O fortalecimento da relação entre a universidade e o setor produtivo rural foi celebrado na 4ª edição do Agropec, realizada nesta terça (17) e quarta-feira (18), no auditório da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), Campus III, Cidade Jardim, em Marabá. Organizado por estudantes do curso de Agronomia, o evento reuniu produtores rurais, pesquisadores, profissionais do agro e alunos de diversas instituições, promovendo uma troca de conhecimentos voltada para a qualificação profissional e o desenvolvimento regional.
A programação contou com palestras, rodas de conversa, compartilhamento de experiências e debates sobre os desafios e oportunidades do setor rural na Amazônia, especialmente na região sudeste do Pará.
A iniciativa, que surgiu da inquietação de estudantes que desejavam mais oportunidades práticas dentro da universidade, hoje é referência em articulação e mobilização dentro e fora do ambiente acadêmico. Palestras, debates, exposições e rodadas de conversa marcaram os dois dias de programação, que também teve como parceiro o Ministério Público do Pará (MPPA), por meio da promotora Alexssandra Mardegan. “Este é um espaço que vai além do debate acadêmico, sendo uma plataforma de articulação de redes, de capacitação e de construção de soluções integradas, inclusivas e sustentáveis para os desafios do campo”, destaca a promotora.
Leia mais:Em sua palestra, a representante do MPPA abordou o papel fundamental da Justiça Agrária e das políticas públicas no fortalecimento da agricultura familiar, especialmente na Amazônia. “A agricultura familiar representa 77% dos estabelecimentos agropecuários no Brasil e é essencial para a segurança alimentar, geração de emprego e preservação ambiental. Na Amazônia, ela alia produção com conservação, utilizando práticas como sistemas agroflorestais e manejo sustentável”, disse ela aos presentes.

Apresentamos também a atuação do Ministério Público por meio do Programa Raízes Sustentáveis, que transforma escuta, presença institucional e articulação em ações concretas, promovendo inclusão produtiva, restauração de áreas degradadas e geração de renda.
À nossa equipe, Wenderson Faleiro, um dos diretores do Agropec, celebrou o crescimento do projeto. “Queremos, justamente, trazer a comunidade de produtores para dentro da faculdade. Isso gera oportunidades para os alunos de ciências agrícolas, algo que há muito tempo não existia na universidade”, diz o diretor.

OUVINDO QUEM ENTENDE
Presente e palestrante no segundo dia do evento, Eugênio Alegretti, diretor comercial do Grupo Revemar, trouxe reflexões sobre o futuro do agro no Pará. Ele ainda enfatizou a importância da troca de experiências. “É uma satisfação muito grande construir uma ponte entre a academia e o mercado. É um prazer compartilhar o que está acontecendo no agro paraense”, afirma.

Eugênio também apresentou os principais eixos da sua palestra. “Três temas impactam significativamente o mercado e a produção do estado: a questão industrial, os grandes projetos industriais que vão impactar esse mercado, a questão logística, e as grandes aquisições dos grandes grupos, os negócios imobiliários que estão acontecendo no estado e que também vão catalisar essa produção agrícola”, explica.
O evento também contou com a presença de discentes e docentes de outros municípios, como o professor Salim Jacaúna, da Faculdade de Agronomia da Universidade Federal do Pará (UFPA), campus Altamira. Ao CORREIO, ele elogiou a iniciativa. “O Pará, hoje, está entre as dez maiores potências do agronegócio brasileiro. Poder trazer os estudantes para compartilhar, participar, ouvir e aprender a respeito das novas tecnologias que estão sendo empregadas no setor agropecuário é muito relevante”, pontua.

APRENDIZADO E NETWORKING
Quem também compartilhou da experiência foi Jackcia Moraes. Cursando o terceiro período em Agronomia, a jovem enxerga no evento uma oportunidade de networking. “Precisamos estar conectados com quem está no ramo. A gente conhece coisas novas, é fundamental”, diz.
Como a estudante, Kaullany Carton, que atua no setor de marketing do evento, também enfatizou a importância da conexão proporcionada pelo Agropec. Para ela, o evento possibilita a construção de um profissional que conhece um pouco de todas as áreas. “Sempre buscamos trazer diversas áreas para contemplar todas as ciências agrárias, não só a Agronomia.”
Uma das fundadoras do projeto, Ana Rute Melo compartilhou a origem da ideia e a construção do projeto. “Quando cheguei à Unifesspa, senti essa necessidade de criar conexões, networking, porque os colegas não tinham. Estou no mercado há mais de 20 anos. Foi a partir disso que pensamos em algo para trazer essa presença dos produtores rurais aqui dentro”, compartilha.

Ela destaca que o projeto, atualmente, é formado por 40 alunos e reforça a finalidade da iniciativa na universidade: criar oportunidades para os colegas da classe acadêmica.
Com a força dos estudantes e dos parceiros, o projeto se firma como um espaço estratégico para o crescimento do agronegócio na região, conectando juventude, inovação e produção de forma colaborativa e transformadora.
(Milla Andrade)