidade dos LGBs seja respeitada sem imposições externas”, afirmam.
Os debates propostos pela união de homo e bissexuais geraram forte repercussão dentro do movimento LGBTQIA+. Organizações como o Fórum de Empresas e Direitos LGBTI+ e a Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais) criticaram a separação proposta pelo grupo.
O Fórum defende que a diversidade sexual e de gênero deve ser tratada conjuntamente e que a fragmentação das pautas enfraquece o movimento todo.
Já a Antra, em um manifesto, defendeu que a luta pelo movimento LGBTQIA+ só será completa “se for por todas as pessoas”, incluindo travestis e pessoas trans.
